De cada vez que tentaste, eu tentei, a cada vez, o seu oposto. A cada vez perguntava-te para quê, se já sabias todas as respostas de todas as vezes anteriores. De todo o tempo anterior, de toda a vida já vivida e mastigada. Por cada vez que tentaste, eu tentei o seu oposto; também já devia saber, de cada uma de todas essas vezes, as respostas que nunca mudaram. A conclusão sempre igual. E tentámos sempre coisas diferentes. Nunca tentaste o mesmo que eu. Eu já devia saber que se tu tentavas sempre o mesmo, eu nunca mais devia tentar. Nada. Tentar sozinha é repetir-me, e falhar-me consecutivamente, nas tuas tentativas do meu oposto.
E o resultado é sempre o mesmo.
Eu sempre lutei pelo que tu desprezas, a cada vez, lutando pelo seu contrário.
Eu nunca fui hipótese, fui apenas a alternativa de cada vez que as tuas tentativas falharam.
Tu foste sempre a minha única hipótese - sem alternativa.
E este resultado, esta conclusão, sempre a mesma. E eu a dizer-te que percebas que não vale a pena tentar mais, não é lavagem ao cérebro, é que todas as conclusões já se conhecem... e nisto pareço esquecer-me que a minha conclusão também não muda. Não passo de alternativa foleira às tuas sérias tentativas falhadas.
Eu sempre tentei tudo onde tu não tentaste nada, mas voltaste sempre para te recuperares de ti, para te refazeres da vida, para retemperares as forças esgotadas pelas tuas escolhas mal escolhidas, para te gostarem e tu te gostares, para te limpares da vida que te inquina a alma, para viver longe da sombra da sobrevivência, como dizias, a que sempre escolhes voltar.
Mas é sempre a mim que regressas para nunca chegares.
A tua conclusão é sempre a mesma. A minha também.
Para ficar é preciso gostar.
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