Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

14 dezembro 2012



Vinha a ouvir um cd de vários que gravei para escolher as músicas mais minhas, que mais me tocassem e que achasse que tu mais gostarias, para te oferecer. Isto já há uns meses largos, depois desisti, entretanto chateamo-nos, ou melhor, tu deste-me outro chuto no traseiro e eu mandei-te à merd@ (ou tentei mandar e continuo a tentar), não mais pensei em fazer-te cd nenhum, nem este nem outro, e vinha a pensar que também nunca soubeste merecer o que te dava, o que te dei, nunca soubeste respeitar o nosso pequeno e restrito espaço, como só nosso, e donde no entanto nunca me deixaste sair. Confinaste-me a esse espaço sem mundo, que era o nosso mundo, e eu nem do mundo senti falta, nem sinto. Nesse espaço, apesar de tudo, era onde melhor me sentia, onde mais me sentia, onde gostava de estar, e penso que sempre respeitei esse nosso espaço. Por isso muito me magoava quando as músicas que te dava, os cds em que escolhia a dedo as músicas, a ordem, tudo, tudo tinha um significado para mim, tu partilhavas, partilhavas com quem aparecesse, sem qualquer vontade de deixar só nosso o que era só nosso, ou eu assim queria, já que nunca quiseste trazer o nós para fora do nosso canto, ao menos que respeitasses e valorizasses essas pequenas coisas só nossas, e principalmente estas que te dava com tanto carinho, com tanta dedicação. Senti isso como uma profanação, como uma desconsideração pelo que de mim estava em cada coisa que te dediquei, como não me esqueço das fotos que apagaste que com tanto amor foram tiradas para ti, e tu, sem mais, sem nada, apagaste. Apagaste-me. Mais uma vez.