Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

26 maio 2013



Algum dia eu haveria de entrar na normalidade dos que te amam. Amo-te. E dói escrevê-lo (que é pior, meu amor, do que dizê-lo). Amo-te absoluta, impossível e fatalmente. E ouço, adolescente, uma música adolescente, para me lembrar de ti, porque lembrar-me de ti é lembrar-me que não consigo esquecer-te. E ouço música porque ouvimos música quando amamos, e tudo, no amor é música, acústica da alma que quer ser devorada, e, neste caso, dor (tão deliciosamente insuportável) de amar sem sequência nem expectativa de contrapartida, amar unicamente o puro objecto que desgraçadamente amamos. Isto é uma carta de amor, e é possivelmente ridícula (prova maior de que é, realmente, uma carta de amor), ou porque perdi o hábito de as escrever, ou porque nunca tive a coragem de as enviar.


(...)

E não, esta carta não pode ter sido escrita por mim. És tu – em mim – que me faz escrever o que eu não escrevo. E isso é – de novo – o melhor de mim.

António Mega Ferreira


[sim, amamos sempre o melhor de nós, e o melhor de nós nunca nos habita, mas sempre num outro que nos traz sem saber, a nossa melhor metade, que amamos porque faz de nós o melhor que podemos ser - felizes. a única coisas que interessa. ]

7 comentários:

Anónimo disse...

Uns escrevem outros afogam-se na única coisa que sabem fazer

Anónimo disse...

Meia dúzia de biscoitos, muitas memórias e uns kms para remoer

Eva disse...

Kms??? memórias?? essa não atingi...

Anónimo disse...

Para estar so

Eva disse...

Estar só faz bem, pouca gente o procura, espero que se encontre.
beijo, tts

Anónimo disse...

Tts = todos os tolos sofrem?

Eva disse...

eheheh
os tolos são os que sofrem, sim
mas não, não é.
são saudades, tantas que tenho.
mas não quero importunar a solidão procurada.