Ontem fiquei até às três da manhã à conversa com um amigo, ele a tentar-me fazer ver que afinal sirvo para alguma coisa, que vale a pena andar por cá, e ia apontado as alturas em que no último ano eu o tinha puxado para cima sempre que se começava a deixar cair... porque lhe dizia que uma coisa que nunca senti foi que tivessem orgulho em mim, e que aceito e até entendo, não tenho nada demais para que sintam orgulho em mim, não fiz nada, não consegui nada, para ser merecedora disso. E enquanto falava com ele lembrava-me dum post que aqui escrevi em que falava nisso, em que dizia que quem ama sente orgulho, mesmo sem grandes razões palpáveis e concretas, apenas porque vê o outro assim... como uma coisa maravilhosa, linda, extraordinária, mesmo que seja a coisinha mais corriqueira do mundo. E era isso que eu, também, e entre outras coisas, gostava de ver no olhar que me olhasse. O que no fundo me deixa alguma esperança. Pode-se ter o maior orgulho na coisa mais corriqueira do mundo, só é extraordinária porque a vemos assim, porque a amamos assim... E então ele continuava, que eu devia perceber que o carácter que tenho, a minha maneira de ser, a maneira de ver as coisas, me deviam deixar orgulhosa, porque era bom e era raro, e etc etc, e que não devia precisar do reconhecimento ou orgulho de ninguém. E por muito que perceba a lógica, não chego lá, nunca cheguei (se calhar nem a mim me chego, não é só não chegar para os outros... lá está, eles têm alguma razão, está visto...até os percebo). E eu dizia: "mas isso não me faz chegar a lado nenhum (nem me faz sentir extraordinária porque me falta aquele olhar que me olha assim como se eu fosse o mundo... mas isto eu não disse, só pensei), atingir nada, ser nada... quanto muito a ter alguns amigos, poucos e verdadeiros, e só." E então perguntei-lhe como me descreveria ele a alguém? e ele respondeu:
" um mundo de contrastes que não se está à espera; por um lado, pernas e património de categoria; por outro uma cabeça que funciona de forma notável; nada que o mundo nos ensine ser fácil de encontrar. assim de raspão, maior qualidade a honestidade; maior defeito ter dificuldade em receber com a mesma naturalidade com que dás, o resto fica para um dos nossos serões "
" um mundo de contrastes que não se está à espera; por um lado, pernas e património de categoria; por outro uma cabeça que funciona de forma notável; nada que o mundo nos ensine ser fácil de encontrar. assim de raspão, maior qualidade a honestidade; maior defeito ter dificuldade em receber com a mesma naturalidade com que dás, o resto fica para um dos nossos serões "
... e eu tive de me rir, pois, e depois fui dormir. E hoje foi muito sono de manhã.
(sono e toda partidinha... uma pessoa sabe que está a ficar velha quando uma caminhada, de cerca de meia praia, à beira mar, nos deixa com dores nas pernas, coxas, património e cansaço generalizado para pelo menos dois dias... irra!. Tenho mesmo de começar a fazer exercício... credo)
(sono e toda partidinha... uma pessoa sabe que está a ficar velha quando uma caminhada, de cerca de meia praia, à beira mar, nos deixa com dores nas pernas, coxas, património e cansaço generalizado para pelo menos dois dias... irra!. Tenho mesmo de começar a fazer exercício... credo)
Bom Dia
2 comentários:
Querida Eva,
Compreendo que goste de ver refletidas qualidades nos olhos dos outros. Gostamos todos. Sentir-se-á melhor quando começar a vê-las, também, aos seus olhos. Entretanto, veja o reflexo das pernas no espelho. Acredito que devemos valorizar o que temos de bom e que chegaremos longe com a "política dos pequenos passos".
Um beijo,
Outro Ente.
Caro Outro Ente,
Bem sei que a todos parece fácil, a mim é que não, mas sim um dia pode ser que lá chegue... tenho de aprender a valorizar o que tenho, como valorizo o que vejo nos outros, sim. Algumas coisas boas tenho, sei que sim, todos temos.
Beijo :)
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