Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

22 julho 2013


Tu tens um medo:
Acabar.

Não vês que acabas todo o dia.
Que morres no amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.



Que te renovas todo o dia.
No amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.



Que és sempre outro.
Que és sempre o mesmo.

Que morrerás por idades imensas.
Até não teres medo de morrer.

E então serás eterno.
Cecília Meireles 


[A eternidade, em cada um, sente-se quando se deixa de ter medo do tempo:  quando não tivermos medo de acabar, de nos morrermos, renascemos. Quando não tivermos medo do depois ele chega. O amanhã chega sempre, porque este dia morre e nasce outro, temos de tentar que um qualquer amanhã seja o nosso depois, para renascer. Ou continuaremos a morrer na mesma, todos os dias, sem saber, e sem nada de novo nascer.]


2 comentários:

Anónimo disse...

Boa tarde Eva.. e talvez a morte não seja o medo de todos.

Beijinhos cheio de ternura.

;)

Eva disse...

Há muitas mortes, muitos tipos de fim. A perspectivas de fim trazem normalmente incertezas que se receiam.