Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

13 agosto 2014


Eu vou tirar do dicionário
A palavra você
Vou trocá-la em miúdos
Mudar meu vocabulário
e no seu lugar
vou colocar outro absurdo

Eu vou tirar suas impressões digitais
da minha pele
Tirar seu cheiro
dos meus lençóis
O seu rosto do meu gosto
Eu vou tirar você de letra
nem que tenha que inventar
outra gramática

Eu vou tirar você de mim
Assim que descobrir
com quantos “nãos” se faz um sim
Eu vou tirar o sentimento
do meu pensamento
sua imagem e semelhança
Vou parar o movimento
a qualquer momento
Procurar outra lembrança
Eu vou tirar, vou limar de vez sua voz
dos meus ouvidos

Eu vou tirar você e eu de nós
o dito pelo não tido
Eu vou tirar você de letra
nem que tenha que inventar
outra gramática
Eu vou tirar você de mim
Assim que descobrir
com quantos “nãos” se faz um sim

Alice Ruiz

[ahhh eu vou!!...]

5 comentários:

LuaCheia disse...

A Zélia duncan canta esses pensamentos!

Eva disse...

Nunca ouvi, tenho de procurar.
Cruzei-me com o poema e gostei, muito.
A divagar aqui pelo tasco minha linda?

LuaCheia disse...

Eu tenho o cd... Depois empresto.
É...ontem senti desejo de viajar por aqui....
Deve ser da Lua.

LuaCheia disse...

Depois empresto cd.
Na verdade... Ontem senti desejo de viajar por aqui... Deve ser daLua

Eva disse...

Pois, estou aver que sim... mas sabes já pouco resta deste blog, há uns meses apaguei tudo, ficou completamente vazio, como uma casa nova pronta a mobilar. DEpois, aos poucos fui recuperando algumas coisas, alguns posts de que gostava mais, os que eram de livros porque gosto de os reler. Outros que eram poemas... sei lá alguns que fui repondo aos bocadinhos e acrescentando outros, novos. Mas sabes LuaCheia, já não escrevo como dantes, já não sei viver como dantes, agoira parece que me faltam dentes para trincar a vida, faltam-me ganas, falto-me eu. Procuro-me nos sítios onde me deixei, onde estive e fui eu, como neste blog, e já não me sei. É estranho, às vezes leio aqui coisas antigas muitas não publicadas e tenho pena de já não escrever assim, algumas leio-as e até acho estranho que tenha sido eu, porque gosto de me ler e gosto do que leio. Agora não sei onde me fiquei que não me tenho. É estranho.
Tens de me emprestar esse CD, menina. E temos de ir um fim de semana para aquele sítio que me falaste. As duas. dois dias não é muito, vá...