... Ela aproximou-se dele, meio distraída, para lhe entregar o que ele tinha pedido, num gesto da rotina dos dias, ele agarrou no que não precisava pedir. Como o primeiro beijo que lhe roubou, não pediu e ainda bem, porque ela ainda não sabia que (e quanto) o queria. Não é possível pedir a alguém que se entregue, nem a alguém que agarre sem pedir e com vontade. Há coisas que não se pedem, ou se querem mutuamente, na espontaneidade do momento, ou não é pedir que as faz existir. Por isso ela gostou que ele não pedisse, que nunca pedisse, e que tivesse agarrado o que queria, porque sentia-se que queria - que a queria, a ela, ali, naquele instante -, naquela altura em que lhe entregava o que tinha pedido, e sempre. E ela entregava-se sempre, e a cada vez, sabendo que tudo estava dito e tudo ficaria por dizer. Até à próxima vez.
Da última, a sobremesa ficou mesmo para o fim, pelo menos a do prato. Doutra o jantar ficou frio, outra ia queimando.
Ninguém reclamou.
Boa Noite
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