Eva me chamaste
Fizeste das minhas costas o teu piano
Dos teus desenhos as minhas curvas
Da minha boca a tua maçã
Dos meus olhos o teu mar
Do meu mundo os teus braços
(...)
Fizeste das minhas costas o teu piano
Dos teus desenhos as minhas curvas
Da minha boca a tua maçã
Dos meus olhos o teu mar
Do meu mundo os teus braços
(...)
12 julho 2013
Vim fumar o ultimo cigarro à varanda, está frio, sento-me cá dentro, queixo nos joelhos em frente à porta aberta para o ar da noite. Regresso a muitos anos atrás, quando em casa dos meus pais, no meu quarto, noite dentro abria a janela para o fumo do cigarro escondido escapar. Volto a esse tempo por momentos e penso que somos feitos de cicatrizes, somos uma manta retalhada de cicatrizes, umas feitas a sorrir de felicidade, outras de dor que se chorou, algumas que ainda choram baixinho, outras que fazem ainda sorrir. Cicatrizes são prova de que algo foi além da superfície. Penso nisto enquanto vejo o fumo indeciso na sua direcção incerta, e passo os dedos pela cicatriz que deixaste no soalho, mesmo ao pé donde estou sentada. Penso que muitas vezes irei fazer o mesmo gesto, umas vezes a sorrir, outras a chorar por dentro, mas a cicatriz fica para o futuro: no soalho e na alma que se vai costurando no tempo. Hoje não sorrio. Mas a cicatriz permanece, amanha é outro dia, ela está lá para poder olhá-la, para senti-la nos dedos. Para ser real. Ficou marcada, e eu gosto de pensar que é assim, que o nosso mapa é feito do que marca, e que isso nos faz, e nos dá uma direcção que o fumo do cigarro que agora acabo não tem, nem sabe.
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1 comentário:
Boa noite ev@
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