... o pior é que é verdade...
depois de a alma sofrer tantos desvarios e apunhaladas,
é difícil acreditar que mantém a mesma essência, a mesma alma, apenas com mais medo, com mais defesas. Qualquer flor parece um punhal, um espinho gigante à espera da nossa pele para se alojar.
Mas acho que as pessoas de alma grande, (como alguém um dia me chamou lembro-me agora por me sair esta expressão), mesmo com a centrifugação acelerada da vida, das mentiras que nos torcem e distorcem, das dores que nos encolhem, dos medos que nos paralisam, das coisas que nos fazem ferver e gelar, da proximidade a que nos deixamos estar e entregar, oferecendo conscientemente a possibilidade do punhal a quem achamos que nunca nos faria mal - essas almas, acredito que por muito que sofram, e passem, e a vida não lhes corra como gostariam, não conseguem encolher a alma, encarquilhar definitivamente o olhar, tornarem-se rasteiras, baixas e mesquinhas, cruéis ou mentirosas. Não conseguem, e não é que às vezes as ideias não lhes atravessem o pensamento, mas simplesmente, depois, não se sabe porquê, não se consegue passar do pensamento.
A essência é uma coisa que por muito que passe não passa.
Para o bem e para o mal.
O que acontece é que só se vê a diferença quando nos apunhalam, enquanto só nos dão flores nada se demonstra.
E quando só nos dão facadas há tempo demais, já nem nos lembramos de como era sentir as flores dentro do olhar quente de quem nos queria dar flores, mesmo que não desse.
Já não me lembro, quero recuperar essa memória com verbos no presente.
Pode demorar tempo, demorará, eu sei, mas um dia.... um dia, quem sabe.
Bom Dia
2 comentários:
Querida Eva,
Uma flor para si. A sua preferida.
Outro Ente.
Outro Ente, um cavalheiro, como outra coisa não seria de esperar.
Obrigada. :)
(tenho dificuldade em eleger "a preferida" no que quer que seja, mas gosto muito de margaridas, e não têm espinhos...)
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