Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

17 outubro 2014

...hoje estou assim: no cinzento das certezas duras que não se duvidam, ainda que não se saibam. 
Não sei explicar, não consigo explicar, e se conseguisse de nada valeria porque há coisas que não vão lá com explicações. Sabem-se - sem qualquer explicação - como se ama sem razão, ninguém entende e não se explica. Tal como não se explica que hoje tenha sonhado durante a noite alguma coisa que me deixou a boca com esta frase dentro "...mais uma vez tinha razão...", como sempre aliás... o começo duma conversa que já acabou. Um diálogo que na verdade nunca começou. Um diálogo são duas pessoas, eu nunca saí do monólogo partilhado com o silêncio. 
Hoje estou mais cinzenta que o tempo, uma cor fechada, trancada por dentro, e sim, claro, para mim  tudo é simples, tudo é fácil, engano-me poucas vezes e aguento sempre tudo... aliás "... ela também já está à espera...." frases que a noite me deixou e eu quero engolir e esquecer e arrumar e enterrar. 
Precisava que hoje o fim do dia me acolhesse em casa com carinho, com mimo, com a ternura por que grito por dentro, com doçura e descanso.
Estou tão cansada. Há tanto tempo que preciso dos fins de tarde bons, sem medo do amanhã, sem medo de amanhã não ter colo, de o mimo se desfazer e a doçura me fugir.
E os hojes vão-se sempre embora rápido e deixam-me sempre sozinha.
Estou já tão cansada e ainda agora o hoje nem a meio vai.

Bom Dia



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