Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

12 julho 2015



"por muito que pareçam similares, "estar só", e "estar sozinho", são quase opostos.
quando se está só, sente-se uma tristeza imensa, uma falta de alguém que seja a nossa procura, o nosso objectivo de vida: uma amizade, um amor, ou uma família. quando se está só, pode-se viver o mais bonito dos momentos e continuamos a sentir o vazio de não ter alguém que, longe ou perto, presente ou ausente, seja a pessoa que gostávamos de partilhar aquele bocado de vida.
estar sozinho é diferente - porque é um estado de alma transitório. é quando se passam aqueles momentos apenas connosco, entre o jantar de amigos de ontem e o beijo de amor de amanhã. quando se está sozinho, especialmente quando é por opção própria, sente-se um alivio imenso de poder fazer o que se quer, como se quer, quando se quer, porque haverá sempre alguém que nos acompanha. para quem "está - apenas temporariamente - sozinho", mesmo no meio do vazio, sentimo-nos completos, realizados na forma como vivemos, como partilhamos, mesmo no silêncio.
na correria dos dias e das agendas cheias, pode-se disfarçar a falta do que queremos: entre risos e abraços amigos, tudo parece menos menos urgente. mas também é aí que realmente damos valor ao que precisamos. porque não é de um abraço, é daquele abraço. porque não é de quem nos faça rir, é daquele riso que é igual ao nosso. não é de um beijo de carinho, é daquele beijo em que se sente o ar a fugir. a certeza de uma paixão maior, é quando nos sentimos sozinhos, mesmo no meio dos nossos. é aí, que percebemos que a vida só faz sentido ao lado de quem amamos. que cada alegria vivida com os outros, é sempre incompleta, pela falta de partilha da nossa outra metade. confusa esta coisa de viver: quando se está longe de quem queremos, sentimo-nos sozinhos no meio dos amigos, mas completos nos momentos de solidão.."

Escritos destes momentos

Tão verdade, pelo menos para mim.
Estar sozinho é muitas vezes uma opção, é preferir a nossa companhia ao ter alguém ao lado que pouco nos diz e nada, ou quase, nos acrescenta - alguém que na verdade não queremos. Grande parte das vezes que estou sozinha é opção minha, sempre, e de cada vez, que me sinto só não. A solidão não é opção, é um estado de alma que nos lembra que sentimos falta de uma parte de nós. Nso conseguimos escolher não o sentir, não é opção faltar-nos, se nos falta é porque não sabemos onde reencontrar essa parte que nos fugiu, ou sabendo, nao a podemos alcançar. Curioso é que quando a alma está nesse estado, estamos menos mal sozinhos, parece que os outros nos atrapalham a solidão mas não a afastam de nós. Então afastamo-nos, escondemo-nos na nossa solidão, onde encontramos o sítio do que nos falta, onde estamos à vontade com as nossas vontades, onde estamos sozinhos. Por opção.

Boa Noite

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