Ao meu lado um lugar vazio - ironias diria eu, se dissesse alguma coisa acerca, mas calo-, a seguir falam em tom do outro lado do atlântico, naquela língua de mel em que tudo parece mais doce, mais suave. O rapaz é novo, não é feio, não gosto das sapatilhas e odeio o toque de telemóvel, mas gosto das mãos. Gosto muito das mãos. E ponho-me a pensar nesta minha fixação por mãos (penso nas tuas sem pensar que penso, lembro sem recordar em consciência) porque será? Porque é o que nos toca a pele? Porque são elas que trabalham? Porque elas às vezes falam? Porque escondem vontades e afectos? porque retraem carinhos, ou porque os mostram escancarados, com pudor ou não? Carinhos cheios de ternura, ou vontades cheias de tesão de nos quererem agarrar por dentro, como se por fora, às vezes - e tantas, tantas vezes - fosse pouco. E as mãos procuram, exploram, agarram, percorrem levemente em vagas de arrepios, beijam-nos às vezes com toques que vão além do tempo e da pele.
As mãos, darmos as mãos, dares-me a mão, receberes-me toda.
As mãos são o segundo olhar.
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