Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

29 maio 2014


Sou a que a amo pior. Todos a amam melhor do que eu. Quis e gosto que seja tão querida de todos, que haja felicidade distribuída nisso. Toda a gente só quer ser amada e ter alguém a quem dar amor. Digo isto, e lembro-me do meu irmão e da paixão recíproca que tão bem lhes vejo e entendo. Tenho pena de não saber fazer melhor, amar melhor. Tenho pena de não ser como ela gostaria que eu fosse- mas não sou, e nao me posso fazer quem não  sou, nao sei fazer isso. Nem quero, se o fizesse nao seria de mim que gostaria. Só posso ser eu. Prefiro que me goste só o que puder, o que conseguir, mas que esse bocadinho por pequeno que possa ser, seja genuíno e realmente meu, de mim. Tenho pena que não me ame como vejo que pode e sabe amar. Tenho pena, mas entendo, entendo sempre quem não me consegue amar. Há mais razões para isso do que o seu contrário, e eu tenho de entender e aceitar. E aceito, aqui, agora, sempre. E oiço a sua respiração de sono feliz, onde também não entro, enquanto choro sem sentir as lágrimas que me caem. A culpa de não ser amada é minha, há razões de sobra, e eu entendo. Poucas há para, também aqui, também ela, em havendo escolha, eu nao seja a melhor escolha. Eu faria o mesmo, mas mesmo assim, incrivelmente, e ainda que de olhos inchados de vazio, gosto de mim assim, porque não sou doutra maneira nem posso ser, e alguém tinha de gostar. E eu gosto, só tenho pena que não haja mais a gostar. Mas entendo.

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