A crueldade chega a exceder o egoísmo próprio de quem nada quer já saber, se magoa, se não magoa. Como se se pudesse apagar tudo, e com isso não se importar com nada, não se importar de magoar, não querer saber se magoa, ou sabendo, não se importar. Já não é só egoísmo de quem quer pensar só em si e na sua vida, e desumanizar-se ao máximo, é nunca gostar de ninguém, nunca respeitar coisa alguma, e não haver sequer problemas de consciência com isso, ou porque não a tem ou nunca a teve, ou porque não se importa. Não se importar de magoar quem já se magoou por tantos anos e nunca foi cruel ou egoísta, mas agora, agora apaga-se tudo com uma borracha e não é nada connosco. Já não há peso de consciência ou culpa, os outros que se danem, só importa o que se quer e o objectivo que se tem, aprenderam tão bem, e com tão bons mestres, a manipular que só importa o fim, os meios, e quem no meio se magoa, nada interessa.
Não tem de haver cuidado, onde nunca houve Amor, afinal.
Isso revela-se enfim, ou haveria cuidado, pelo menos, em não magoar de forma tão cruel e indiferente à dor que se provoca, ou com que se é cúmplice sem qualquer problema e se calhar com algum prazer.
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