"O que os amantes fazem é gostar um do outro.
Se gosto do teu corpo, quero-te; se gosto dos teus olhos, olho-os; se prezo a tua opinião, peço-ta; se valorizo os teus conselhos, conto-te a minha vida para que mos possas dar; se me agrada a tua companhia, escolho-a; se quero ter coisas em comum contigo, procuro-as; se te quero bem, cuido-te; se quero os teus beijos, dou-tos; se me interessas por dentro, ouço-te; se te quero foder, digo-to; se te quero menos cansada, ajudo-te; se me quero menos ocupado, e mais livre para ti, explico-to; se gosto de te ouvir rir, rio contigo; se gosto de te sentir perto, abro-te a porta e chego-me a ti, chego-te a mim.
São estas as coisas que fazem os amantes; e são estas as coisas de que se alimenta o amor – não é só de viagens nem de jantares, de corpos magros, de prendas caras ou de vontades feitas.
O que os amantes fazem são estas coisas parvas do dia a dia, e é preferirem-se um ao outro para estas coisas."
Mas este não dá para resistir... coisas parvas, estas coisas parvas de se preferirem um ao outro para rir, para fazer rir, para se encostarem um ao outro, para conversarem, para pensarem em conjunto de tudo o que é a vida e do que devia ser e do que não queremos que seja, para se cuidarem por dentro e por fora - e às vezes cuidar por dentro é agarrar por fora. Querer por dentro é colar por fora. É uma coisa parva de encostar a pele do avesso, de dentro para fora, numa gargalhada, num abraço ou num beijo que às vezes só se sonha.
É preferirem-se, sempre. Escolherem-se todos os dias para as coisas parvas, e para as outras também. Escolherem escolherem-se.
Escolherem-se.
Sou terrívelmente parva, o que me faz lembrar do título dum livro que transcrevi muito aqui no tasco: O Amor é para os parvos.
Boa Noite
Boa Noite
1 comentário:
Uma gargalhada, um abraço e um beijo.
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