Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

11 julho 2015


(Foto @adolfovalente)

A luz entra devagar pela janela, o vento corre com pressa lá fora, saio da cama ainda entorpecida do calor dos lençóis, que, vagaroso, me vai abandonando a contragosto. Gosto de acordar devagar, de gozar a lentidão permitida dos fins de semana sem horários, das obrigações sem horas, dos deveres reduzidos ao mínimo para dar espaço à liberdade de nos dispormos no tempo como se ele não existisse. Fazermos o que queremos dentro do que podemos fazer. Gozar, afinal, a nossa liberdade. A esta hora ainda mal a cama saiu de mim, e eu, talvez por isso, ainda não me tenha enfiado completamente em mim, ainda me passeio nua de mim, numa languidez preguiçosa de mundo. Quando a pele acordar e a cabeça despertar vou precisar dum café ao sol, de ver gente, de sentir o vento na pele, de a cobrir com coisas leves e frescas, que ondulem atrevidas ao vento, e que não me acordem a consciência da vida de repente, antes a guardem e esqueçam onde. Começar um fim de semana como se nao fosse fim, mas início. De tudo. De nada. De mim outra vez eu.

Bom Dia

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