Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

03 abril 2015


( foto @souk_and_pix)
... Mentiram. Disseram que ia estar sol hoje e, embora esteja um quentinho bom, sol nicles, e eu gosto de sol, hoje apetecia-me sol. Valha-me a vasta experiência de me dizerem uma coisa e acontecer outra. Não sei se já não me faz grande mossa porque já não acredito no que dizem, ou por realmente já andar a desenvolver há muito uma carapaça à prova de desilusão... Ou a tentar, pelo menos. De qualquer maneira, mentindo-me ou não, com sol ou não, cá vim, ainda indecentemente de pijama, tomar o meu almoço pequeno na varanda - ovos mexidos, torradas, quase metade duma alheira (eheh pois), um grande copo de sumo de laranja acabado de fazer e um iogurte. Ora, almoço pequeno porque não poderá ser apelidado de pequeno-almoço, já que de pequeno não tinha muito, nem de almoço com real propriedade, vai daí baptizamos a coisa de almoço pequeno, porque brunch é coisa de estrangeiro. Bem sei que toda a gente acha os anglicanismos o máximo para demonstrar actualidade, estar na moda, e até parecer que somos pessoas cheias de mundo. Eu cá uso alguns mas sou tímida, gosto muito do português, deve ser mesmo das coisas mais ricas que temos (alguém devia suicidar quem terá tido o primeiro pensamento de estragar a língua que temos esfaqueando-a com um miserável (des)acordo ortográfico, que eu não adopto, nem adoptarei) e não posso mostrar o mundo que não tenho, a ter são muitos mundos, meus, o que é diferente, não dá para impressionar ninguém, e não é para mostrar assim. 
Bom, mas dizia eu, agora, depois do almoço pequeno falta o centro ali da foto... Mas a preguiça é tanta que fiquei pela varanda a escrever estes disparates só para não levantar o traseiro daqui e ir buscar o abensonhado (esta roubei ao Mia Couto) café. Entretanto parece que o  sol está a aparecer, porque o sinto nas pernas, é que já não acredito muito no que vejo, e cada vez acho mais que a pele é o sentido que menos engana.... 
Bem, vou buscar o café, depois banho e depois sair de casa com um livro para qualquer lado e ler - hoje apetece-me um jardim mais do que uma esplanada, logo se verá, não tenho nada marcado, nem programado, nem planeado, e isso é tão bom...

Bom dia

... Malvada.
..."You put a spell on me"...
Há uma fotografia tua aqui à minha frente e apetecia-me falar contigo. As nossas conversas pseudo filosófico-profundas que mais não eram que falarmos do que somos e do que nos faz e da vida, como a vemos e entendemos... Lembro-me de me falares do "closure", que eu tinha de fechar certas portas se não queria fechar, desperdiçar, partes de mim. De me dizeres que certas pessoas nem em bicos dos pés me chegariam aos calcanhares, e eu de sorrir quando disseste isso, prque era o sangue a falar-te mais alto, era o teu abraço longe que eu sentia perto, rente às palavras. Faltam-me as nossas conversas, as tuas reflexões, a rua resposta pronta e carinho  sempre perto. Sinto-te a falta e tantos que agora me faltam, parece que tudo me é arrancado cru.