Eva me chamaste
Fizeste das minhas costas o teu piano
Dos teus desenhos as minhas curvas
Da minha boca a tua maçã
Dos meus olhos o teu mar
Do meu mundo os teus braços
(...)
Fizeste das minhas costas o teu piano
Dos teus desenhos as minhas curvas
Da minha boca a tua maçã
Dos meus olhos o teu mar
Do meu mundo os teus braços
(...)
16 agosto 2014
Acordo a soluçar, a dizer repetidamente "não esteja assim", "não fique assim", e lembro-me daqueles olhos que olhavam para mim, quase suplicantes sem quererem mostrar-se suplicantes. Lembro-me daquele olhar e de lhe dar a mão e de lhe fazer festinhas, no sonho abraço-o e é assim que acordo a dizer para não estar assim, não ficar assim, mas sente-se o sofrimento por trás da dignidade. Sente-se muito. E abraço-o e penso que o abracei pouco e que chorei pouco e agora faço em sonhos o que devia ter feito, o que queria ter feito, ou não o sonharia tanto. Comigo tudo é lento, até a falta, até o arrumar, até o saber viver assim, o saber viver e pronto. Penso que tenho de abraçar mais a minha mãe, olhar mais nos olhos do meu pai, tentar estar mais perto dos dois. Eu sou lenta mas vou aprendendo à medida que vou chorando. Talvez isso ajude a ser cada vez menos tarde. Há pessoas que já não posso abraçar, só sonhar. Digo isto e penso que é válido para todos os abraços que se querem, mais vale abraçar quem posso ainda e agora, e esvaziar os sonhos que andam sempre atrasados. Os meus pelo menos, deve ser genético, até os meus sonhos são atrasados...
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