... Os jardins. Outra vez. É perto e eu gosto. É fresco e tem céu. Se fugirmos um bocadinho até tem silêncio.
Sentei-me com a sandes e o sumo e comi a ouvir falarem italiano, e dou por mim, mais uma vez, a olhar em volta a observar as pessoas. A italiana é infeliz, estou certa. Dois filhos, um marido a mais metros de distância do que o espaço que separa as cadeiras. Um olhar quase sobranceiro, quase indiferente, para ele. Na relva levanta-se outra mulher com um bebé ao colo deve ter perto de um ano, tem um ar feliz e uma barriga quase com outro bebé ao colo, já não falta muito. Esta é feliz, tem qualquer coisa nos olhos e no sorriso genuíno, na maneira de se mexer? Despretensiosa, à vontade, leve. O respectivo macho perto dela com o carrinho para onde o bebé não quer ir. Colo de mãe não se substitui, dizem. Eu por mim, agora, queria esticar-me na relva ao colo (mas não da minha mãe), a olhar para o céu enquanto discutíamos as formas que as nuvens fazem enquanto correm para algum lado, como fizemos uma vez com sombras na parede da sala. Mas não, vou-me entreter com um gelado de cereja e ficar aqui a olhar para os outros. Ver se alguém noutra mesa se perguntará de mim e da minha (in)felicidade, não faço ideia da ideia que dou. Mesmo. Mas acho que pouca gente, e aqui se calhar ninguém, gosta de observar e analisar as faunas locais como eu. Isso e eu sou transparente. Ninguém me vê mesmo. E eu não sei se sou feliz ou infeliz.
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