Final de dia, a luz a lamber o horizonte devagar, a deixar-se ir,
quente e lânguida, pela escuridão da noite que a abraçará.
Uma mesa de café, uma brisa que refresca, uma companhia que arrepia a espinha e o sorriso malandro. É disso que ainda sinto falta, dessa sintonia, do rir no mesmo tom, do tocar nas mesmas cores, do olhar com o mesmo querer, de ler a mesma música sem haver pauta. Ou parecer.
O que me faz falta, também, é a pele, como que me esqueço que me veste, esqueço-me que existe,
não se arrepia a não ser de frio, não aquece a não ser por fora.
Preciso de alguém que volte a fazer-me sentir,
voltar a vestir a alma na minha pele, anda há demasiado tempo nua e perdida.
A alma precisa de pele e a pele precisa sentir a alma.
Ainda não sei dividir-me e ainda me falto inteira.
E faltam-me fins de tarde assim.
E começos de dia.
E noites.
Inteiras.
Inteiros.
Bom Dia
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