Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

31 julho 2015





Nao sei de mim
Não sei de ti

Perdi-me no tempo
Do espaço que nos separa

Encontro-te no espaço
Do tempo que nos junta

Sei que onde tu começas
Eu não acabo

Sei que quando tu começas
Eu não sei acabar.


[só pode ser a lua que me faz fazer estas coisas, porque sei de mim e do resto, mas estes compassos de espera para ir banhar-me de luar fazem as palavras brincar aos pensamentos e os pensamentos às palavras, e numa varanda com a companhia dum cigarro aparecem-me estas coisas... Não liguem, ando com a alma na lua a passar férias...em noites de lua assim dizem-se muitos disparates, alguns, dos melhores que se podem dizer e ouvir...]

29 julho 2015

"A lua é o mais mutável dos corpos do universo visível e o mais regular nos seus complicados hábitos: nunca falta aos seus encontros e pode-se sempre esperá-la no caminho; mas se a deixas num sítio encontra-la noutro e se te lembras da sua cara virada para um lado, ei-la que já mudou de pose, por pouco ou muito que seja. De qualquer forma, se a seguirmos passo a passo, não nos apercebemos de que ela nos vai imperceptivelmente fugindo.(...)
Corre a nuvem, de cinzenta que era passou a ser leitosa e brilhante, o céu atrás dela tornou-se negro, é noite, as estrelas acenderam-se, a lua é um grande espelho resplandecente que voa. Quem reconheceria agora nela a lua de algumas horas atrás? Agora é um lago de luminosidade, que espalha raios de luz à sua volta, entornando no escuro um halo de fria prata e inundando de branca luz o caminho dos noctívagos."

Ítalo Calvino, in Palomar

[eu gostava de ser lua. Será que se eu quiser muito consigo ser lua? Nunca na mesma mas sempre a saberem o que esperar de mim? Quanto mais fechada a noite mais brilhante a minha luz, a minha alma? Irreconhecível comparada com semanas, anos, atrás? Será? ]

28 julho 2015

A luz brinca nas paredes 
O sol fecha-se no horizonte. 
Eu conto-me em janelas por abrir.

26 julho 2015

Toca-me, mas não me faças chorar
a minha música quero que seja outra:
as notas de riso
as lágrimas de felicidade.
a minha música quero que seja a nossa:
a minha dança o teu olhar
o teu tocar as minhas cordas.
...as minhas costas já não são piano.

(Foto @blackandwhiteisworththefight)

Se a pele guarda o sol em cor e calor, dias depois de o ter, por que é que do amor que se teve só fica o frio? E esse frio tão duro às vezes parece que nos aquece enquanto nos magoa... Porquê?
E porque é que continuo a ter perguntas e a escrever, se de nada vale? Se nunca valeu. As palavras para mim hoje nada valem, nem tem a ver com a voz que lhes dá vida, estão apenas completamente desacreditadas, venham de onde vierem... E, ainda assim, as minhas palavras, as que me segredo e desfio sem fio que as conduza, são a minha melhor companhia: a mais solitária, mas a menos só. E as únicas em que acredito. Talvez só se consiga acreditar no que não nos deixa sentir sós. Ainda que nem sempre se deva.

21 julho 2015


A manhã acordou-me com boca de beijo.

Apetecia-me um beijo: aquele beijo lento que devagar se emaranha na alma, que saboreia a ternura quente dos lábios, que cozinha a lume brando o desejo ao ponto de urgência explosiva.

Apetecia-me um beijo de mãos, mãos que percorressem a pele levemente mas sem cerimónias. Mãos que docemente partissem dos tornozelos e fizessem caminho pernas acima, com gosto pela viagem, a parar para apreciar cada recanto, por trás dos joelhos, no interior das coxas, sem pressa de chegadas, apenas tornando tudo num beijo longo, quente, demorado.

Beijos que eriçam ardentemente o desejo, que tornam o devagar em intenso, a pele em alma, o momento prolongado à eternidade.

[Hoje acordei assim, talvez por causa disto que li ontem, não sei, sei que tinha de o despejar em algum sítio... não encontrei uma boca à altura...]

Bom Dia

14 julho 2015


Apetecia-me fechar os olhos e deixar de respirar. No entanto, não são os olhos que respiram, mas sim, talvez, o olhar. É este olhar que respiro, respirando-me. Se fechar os olhos talvez consiga ser outra, e a vida ser-me diferente, eu ser diferente. O mundo mudar.
É o olhar que nos dá o mundo. Não quero este mundo, não quero esta vida. 

Boa noite.

13 julho 2015


"Repara que é daqui que nasce o medo.
E se alguém te faz sentir mais forte?
E se alguém, que já houve, te torna mais forte?
E se alguém, por te tornar mais forte, me torna mais fraco?
Foda-se, e se alguém te faz querer gritar? Como tu me fizeste querer berrar por ti em todos os cantos do mundo."

O miúdo a costurar o medo do medo.

Este é um medo que entendo.
É um medo que tenho se amo.
É um medo que quem sempre disse ter medo de tudo nunca teve. 
Talvez para ter este medo seja preciso querer gritar pelo outro, num grito que nasce bem dentro do peito, onde guardamos quem queremos, quem precisamos sentir perto, quem queremos agarrar no silêncio do berro que calamos por medo, quem abraçamos no vazio que o desespero enche por medo de um dia não mais abraçar, não mais poder gritar, não mais ter medo de perder, por já tudo estar perdido. Por haver naquele peito a vontade do grito por outro alguém que o faça mais e melhor.

apaixonar-me.
afogar-me de paixão na boca que me incendeia,
arder com a poesia dos sentidos
sussurrada quente ao ouvido,
que, devagarinho, nos rosna o prazer 
e com pressa nos morde o desejo 

O beijo que nos engole, 
o toque que nos arrepia, 
a invasão que se recebe como abrigo,
a intrusão que se consente ser casa,
que se quer urgente, 
que se pede com os olhos, com as mãos, 
com as unhas cravadas na pele.

A vontade faminta que nos desperta todas as camadas de ser, de sentir, 
que nos engole em bruto e nos deixa a pingar a essência finamente lapidada 
do amar amar quem se ama com paixão.

[apaixonar-me, era bom poder pedir... quero uma paixão se faz favor! Quente, doce, bem humorada, sem cerimónias, que me desalente e me dê a mão.
Era bom poder pedir... e despedir também. Despedir uma paixão, despedir-se sem paixão, despedir-se, e com o adeus ir tudo, mergulhar tudo numa escuridão onde o oxigénio não respira, e nós, logo de seguida, enchamos o peito vazio de ar puro. Era bom poder pedir, era bom... mas aos bocadinhos o ar puro vai-nos chegando, e a paixão -  quem sabe - há-de chegar de repente e fechar atrás de si, com estrondo, a porta do passado.] 
Ora então Bom Dia!!
Para alguns há-de ser, pois... gente atrevida (e com piada, senão não tem graça, claro)...
eheheheh



O sono não aparece e uma pessoa poe-se a ver fotografias na net. De repente dá-se com isto, e então percebe nitidamente que era ali que lhe apetecia estar, que já se jantava outra vez, que a luz das velas é coisa que gosto e me relaxa, percebo também que o numero de lugares é demais para este lugar, não é coisa para jantares em grupo, ou eu não seria o que escolheria. Por mim seria só eu, alguém que me faça rir, que tenha um brilho no olhar quando o deixa poisar em mim e ficar, alguém, que com um céu enorme e estrelado por cima de nós, procure as estrelas nos meus olhos, alguém que tenha um nervosito miudinho para acabar o jantar para ir comer, alguém que queira adormecer a contar as estrelas comigo enquanto me entrego ao seu colo e à ternura do beijo de boa noite poisado com doçura na testa, quando as estrelas já me venceram na contagem. Alguém que me faça especial. Só alguém que valha muito a pena o conseguirá fazer, e isso resolve tudo.
 Isto sim era uma boa noite. Em que a falta de sono não atrapalhava nada e onde não me dedicaria a ver coisas na net... Bahhh 
(Foto @milad_rahimi.94)

"Não sei o que me aconteceu para ficar tão triste.
Lembro-me de ter percorrido meio mundo à procura de imagens.
Tinham- me dito: é no movimento incessante de quem viaja que encontrarás a imobilidade que desejas.

Mas eu não sabia para onde ir.
Deambulei anos a fio, e nunca encontrei as imagens
que queria. Gastei as parcas forças que tinha neste trabalho,
até que um dia me perdi junto ao mar.

Resolvi construir, ali mesmo, uma casa.
(...)
Algum tempo depois, a casa transformou-se subitamente em prisão.

E talvez tenha sido isso que me pôs, assim, triste para sempre.
Custava-me a crer que aquilo que eu próprio construíra acabasse de me atraiçoar."
(...)

Al Berto, "O Esconderijo do Homem Triste"

[Somos nós que construímos as nossas próprias prisões. E só nós podemos desconstrui-las, libertar-nos delas, para voltarmos a ser nós. 
Às vezes temos de mudar para continuarmos a ser nós, para sermos fiéis ao que somos, à nossa essência.]

Boa Noite

12 julho 2015


Escorres-me pela pele
Em memórias líquidas
O tempo as tornará sal
Que alguma língua,
Sedenta de mim, 
Lamberá
Esquecendo que o sal
se torna sede sem fim
E a minha pele,
Com sede, água fresca.


É isto!... Uma desgraça... Bahhhh 

Bom Dia


"por muito que pareçam similares, "estar só", e "estar sozinho", são quase opostos.
quando se está só, sente-se uma tristeza imensa, uma falta de alguém que seja a nossa procura, o nosso objectivo de vida: uma amizade, um amor, ou uma família. quando se está só, pode-se viver o mais bonito dos momentos e continuamos a sentir o vazio de não ter alguém que, longe ou perto, presente ou ausente, seja a pessoa que gostávamos de partilhar aquele bocado de vida.
estar sozinho é diferente - porque é um estado de alma transitório. é quando se passam aqueles momentos apenas connosco, entre o jantar de amigos de ontem e o beijo de amor de amanhã. quando se está sozinho, especialmente quando é por opção própria, sente-se um alivio imenso de poder fazer o que se quer, como se quer, quando se quer, porque haverá sempre alguém que nos acompanha. para quem "está - apenas temporariamente - sozinho", mesmo no meio do vazio, sentimo-nos completos, realizados na forma como vivemos, como partilhamos, mesmo no silêncio.
na correria dos dias e das agendas cheias, pode-se disfarçar a falta do que queremos: entre risos e abraços amigos, tudo parece menos menos urgente. mas também é aí que realmente damos valor ao que precisamos. porque não é de um abraço, é daquele abraço. porque não é de quem nos faça rir, é daquele riso que é igual ao nosso. não é de um beijo de carinho, é daquele beijo em que se sente o ar a fugir. a certeza de uma paixão maior, é quando nos sentimos sozinhos, mesmo no meio dos nossos. é aí, que percebemos que a vida só faz sentido ao lado de quem amamos. que cada alegria vivida com os outros, é sempre incompleta, pela falta de partilha da nossa outra metade. confusa esta coisa de viver: quando se está longe de quem queremos, sentimo-nos sozinhos no meio dos amigos, mas completos nos momentos de solidão.."

Escritos destes momentos

Tão verdade, pelo menos para mim.
Estar sozinho é muitas vezes uma opção, é preferir a nossa companhia ao ter alguém ao lado que pouco nos diz e nada, ou quase, nos acrescenta - alguém que na verdade não queremos. Grande parte das vezes que estou sozinha é opção minha, sempre, e de cada vez, que me sinto só não. A solidão não é opção, é um estado de alma que nos lembra que sentimos falta de uma parte de nós. Nso conseguimos escolher não o sentir, não é opção faltar-nos, se nos falta é porque não sabemos onde reencontrar essa parte que nos fugiu, ou sabendo, nao a podemos alcançar. Curioso é que quando a alma está nesse estado, estamos menos mal sozinhos, parece que os outros nos atrapalham a solidão mas não a afastam de nós. Então afastamo-nos, escondemo-nos na nossa solidão, onde encontramos o sítio do que nos falta, onde estamos à vontade com as nossas vontades, onde estamos sozinhos. Por opção.

Boa Noite

11 julho 2015


(Foto @adolfovalente)

A luz entra devagar pela janela, o vento corre com pressa lá fora, saio da cama ainda entorpecida do calor dos lençóis, que, vagaroso, me vai abandonando a contragosto. Gosto de acordar devagar, de gozar a lentidão permitida dos fins de semana sem horários, das obrigações sem horas, dos deveres reduzidos ao mínimo para dar espaço à liberdade de nos dispormos no tempo como se ele não existisse. Fazermos o que queremos dentro do que podemos fazer. Gozar, afinal, a nossa liberdade. A esta hora ainda mal a cama saiu de mim, e eu, talvez por isso, ainda não me tenha enfiado completamente em mim, ainda me passeio nua de mim, numa languidez preguiçosa de mundo. Quando a pele acordar e a cabeça despertar vou precisar dum café ao sol, de ver gente, de sentir o vento na pele, de a cobrir com coisas leves e frescas, que ondulem atrevidas ao vento, e que não me acordem a consciência da vida de repente, antes a guardem e esqueçam onde. Começar um fim de semana como se nao fosse fim, mas início. De tudo. De nada. De mim outra vez eu.

Bom Dia

10 julho 2015

Há quem já o tenha começado. Também gostava de começar o descanso mais cedo, com boas perspectivas e vontade, e orçamento adequado, pois claro (mas eu é que pago as minhas contas e isso enfim encolhe um bocadinho as coisas que se podem querer fazer... ); mas eu só agora começo a pensar em modo de fim de semana...
Bom fim de semana!! Que seja assim, com esta boa disposição, e braços lançados aos céus!!



“Minha alma tem o peso da luz.
Tem o peso da música. 
Tem o peso da palavra nunca dita, prestes quem sabe a ser dita. 
Tem o peso de uma lembrança. 
Tem o peso de uma saudade. 
Tem o peso de um olhar. 
Pesa como pesa uma ausência. E a lágrima que não se chorou. 
Tem o imaterial peso da solidão no meio de outros."

Clarice Lispector

[há dias em que a minha alma também pesa isto tudo, pesa-me nisto tudo.
Hoje estou assim, será do tempo? Não da falta de sol (ainda que também), mas do tempo que não passa, e o tempo que não nos passa tem um peso terrível, prende-nos o olhar, embarga-nos os movimentos, enrola-se como um novelo na garganta. Há-de passar. O tempo, e eu sentir-me assim. Chamam-me intensa, e nestes dias o que não dava para não o ser...]

09 julho 2015

- As pessoas juntam-se normalmente por um objectivo comum, ou é isso principalmente que as mantém juntas, não é gostarem muito uma da outra, pelo que vejo. As pessoas acomodam-se, e nem se chateiam, aliás é por isso que não se chateiam.
- Achas que ele casou mas não gosta dela?
- Ele gostar, gostou realmente duma pessoa, por essa realmente ele correu atrás, depois não deu certo, ela não sentia o mesmo. Mas não digo que não goste da pessoa com quem casou, eles dão-se bem, queriam os dois casar e ter filhos... querem as mesmas coisas, ou coisas parecidas.
- Sabes, acho que a partir do momento em que gostas a sério de alguém, em que achas que encontraste "aquela pessoa", qualquer outra serve perfeitamente. É como se a partir daí todas fossem igualmente erradas, nenhuma é a que elegeste como "a certa", o que as faz todas igualmente certas. Estão todas feridas da mesma falha, nenhuma será "aquela pessoa". Por isso, no fundo, qualquer uma é certa.
- Acho que é mesmo isso. De certa forma, depois, qualquer uma, ou quase, nos contenta, por sabermos que nenhuma nos fará feliz. Escolhe-se alguém com objectivos comuns e vive-se com isso.
- Pois... Vive-se com isso. Não sei se consigo "isso" para viver...

[Tive esta conversa há uns dias e agora, aqui, lembrei-me disso: como a partir de certa altura é tudo um bocado indiferente. Como os dias, talvez. Antes de esbarrarmos com certas coisas achamos que podemos escolher melhor ou pior, pensamos que há escolhas mais acertadas que outras para a pessoa certa para nós, racionalizamos. Depois percebemos que só se pode escolher mais acertadamente ou menos a pessoa que nunca será a certa, porque essa, infelizmente não se escolhe, sente-se.]




O dia está a ir-se embora, dissolve-se no ar como o fumo deste cigarro, e no ar não fica nada a não ser o cheiro. Nada mais resta, nada mais há.
 Já não sei sair de mim, fico-me em mim como se assim me perdesse menos, mas o que encontro em mim faz-me perder ainda mais. Não me encontro, não sei se me resto, não sei se de mim algo mais ficou além do cheiro, que as janelas abertas varrem do ar, esquecem.

Boa Noite

08 julho 2015

Apaixonei-me... estou tramada!! 

Porque é que estas coisas me aparecem à frente, humm???
eu que tenho uma pancada por bikinis... 
de repente apanho isto, assim desavisada!... Não há direito!!


 Não sei de qual gosto mais... 
"eu tenho dois amores"... 
e não vou comprar nenhum que são caros que dói!!!....
(daqui)
e a mim também não me ficariam assim, pois claro...não tenho sorte nenhuma... bahhhh
(é muito raro pôr aqui coisas relativas a trapos e afins,
mas estes são tãaaooooo giros!!... quero!!, queria, melhor dizendo...)

... Se nunca o tiverem usado, se não souberem como funciona, não me perguntem e não se aproximem. Não tenho as instruções. 
(Os outros são bem-vindos... aproximem-se eheh)

Bom Dia!


- Posso falar consigo?
- Vem nu?
- Ahahah... sua taradona!
- Não é esse nu, é o outro, aquele que me prometeu um dia... E se há aqui alguém tarado não sou eu, seu taradão!
- Tarado por si, só por si, já lhe disse mil vezes.
- ..... Pois sim.

[as coisas que me aparecem na cabeça não têm explicação... Mas mais realista era difícil, seria facilmente exactamente assim... O rir, as perguntas em aberto, as frases recorrentes, as brincadeiras de parte a parte... Enfim rio-me sozinha com estes assaltos de coisas parvas e tontas à cabeça... E com isto quase oiço chamarem-me tonta (entre outras coisas igualmente tontas...), e isso ser carinhoso, ser bom, eu gostar e ser tratamento recíproco, sempre bem disposto... Será que o próximo me vai chamar tonta?... Ou será que vou deixar de ser tonta? Naaaa não acredito... Nem quero.]

07 julho 2015

...Vamos passear?
... andar um bocadinho pela beira mar com as calças arregaçadas, o sorriso rasgado, 
e o olhar a servir de sol depois do sol se pôr??...
Até que era um bom programa não programado, depois duma tarde fechada numa sala em reuniões chatas e que só dão preocupações, e assim: decidido à última da hora, espontaneamente, perguntado de repente, sem apelo nem agravo: "queres?" e logo respondido sem cerimónias: "vamos"... 
...era bom, mesmo que nem sempre dê para acontecer, a vida nem sempre nos liberta assim, mas em dez vezes talvez uma se consiga, e desde que se vá alternado quem lança a primeira pergunta (sim, sim, que isto de puxar carroças é para bois...), e que a vontade esteja sempre no irmos, é bom...
 digo eu, que não percebo nada disto.... parece-me que são programas pouco apreciados, sei lá... como a ronha de fim de semana... Onde raio se arranjam criaturas para estes programas sem programa?

Há dias a ouvir uma banda à espera do concerto que queríamos ouvir, depois de comentarmos que a banda não valia nada, uma amiga vira-se e diz:

- oh não sejas assim, pelo menos são músicas originais, deles, não achas??
- acho pois... É que ninguém ia copiar esta merd@...

lembrei-me agora... Nem sei porquê desta cena cómica porque quem estava comigo desatou-se logo a rir, percebeu-me logo, e eu gosto disso, estar com gente com sentido de humor e o mesmo comprimento de onda. Muitas vezes apercebo-me que não percebem, e estar com gente dessa é uma seca...

[parece que isto hoje está para a parvoeira... Há dias assim, paciência, ao menos que dê para rir...]
Ahshahahahah...
Oh pahh tão bom, mas tão bom!! 
Como se lembram destas coisas para dizer não faço ideia, mas que tem piada tem... 
Se mo dissessem a mim não faria ideia do que responder 
(o que, convenhamos, não costuma ser coisa fácil, geralmente) 
mas se calhar é por isso que ainda me estou a rir ... eheheh... 
Cara feia já é punição suficiente, e uma boca destas é letal... Mas muito, muito boa!!

Bom dia
[uma volta na cidade atrás da lua e encontrei-a melhor onde te encontrava... Coisas tontas, muito tontas]

Uma volta na cidade de noite, com pensamentos a correr o seu curso sem conhecer destino ou foz, depois de quase uma garrafa de vinho levezinho e conversa de amigos, é coisa boa. Não a coisa boa que agora me apetecia ao sair, mas coisa boa, sim, e porque não?! Como dizia Caetano saudades é "melhor que caminhar vazio, tenho o sonho em minhas mãos. Amanhã é um novo dia"... (Ou qualquer coisa assim sou péssima a decorar, guardo só o sentido das coisas... Antes decorasse, as citasse correctamente, em vez de tão perfeitamente lhes sentir o sentido, se calhar...)

06 julho 2015


"É inevitável a separação pela viagem. Vamos rompendo e recomeçando aflitos regressos. Começamos, cada vez mais cedo, os espaços interpostos por resoluções definitivas. 
Dura-nos a abstinência um impaciente sossego contrariado. Retornas-me e dou tréguas à prudência. Suspendo a premeditação."


Há palavras que vemos escritas que reconhecemos trazer gravadas por dentro, lê-las é reconhecer uma parte de nós que não líamos assim, não as saberíamos dizer assim, mas que é exactamente assim que nos estão gravadas na memória dos dias, das noites, à sombra dos anos que passaram. Lemos e sentimos o que na altura sentimos a cada "espaço interposto por resoluções definitivas", sempre definitivas, sempre a dar luz ao "sossego contrariado", sempre o retorno a tudo e a suspensão de tudo o que é definitivo. Sempre os aflitos e urgentes regressos esmagados nos abraços que se fundem e se tornam casa, na pressa da vontade de nos sentirmos no outro, encostados, engolidos, tão colados que a pele se confunde e baralha, sentindo-se no lugar certo até à resolução definitiva seguinte - a separação, sempre. E  sempre que o retorno me batia à porta, eu abria. Sempre entendi que vinham por quererem, por gostarem. À minha porta nunca houve obrigações, dependências, manipulações, insistências, se me batiam à porta era porque me queriam, porque gostavam, me gostavam, sempre e de cada vez. Nunca fui bater à porta de ninguém, nunca pedi que ma abrissem, nunca fui atrás de nada, mas deixei sempre que viessem atrás, e sempre abri a porta que nunca cheguei a fechar, sempre dei tréguas à prudência que na verdade nunca tive, e nunca usei de premeditação. Devo ter sido a única.
....GRRrrrrr 
a sério há gajos tão, mas tão estúpidos que para além duma bênção à humanidade, era um favor aos próprios que emudecessem, que se calassem, que se poupassem a debitar alarvidades, a sério... irra que há gente estúpida que só serve para chatear, atrasar e inviabilizar qualquer melhoria, nem para eles são bons!!.... não há pachorra... ou eu não tenho, detesto gente estúpida...


... Se cada um tem o que merece, 
como é que raio eu não acordei aqui?? Hum? 
Eu mereço pahh!! 
Onde é que eu reclamo, hein?

Bom Dia
[foto de Ryan Muirhead]

“Tem os que passam
e tudo se passa
com passos já passados
tem os que partem
da pedra ao vidro
deixam tudo partido
e tem, ainda bem,
os que deixam
a vaga impressão
de ter ficado.”

Alice Ruiz

[a vaga impressão de alguém nor ter ficado só se sustenta se houver a impressão que do outro lado também nos guardam, senão a sensação - todas as sensações que guardamos de memória -, desbotam como fotografias de momentos que se viveram, cristalizados no tempo e presos num papel, que vai perdendo a cor, tal como a memória do momento: o sabor, o cheiro, o toque.
 Alguém nos ficar sem lhes ficarmos é um desperdício de afecto, de amor, de vida. Cansa e esgota-nos. Um dia esgota-se. ]

Boa Noite

05 julho 2015


Passeios a céu aberto, boa música, companhia que ri connosco, sol e um Domingo a começar bem depois de uma noite dormida a correr. Gosto quando os dias começam depois duma noite dormida a correr mas a valer a corrida. Afinal vale sempre a pena se a alma não é pequena (se não é exactamente assim que Pessoa o disse, é parecido, a ideia é essa).

Bom Domingo, deixem o sol lamber-vos a alma, é o que vou tentar fazer :)

04 julho 2015

... Sim, como o ar quente, as almas que guardam calor levantam-se sempre. Há uma qualquer força, algo que, mais tarde ou mais cedo, as impele a isso, e renascem das cinzas que a lucidez sopra, na verdade que não se nega, não se escamoteia e não se alinda. Talvez o amor ao que é verdadeiro as leve a levantarem-se sempre. Por dura que seja a verdade, prezam-na demais para se deitarem, acomodados, na mentira fofa. É preferível enfrentá-la e rumar ao desconhecido navegando incertezas, do que ceder à fraqueza cômoda e sem espinha da mentira certa, do fechar dos olhos na hipocrisia de se fingirem abertos e despertos, num teatro encenado onde apenas resta um silêncio vazio, uma solidão desoladoramente acompanhada, quando cai o pano. Depois de se terem aberto os olhos para certa vida, não se consegue mais fechá-los ao que se viveu, ainda que se guarde tudo embrulhado no maior silêncio fechado por dentro da pele, o olhar que se verte para o mundo nunca mais é o mesmo: o mundo nunca mais é o mesmo. Nós também não.
As almas grandes - acredito -, não negando o que viveram, o que sentiram, o que se deram, o quanto amaram e sofreram, são fortes o suficiente para depois de sucumbir à vivência, depois da queda, se levantarem, e ainda que doridas e cambaleantes, seguir para a vida com vida dentro. Essa vida, essa essência quente e verdadeira, que as deixa cair é a força que as levanta.


[talvez quem me disse ser de alma grande tivesse alguma razão, espero que sim]

Bom dia

03 julho 2015


"Há muito que furtivamente lhe contemplava os lábios, e o resto, e está seguro de ter fantasiado e imaginado o impensável com aqueles lábios e com o resto, antes de ter a sombra da sua realidade diante de si. Ter imaginado aqueles lábios, e ainda o resto, noutros lábios e noutros corpos tem sido também uma penitência. Acto de contrição: um dia ainda viverá somente a sonhar com ela. Um dia."


Estava eu naquela disposição de pôr aqui uma parvoeira tonta para me rir e fazer rir, quando resolvo dar uma espreitadela ali nos vizinhos do blogroll... e deparo-me com isto do JM na sua Elasticidade do Tempo... e fico-me por aqui, por estas linhas - prendem-me a atenção, soltam-me pensamentos. "Um dia viverá somente a sonhar com ela"... será assim o tempo tão elástico, e será isso um acto de contrição?... 
...Estou na mesma, continuo cheia de perguntas, de interrogações, de cada vez mais pairar entre palavras e ideias, tentativas de entender o que não será de entender. Mas, como dizia alguém: "eu sou assim". Pois, e eu sou assim, na verdade ninguém muda, já se sabe. Quanto muito moldamo-nos um pouco para acomodar diferenças e mudanças, mas nunca mudamos a nossa essência... a minha é ser um constante ponto de interrogação (como também alguém me costumava dizer a rir).
Não fica aqui nenhuma parvoeira para rir mas fica este texto que me fez parar o dia por instantes.

Bom Dia.


... Que lua enorme, linda a fazer esquecer o frio, a aquecer a alma embalada pelos sons. E eu que não tiro a mão do queixo por muito que queira, mas há estrada para andar e tem de se continuar, "enquanto houver ventos e mar". E pode ser que me tirem a mão do queixo. Ainda não me entreguei à infelicidade como sentença do destino escolhido. Escolho não me entregar a nada se não me fizer feliz. Escolho não desistir de viver (-me). 
Não será fácil, mas mais difícil é desistir. Alguém que eu gosto muito dizia-me no passado fim de semana: "tu nunca escolhes o caminho mais fácil, escolhes sempre aquele que achas que é certo, por muito difícil que ele pareça, ou não. É o que sentes ser certo, e vais." 
Não serão fáceis os tempos que se avizinham, e nao há ventos para enfunar as velas, mas como diz o provérbio (sou fã de provérbios...) "quando não há vento, o remédio é remar". É o que terei de fazer. Por enquanto vou descansar, deixando-me ir com a maré, foram muitos anos a remar contra muitas marés. Agora a maré é minha, ou eu dela, será o mesmo por enquanto.

Boa noite

02 julho 2015

"Love me two times girl
One for tomorrow, one just for today
Love me two times I'm goin' away"

Vi isto e lembrei-me de receber esta música no meu mail, em vésperas de férias ou de coisas desse género. Engraçado, pensava nisto e recebo um convite para ir amanhã à tarde esplanar, que vêm para estas bandas. Querem passar a tarde numa esplanada, entrar de fim de semana mais cedo, estar comigo, ouvir a minha gargalhada pura, confirmar a minha originalidade e continuar a surpreender-se com o meu ser destravado. E eu sorrio - meia sem jeito, que ao telefone não se vê e eu não digo - e fico a pensar que já não me lembro de alguém se lembrar de mim para passar uma tarde de sexta a esplanar, a incluir-me nos seus planos, ou ter vontade disso; já não me lembro do que é ser uma qualquer espécie de prioridade para alguém. E nisto percebo que se fosse há uns tempos, e a mensagem doutra proveniência, eu arranjaria maneira de, sem dúvida nenhuma - nem poria outra hipótese, quando se quer mesmo, arranja-se maneira -, ter tempo para esplanar na sexta feira à tarde, em frente ao mar, e a um prato de ameijoas, ou qualquer coisa boa com sabor a mar e a soar a mar, e a amar estar. Percebo, com alguma amargura, que sempre fiz prioridade de quem nunca me fez coisa nenhuma na sua vida. E tenho pena de não ter a mesma vontade de fazer deste convite uma prioridade, mas tenho muita vontade de ter essa vontade, talvez por isso vá tentar espreitar o mar na sexta feira, e ouvir alguém dizer-se surpreendido comigo, que me acha original, com piada, e com uma gargalhada que vale a deslocação. Isso agora para mim talvez seja a minha prioridade, mas não é a prioridade certa, eu sei. Mas sabe-me bem e temos de começar por algum lado... e a ver o mar, ainda que não me saiba a mar, pode ser um bom principio. O mar faz-me sempre bem. 

... Estou exausta, esgotada, preocupada. Agora só queria uma dose de silêncio confortável, umas horas de colo doce de mimo e uma noite inteira encostada à minha almofada de sonho. Amanhã acordaria com outra força e muita vontade. 

Boa Noite

01 julho 2015

Ahahahah
Sim, é isso, por experiência própria (vasta, diga-se de passagem...) te digo, é a velocidade a que te consegue despachar, assim, simplesmente e sem espinhas... Mas com muito cálculo!... 

Bom Dia!