Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

23 maio 2015

"Francamente, não sei se creio em Deus. Às vezes imagino que, caso Deus exista, esta dúvida não deveria desagradar-lhe. Na realidade, os elementos que ele (ou Ele?) mesmo nos deu (raciocínio, sensibilidade, intuição) não são absolutamente suficientes para garantirmos a sua existência ou inexistência. Graças a um pressentimento, posso acreditar em Deus e acertar. E daí? Talvez Deus tenha o rosto de um croupier e eu apenas um pobre diabo que joga no vermelho quando sai o preto e vice-versa."

Mario Benedetti, in A Trégua

Touché. 
Há gente assim eu identifico-me com esta roleta e resultados. Mas há quem nem isso faça. Com as fichas que a todos distribuem à entrada e nos confere o nosso saldo de resultados não jogam, deixam outros jogar com as suas fichas, ainda que o resultado lhe seja imprimido nas suas próprias contas, na própria pele. Por incrível e estúpido que possa parecer é o mais cómodo, assim se o resultado for bom o lucro reverte para o próprio, se a aposta for errada o prejuízo ainda que seja anotado na nossa conta não foi culpa nossa, a responsabilidade da escolha foi de outros, e eles apostaram mal... E assim protegem-se ao extremo, dos seus próprios medos e assumir de responsabilidades, evitando lidar e confrontar-se com o resultado das suas escolhas. Assumem as consequências, mas estão inocentes da culpa de apostar mal. 

Sem comentários: