- Achas que ele casou mas não gosta dela?
- Ele gostar, gostou realmente duma pessoa, por essa realmente ele correu atrás, depois não deu certo, ela não sentia o mesmo. Mas não digo que não goste da pessoa com quem casou, eles dão-se bem, queriam os dois casar e ter filhos... querem as mesmas coisas, ou coisas parecidas.
- Sabes, acho que a partir do momento em que gostas a sério de alguém, em que achas que encontraste "aquela pessoa", qualquer outra serve perfeitamente. É como se a partir daí todas fossem igualmente erradas, nenhuma é a que elegeste como "a certa", o que as faz todas igualmente certas. Estão todas feridas da mesma falha, nenhuma será "aquela pessoa". Por isso, no fundo, qualquer uma é certa.
- Acho que é mesmo isso. De certa forma, depois, qualquer uma, ou quase, nos contenta, por sabermos que nenhuma nos fará feliz. Escolhe-se alguém com objectivos comuns e vive-se com isso.
- Pois... Vive-se com isso. Não sei se consigo "isso" para viver...
[Tive esta conversa há uns dias e agora, aqui, lembrei-me disso: como a partir de certa altura é tudo um bocado indiferente. Como os dias, talvez. Antes de esbarrarmos com certas coisas achamos que podemos escolher melhor ou pior, pensamos que há escolhas mais acertadas que outras para a pessoa certa para nós, racionalizamos. Depois percebemos que só se pode escolher mais acertadamente ou menos a pessoa que nunca será a certa, porque essa, infelizmente não se escolhe, sente-se.]
10 comentários:
Querida Eva,
Este é um tipo de "argumentos" que me revolve as entranhas e me deixa mal disposto. Sinto tão diferentemente que nem tenho vontade de esgrimir. Voto não. Posso?
Um beijo,
Outro Ente.
Querido Outro Ente,
Claro que pode votar não (até está muito em voga ;) ), mas já agora a qual parte, quais são os argumentos a que vota não ( só para ver se são os mesmos que os meus...)?
E não me negue um pouquinho de esgrima, sim?
Na verdade, os seis. Acomodar, comodismo, conformismo. Renego todos os argumentos que desculpem a aceitação das segundas opções. - Neste contexto, bem entendido. -
Aceitar que não seremos felizes. Estar com quem não somos plenos. Ombrear com quem não preenchemos. Todos os dias. Conscientemente. Até se esvanecer a consciência e ficar a conveniência.
Sim, concordo com o votar não ao comodismo, conformismo, conveniência, daí ter dito que não sei se consigo viver nesses termos. A parte da consciência só se põe depois de se ter conhecido a plenitude, até aí vive-se na crença de que estamos bem, provavelmente não haverá mais do que aquilo para viver. Depois de se viver com alguém o que se sente como plenitude, depois de abrir os olhos ao que pode ser amar realmente alguém e sentir-se feliz com isso, é que haverá segundas opções. As razões para isso poderão ser muitas, vejo no que me rodeia, argumentos de várias ordens, desde familiares, a financeiros, até ao simples comodismo, cobardia, aversão e medo a mudanças é incertezas, sei lá. Mas há ainda aqueles que desacreditam, depois de conhecerem essa realidade simplesmente não acreditam que possa voltar a acontecer, e então é aí que se desiste, e tudo é uma segunda opção - qualquer um(a) será segunda opção ( mesmo que até tenha sido a primeira, o não mudar, não arriscar, depois de se ter aberto os olhos). É aceitar que não voltaremos a ser felizes assim, entao, aí escolhemos os sapatos mais confortáveis, onde nos sentimos melhor. Eu, por muito que lute contra isso, tenho dias em que acredito que é o que me espera... Desistir, não acreditar, aceitar que a felicidade é uma ilusão.
A felicidade não é uma constante. É um conjunto de momentos. Nem por isso se torna uma impossibilidade. Aliás, experienciar a felicidade com alguém só prova a sua possibilidade. É não desistir. Do eu e dos outros. Sob pena desse eu se perder em vão. E é acreditar que somos a essência da felicidade de outrem. Aceitar que essa felicidade não é uma repetição. Pode ser mais. Mais-que-tudo...
Essa questão da felicidade, para mim, não é linear. Não estamos felizes constantemente, temos momentos em que estamos felizes, concordo. Estar feliz é uma coisa, ser feliz, parece-me outra, ou seja, temos momentos maus, difíceis, mágoas, dores contrariedades, mas faz parte da vida, duma vida em que podemos ser felizes. As fases menos boas são inevitaveis, o ser feliz é o balanço global do que vivemos, dos momentos felizes e de como nos sentimos nos restantes, de quem temos ao lado que nos ampare, dê colo, apoio, ternura, amizade nos momentos maus e exigentes. Podemos estar à passar um mau momento, em que não estamos felizes, mas sermos felizes porque estamos o melhor que se pode estar num momento mau, sabemos que temos à volta quem nos torna tudo melhor, mais suportável.
É sim, viver essa plenitude nesses momentos felizes, prova à sua possibilidade, mas não prova a possibilidade da sua repetição, parece-me até que faz parte desconfiar da sua repetição, pela intensidade com que nos imprimiram nos dias, quanto mais de que possa haver, ser mais, mais do que o tudo completo que achámos encontrar.
Basicamente, talvez se resuma a uma questão de fé... E muito haveria a dizer acerca da fé...
Quanto a mim, eu tendo a ser céptica.
Eu sou crente. Quero confiar, mesmo quando desconfio. Dir-lhe-ia que é possível. Mas, nestas coisas, "cada um sabe de si". Desejo-lhe uma noite feliz.
Se for possível, estou crente que acontecerá ;)
Boa noite, Outro Ente
Tudo isso me faz sentido, só não sei se conseguiria viver com isso. Confortavelmente acomodada ao 'tem que ser da vida' porque poderá não haver melhor. Continuo com fé!
Eu fé já não tenho muita... Mas quando eu vir (se vir) acredito.
;)
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