Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

02 junho 2015

[foto @inglelandi]

Há dias mais tristes que outros. Hoje o dia nasceu-me triste, muito. Se quisesse explicar porquê não encontro palavras onde estender a tristeza, não a sei dizer. Como em tanta coisa, só a sei sentir... ou não, nem isso sei, só a sinto - do saber, aqui, nada me chega. Vim o caminho, de manhã, a parir lágrimas pelos olhos. Não, não era chorar, aquele chorar inteiro, que soluça, que limpa, que nos verte o peso de dentro - era apenas isso um parir lágrimas. Não,  não eram lágrimas que caíam como cai algo que deixamos escapar das mãos descuidadas, quase sem sentir,  não, era um deixá-las sair a custo, a ferros, em que os olhos parecem querer rebentar, e só quando rebentam, as deixam sair, rolar pela pele, que não estremece, que não soluça, que não treme, a não ser por dentro e sem saber porquê. Sabendo que razões não me faltam: tenho saudades de todas as espécies, faltas de todos os feitios, cansaços de todas as ordens. Também ainda agarro com unhas e dentes o bem que me sabem as pequenas coisas, e as grandes pessoas que ainda me restam, mas há dias mais tristes que outros. Viagens piores que outras, pode ser que a de fim de dia faça nascer uma noite melhor.]

2 comentários:

Anónimo disse...

Há dias assim. Amanhã será melhor!

Beijos

Eva disse...

Olá desaparecido! :)
...espero que sim, que amanhã seja um dia muito melhor.
Beijinho