Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

17 janeiro 2010

Tempo

Há pessoas que têm tempo a mais, pessoas que têm tempo a menos. Há as que queriam mais tempo para si, outras que queriam mais tempo para os outros. Há os que acham que já viveram tempo demais, não pelo que viveram mas pelo que resta viver, e há os que acham que ainda viveram pouco, que queriam já ter vivido mais, tentando engolir o tempo sem o mastigar. Há quem mastigue tanto a vida que já viveu que se esquece de viver o tempo que tem. Agora. E eu, eu não tenho tempo para esperar que vejam que o tempo é para se viver, que quanto mais se espera menos se vive. Quero tudo para ontem, ou para já, agora. O tempo que se espera é tempo que se perde, que morre a cada segundo que nasce um novo, que temos de aproveitar o nosso tempo e fazer as unicas coisas que podemos controlar na nossa vida. E isso é estar com quem queremos, com quem gostamos, com quem nos dá prazer e nos faz sentir felizes, bem com o tempo que vivemos, que temos. Não há tempo para estar com quem não se quer, com quem não se gosta, quem não nos completa e faz fibrar, porque isso é uma especie de espera, de quem espera que um dia a vida lhe aconteça. E às vezes acontece. E depois? Depois quer tudo para ontem. Para já. Aqui. Porque quando se está com quem se gosta o tempo não se sente correr, o tempo deixa de ser pesado e imposto. Tudo fica suspenso. Penso eu... que olho pela janela e vejo a paisagem a correr no comboio do tempo, que não pára, em que não há apeadeiros, quando pára, sai-se e não se entra mais. Há que aproveitar a viagem e principalmente não sentir que se viaja, apenas que se vive. Sem tempo.