Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

23 março 2014

"Aquele amor sem libertinagem era para ele qualquer coisa de novo, e que, fazendo-o sair dos seus costumes fáceis, lisonjeava ao mesmo tempo o seu orgulho e a sua sensualidade. A exaltação de Ema, que o seu bom senso burguês desdenhava, parecia-lhe, no íntimo, encantadora, pois se dirigia à sua pessoa. Então, certo de ser amado, deixou de se constranger, e insensivelmente as suas maneiras mudaram.
Já não tinha, como outrora, daquelas palavras tão meigas que a faziam chorar, nem daquelas veementes caricias que a enlouqueciam; de modo que o grande amor em que vivia mergulhada pareceu diminuir no seu íntimo, como a água dum rio que fosse absorvida pelo próprio leito, e Ema avistou o fundo lodoso. Não queria acreditar; redobrou de ternura; e Rodolfo escondia cada vez menos a sua indiferença."

Gustave Flaubert, in Madame Bovary

2 comentários:

Anónimo disse...

Porque Rodolfo era cego

Eva disse...

Era? O que é que ele não via, ou via mal? Não percebi...