A doçura que se sente, é a doçura que se dá ou a doçura que se recebe? Estava aqui a pensar... É que entregar a doçura que se tem, e quer dar, a quem não a sinta é uma doçura estéril, não vai a lugar nenhum, não sai de nós por não encontrar poiso em que se sinta em casa para crescer. Recebê-la sem ter vontade, não aquece e não adoça; ou nem se sente ou amarga-nos pela vontade de rejeitar uma doçura que não nos é doce, que quase nos fere e nos faz fugir. Tantas vezes de nós mesmos, porque percebemos que não conseguimos escolher que doçura querer, o que sentir ou a quem dar. Não se escolhe a quem se dá porque não escolhemos s quem nos damos. Na verdade, se calhar, não nos damos, roubam-nos, e tornam-se o nosso poiso, a nossa casa, a nossa doçura. Que afinal é tão pouco nossa... A doçura só é doce se o é nos dois extremos dum beijo em que se tocam. Como a ternura, como o carinho, como o mimo, como o desejo, como o Amor.
O chocolate só é doce na minha boca, sinto-o doce. Senão é só um chocolate e é só a minha boca uma boca.
(e agora vou fechar a luz ao telemóvel e fumar o último cigarro na minha varanda e rezar para que não amargue a doçura que me descobri, mas que na verdade nunca foi minha... só é nosso o que controlamos, o que pomos e dispomos conforme a nossa vontade ou razão. Infelizmente.)
Boa noite
2 comentários:
"...não nos damos, roubam-nos, e tornam-se o nosso poiso, a nossa casa, a nossa doçura." É por estas e por muitas outras, que gosto tanto de vir aqui, ups! e a horas tardias. Mas é isso mesmo, maravilhoso é quando nos roubam (bem, no caso em questão,claro:))e só depois nos damos, sem trancas na porta.
Sim, pode ser maravilhoso, e quando é não nos sabemos devolver quando é preciso... E isso pode não ser muito maravilhoso...
:)
Bom dia Filipa!!
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