Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

12 setembro 2014


"Parece estranho que alguém possa ter medo de ser feliz, que queira mudar sua vida em busca do novo, queira sucesso e alegria, mas só consiga fracasso e frustração nessa busca. Inconscientemente temos outro "eu" que não quer esse nosso sucesso. E assim, nós mesmos nos boicotamos sem saber.

São condicionamentos nossos que nos acompanham pela vida, fruto de nossa educação, do medo de fazermos algo que não é o que esperam de nós. E esses condicionamentos podem ser uma pesada herança emocional que carregamos e que nos impede de gozar a vida plenamente.

Ao buscarmos felicidade e satisfação de nossos desejos, entramos em um conflito sem nem mesmo imaginarmos que ele exista, muito menos o porquê. E criamos um verdadeiro monólogo interno que questiona nossas mudanças... "E se eu gostar? E se eu for feliz? E se der certo? Que medo!"

Em nossa zona de conforto, sentimo-nos seguros. Está tudo certo. Nossas vidas estão tranquilas, em ordem, estamos sem problemas. Mudanças trazem consigo riscos. E isso tudo nos causa angústia e ansiedade.

E se não conseguirmos vencer esse embate inconsciente, no sentido de satisfazer nossos desejos, podemos fazer com que esse medo nos paralise.

Viver é correr riscos, assumir responsabilidades e ter consciência de que não temos o controle sobre nossa vida - o que é a grande angústia do ser humano.

Todos nós temos nas mãos todas as condições para aproveitar a vida ao máximo, mas talvez prefiramos não fazê-lo, por uma espécie de medo de ser feliz. Freud já falava sobre isso, em 1916, em um artigo intitulado "Os que fracassam ao triunfar". Uma parte de nós quer mudar, quer satisfazer desejos, quer ser feliz; outra quer manter-se segura como está.

O que precisamos é descobrir esse conflito interno para modificar nossas atitudes. Somos seres com a tendência a repetir, confirmar e concretizar todas as crenças que adquirimos em família, sem questionarmos se fazer exatamente o que nossos pais e avós também fizeram é o que queremos para nós.

Vamos buscando os mesmos modelos de vida, buscando os mesmos tipos de relacionamentos por acharmos que são os certos para nós. E caímos em nossas próprias armadilhas. Não fazemos o que realmente desejamos por sentirmos culpa ou medo de certo tipo de rejeição.

Quanto antes tivermos consciência disso, maiores as possibilidades de mudar nosso rumo, assumindo o que queremos para nós, indo em busca do que nosso "eu" realmente quer para si.

Vivemos num mundo em que se dá valor a determinados "modelos" de felicidade que vemos ao nosso redor e, muitas vezes, desejamos uma tal felicidade que não é a que temos e que não está em nós.

Buscamos ser interessantes, ricos, bonitos e inteligentes como outros - um modelo que enxergamos - e esquecemos quem realmente somos e todas as nossas possibilidades.

Portanto, repensar nossas próprias posturas pode nos ajudar a interromper esse verdadeiro ciclo de autossabotagem, pois felicidade é ter coragem de viver sem medo e sem culpa."


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