Algum dia eu haveria de entrar na normalidade dos que te amam. Amo-te. E dói escrevê-lo (que é pior, meu amor, do que dizê-lo). Amo-te absoluta, impossível e fatalmente. E ouço, adolescente, uma música adolescente, para me lembrar de ti, porque lembrar-me de ti é lembrar-me que não consigo esquecer-te. E ouço música porque ouvimos música quando amamos, e tudo, no amor é música, acústica da alma que quer ser devorada, e, neste caso, dor (tão deliciosamente insuportável) de amar sem sequência nem expectativa de contrapartida, amar unicamente o puro objecto que desgraçadamente amamos. Isto é uma carta de amor, e é possivelmente ridícula (prova maior de que é, realmente, uma carta de amor), ou porque perdi o hábito de as escrever, ou porque nunca tive a coragem de as enviar.
(...)
E não, esta carta não pode ter sido escrita por mim. És tu – em mim – que me faz escrever o que eu não escrevo. E isso é – de novo – o melhor de mim.
António Mega Ferreira
[sim, amamos sempre o melhor de nós, e o melhor de nós nunca nos habita, mas sempre num outro que nos traz sem saber, a nossa melhor metade, que amamos porque faz de nós o melhor que podemos ser - felizes. a única coisas que interessa. ]
7 comentários:
Uns escrevem outros afogam-se na única coisa que sabem fazer
Meia dúzia de biscoitos, muitas memórias e uns kms para remoer
Kms??? memórias?? essa não atingi...
Para estar so
Estar só faz bem, pouca gente o procura, espero que se encontre.
beijo, tts
Tts = todos os tolos sofrem?
eheheh
os tolos são os que sofrem, sim
mas não, não é.
são saudades, tantas que tenho.
mas não quero importunar a solidão procurada.
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