Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

09 março 2015


"Treme. Podes tremer. Desculpa se te fiz ter frio, mas podes tremer. Porque sabes que o meu corpo é quente. Porque sabes que as minhas mãos te aquecem, sabes que alcançarei o que houver, onde houver, para te cobrir, para te tapar, para te dar conforto, agarrar-te-ei, abraçar-te-ei com força para não tremeres mais ou então para tremermos os dois, para dividirmos e custar menos, até estarmos de novo quentes, prontos para mais, prontos para outra, para partilhar, sem achar que isso é lá contigo e eu satisfeito me afasto enquanto tu tremes a um canto como se nada disso me tocasse. Podes tremer, desculpa se te causei frio vezes demais, mas foram vezes a menos, e em todas elas o teu frio foi o meu, e nunca tremeste sozinha."


Nem de propósito, sobre o frio que não é sobre o frio, mas sobre não haver frio de quem se quer bem em que não se alcance o que houver para aquecer, ou para tremer junto. Não, não é sobre o frio, é sobre partilhar, e estar presente, é querer bem, e querer ver bem, seja o frio culpa nossa ou não, podendo aquecer ou não, é não achar que há coisas que "são lá contigo", é estar e ser de alguém com alguém. É ninguém ter frio sozinho. E isso ser quente, mesmo no frio. Ou apesar do frio.

(talvez eu não esteja tão errada em tanta coisa, há mais quem veja o que eu vejo, quem pensa como acho que se deve pensar, quem sente com o que vê e pensa)

Boa Noite

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