Dizes que nada dura a vida inteira, que as coisas mudam, que as pessoas mudam, que tudo muda, e reconheço-o, tudo muda. Mudam as estações do ano que se repetem, muda o dia para a noite, muda a vida que tantas vezes nos emudece, mas que sempre continua a cada dia, depois de cada noite.
Nem sempre mudar é deitar fora o que mudámos, é apenas aconchegá-lo de maneira diferente. Esta maçã que me deste com o nome, emudeceu-me pela tentação de viver, e eu mudei, mas sou eu. Tu destapaste a Eva em mim, pela tentação de ser eu, apenas eu, um eu que não via mas que tu viste. Mudei-me e continuei-me eu, contigo em mim.
As pessoas mudam, os sentimentos alteram-se, transformam-se, desenvolvem-se noutros, crescem, mas nunca esquecem a infância que os viu nascer, ficam sempre em nós se houver vontade de os manter, se se continuar a achar que vale a pena, doutra maneira deixamo-los morrer.
A paixão deixa de morder da mesma maneira, deixa de queimar, mas aquece e muito, os dias, as noites, leva vazios e traz sons, troca memórias por sorrisos, e vontade de estar em vontade de continuar. Sempre. Continuar a mudar momentos em sorrisos, paixão que não acaba em cada dia que começa. De maneira diferente.
Há coisas que duram uma vida inteira. Na minha, eu. Tu em mim. As pessoas que gostámos, em nós. Mudas, eu mudo, mas pode-se ir mudando de mãos dadas num só olhar, ou apenas mudar, mas sem nunca conseguir mudar a mudança que nos mudou já, e que dura uma vida inteira.
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