"Criámos barreiras contra o optimismo, habituámo-nos a ver os optimistas como líricos, a arrumar tudo o que nos digam na prateleira da auto-ajuda, da charlatanice. O optimismo é um filtro cor de rosa que nos aumenta a importância própria e nos faz criar uma visão selectiva do mundo; é uma pala à frente dos olhos. Se olharmos a vida sem optimismo percebemos que tantas vezes não fazemos diferença nenhuma na vida de ninguém. Que se não existíssemos, não mudava nada.
Todos temos o secreto sonho de ser a pedra angular na vida de alguém; é isso que nos faz sentir importantes, que nos faz achar que a nossa vida tem sentido. É um condicionamento mental, evolucionário talvez, que está na base de porque procuramos relações amorosas, porque desejamos ter filhos. O sentido da vida é ser importante para alguém. E quando olhamos à volta e entendemos que os nossos filhos, os nossos amigos, os nossos amantes, os nossos companheiros, são tão autónomos e bem resolvidos que na verdade não precisam de nós para nada, isto afecta-nos.*
E aí acontece uma de duas coisas: ou nos deprimimos por nos considerar inúteis, ou percebemos que fazemos falta a nós mesmos; que, acima de tudo, sempre fizemos falta a nós mesmos, e que somos imprescindíveis na procura da nossa própria felicidade.
E que mesmo que não consigas ser relevante para ninguém, a última palavra é sempre tua: és relevante para ti próprio, ou a tua vida é apenas uma função da vida dos outros?"
* aprende no entanto uma coisa: é muito diferente “fazer falta” e “ser desejado”, e a única coisa que interessa é a segunda.
[ eu não sou definitivamente optimista, e daquelas duas coisas acontece-me a primeira em tempo quase real: deprimo. eu não faço falta nem a mim mesma, a sério, é triste chegar a esta conclusão, mas hoje é assim que estou.]
2 comentários:
Na verdade os optimistas são é vistos como uns patetas alegres, uns tontos. O optimismo não é um filtro cor de rosa que nos aumenta a importância própria e nos faz criar uma visão selectiva do mundo, não é uma pala à frente dos olhos, é, dizem os cientistas, também uma predisposição e digo eu, correndo todos os riscos de errar, uma opção bem consciente,sabemos todos que a vida é por vezes bem difícil, com muitos cinzentos e pretos, mas que também tem muitas coisas boas e que muitos de nós, somos uns privilegiados, comparados com tanta gente que passa horrores e todo o tipo de privações por esse mundo fora, temos duas opções, ou concentra-mo-nos em tudo o que de mau nos vai acontecendo e passamos boa parte da vida deprimidos, ou então, concentra-mo-nos nas coisas boas e vemos o copo meio cheio, eu por exemplo optei pela segunda, o que faz de mim uma pessoa não muito credível, dada a minha condição de tonta optimista.:)
Eu de facto não sou optimista, embora procure sempre uma razão positiva para os factos passados, quanto mais não seja a da aprendizagem. As coisas tinham de correr assim ou assado para eu perceber isto ou aquilo. Talvez por isso não tenho arrependimentos. E acho o optimismo apenas um olhar para o futuro, há é que distinguir o optimista do irrealista, com o segundo não me dou bem mesmo... Mas tendencialmente acredito sempre que as coisas não correm bem, ou como gostaria, por defesa ou para tentar não me decepcionar muito. Mas também não resulta muito bem porque magoo-me maior partidas vezes e decepciono-me quase sempre. Quando me surpreendo pela positiva aproveito até ao tutano, disso não duvides ;)
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