Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

10 julho 2013



"Dizem que o tempo do pleno verão já se anuncia, é possível. Não sei. Que as rosas já ali estão, no fundo do parque. Que às vezes não são vistas por ninguém durante o tempo da sua vida e que ficam assim ali no seu perfume esquartejadas durante alguns dias e que depois se deixam cair. Nunca vistas por esta mulher solitária que esquece. Nunca vistas por mim, morrem.

Estou num amor entre viver e morrer. É através desta ausência do teu sentimento que reencontro a tua qualidade, essa, precisamente, de me agradares. Penso que apenas me interessa que a vida não te deixe, outra coisa não, o desenvolvimento da tua vida deixa-me indiferente, não pode ensinar-me nada sobre ti, só pode tornar-me a morte mais próxima, mais admissível, sim, desejável. É assim que permaneces face a mim, na doçura, numa provocação constante, inocente, impenetrável.

E tu não sabes."

Marguerite Duras


[há rosas que nunca são vistas em toda a sua vida, e há rosas que são vistas mas que se finge que não se viram. Olha-se para o lado e continua-se a vida como se não houvesse rosas, como se não as cheirássemos mesmo quando lhes viramos a cara.]

2 comentários:

B disse...

Esta imagem é...do caraças!!

Eva disse...

Pois, foi o que pensei quando me deparei com ela... ele fica sem a parte dela nele, ela fica com um buraco no sítio do coração. Os dois juntos não se distinguiriam, de tão completos...