Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

20 janeiro 2015


Definitivamente preciso dum gajo, acabei de ficar sem modem ou o raio, achei que era o transformador, lá fui tentar enganar o bicho mas a entrada era diferente. Experimentei um modem antigo ligou as luzinhas todas e tudo, mas net ou televisão nicles... Lá abanei o outro, chamei-lhe uns impropérios, voltei a ligar et voilá... Deu. Estava só armado em parvo. E fiquei a pensar que realmente há coisas para que um gajo faz falta, se bem que estas coisas sempre fui eu mesma a fazer... Mas lembrei-me que tenho uns cortinados para pendurar e do berbequim fujo, penduro quadros, troco fios, faço quase tudo, desde que não meta aquele bicho ao barulho... Tenho medo dele, não lhe pego. Então lembrei-me disto http://maridoaodomicilio.com/... Pode ser que apanhe uma campanha, ou assim, com direito a bónus, sabe-se lá... Pode dar jeito... É que há coisas para que um gajo faz falta, e para pilotar o berbequim e abrir frascos teimosos, fazem alguma falta... Será que também fazem massagens ou só se dedicam a canalizações e Electricidade?... Pois sim, tenho de explorar melhor o site, 'tá visto.
(e arranjar uma foto a condizer com a falta de juízo do post não foi fácil... Há coisas para que não tenho mesmo jeito para procurar... Irra!! Só com ajuda mesmo...)

E hoje já chega de disparates... 
Boa Noite

... Apetece-me voltar aqui.
 Mesmo que aqui não seja este sítio, mas um lugar em mim, que de perdido não se perde. 
Apetece-me sair daqui e voltar ali, aquela paz, aquela paisagem de dentro, aquela companhia metade silêncio, metade letras. Do longe que está perto, do doce que aquece. 
A doçura que parece que me fugiu, que mesmo quando a tento dar se esfuma no ar, 
foge-me sem a chegar a agarrar para dar a quem ma merece.
Às vezes parece que nem me lembro de ter sido doce.
E do que me lembro nunca fui tanto eu.
Tenho de me pirar daqui.
(Só dispenso a tempestade no caminho, vá)
...e comer-te em cima da mesa,
da cadeira e/ou do sofá, o que calhar se se conseguir passar do hall entrada... 
e dar tempo de poisar os sacos.
(isto é que é programa, hein?? 
e pode-se alterar a ordem dos factores que o resultado resulta sempre...
até dava gosto ir a correr para casa... um dia destes apanho-me a ir a correr para casa assim... nunca se sabe, temos de ser optimistas, dizem-me...
e agora vou a correr, vou, mas só porque é tarde mesmo.)
ehehehhehe
Hoje apeteceu-me a varanda outra vez, mesmo com frio, enrolada na manta esburacada. O balanço do dia, o peso dos pensamentos que me correram no dia. Uma coisa boa, uma notícia que acalenta e me deu alguma esperança, e um funeral que me trouxe memórias de infância. Uma velhota que nunca foi nova aos meus olhos, que me faz recordar os brioches quentes para pequeno almoço, aquecidos no forno, dentro duma caixa de metal dourado com desenhos a cores. O açúcar por cima, meio derretido, o doce que aquece a boca e me faz um sorriso antigo. Ainda hoje. A sala era grande, as portas da varanda corrida enormes para o tamanho dos meus olhos. Lá fora, em baixo, o pátio onde corríamos e saltávamos. A casa do caseiro mais abaixo, onde uma vez um cão preso numa corrente me rasgou a roupa quase nova. Tinham-me avisado, eu achava que ele ia perceber que eu ia fazer-lhe festas para se esquecer da corrente. Achei mal... Os dentes não chegaram à carne, e eu não cheguei a ter medo, acho que percebi no fim que tinha mais medo de mim que eu dele. E agora que penso nisso talvez fosse uma lição para a vida que nunca aprendi... Quem tem medo é que ataca e morde. E o cão teve mais medo de mim que eu dele, mas quem ficou sem roupa nova fui eu, e ele deve ter continuado com o medo dele. Também me lembro do quarto com várias camas onde dormíamos, com soalho de tábuas largas corridas, e umas janelas antigas que sobem para abrir, e se sustentam num trinco. Janela aberta que alguém achou por bem fechar, um ano mais nova que eu, ficou com a mão entalada debaixo do peso da janela que não conseguiu segurar. Aquele ano a mais deu-me para achar que tinha de a salvar, e não vou de modas, consigo levantar a janela o suficiente para a mão dela se soltar e trocar pela minha, pela minha falta de inteligência... A janela era pesada, disso lembro-me e de lhe pedir para ir chamar alguém de juízo, enquanto a miúda chorava... Lembro-me de depois toda a gente me gabar o não chorar, e o ter tirado a outra mão mais pequenina de debaixo da janela... E hoje dei por mim a pensar que, se calhar, esta coisa de não chorar onde os outros vêem já é coisa do tempo das janelas antigas... e de me entalar também.
Cá fora, logo à porta de casa, havia um castanheiro enorme a dar as boas vindas com os ouriços no chão para fazer asneiras, depois um corredor enorme de mata a cheirar a eucalipto. Se fechar os olhos acho que ainda consigo cheirar aquele corredor, com um tanque a fazer de piscina de meninas a meio. No fim do caminho o começo duma vista deslumbrante, o Douro mesmo aos pés, um miradouro que adorava revisitar. E os brioches também. Doces, quentes.
Ao tempo que não me lembrava de nada disto, e de estar a jogar ao jogo das palavras, nós as duas e um tio, e era a minha vez, animais começados pela letra "L" e, já com umas rodadas de animais contadas, estava difícil. Alguém apareceu, e o comentário do meu tio para o senhor intruso foi "o que ele quer são lulas"... E eu safei-me. Dessa vez. Ele safou-me, também dessa vez.
(e está frio, está, sou uma doida, pois sim)

Boa noite.