Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

30 setembro 2013



"Não existe nenhum disfarce que possa esconder
o amor durante muito tempo onde ele existe,
ou simulá-lo onde ele não existe."

 La Rochefoucauld 


[acredito nisto. é, para mim, uma verdade, mas será??...será mesmo assim para toda a gente???]
[adoro esta fotografia...]
Boa Noite
Mais um dia, mais uma voltinha...
Gosto do carro...muito!!
O macacão que ela veste também podia ser engraçado, mas parece que já veio com o fecho avariado, 
a qualidade hoje em dia escasseia, essa é que é essa....
eheheheh
Bom Dia!!

29 setembro 2013


É nos teus olhos que o mundo inteiro cabe,
mesmo quando as suas voltas me levam para longe de ti;
e se outras voltas me fazem ver nos teus
os meus olhos, não é porque o mundo parou, mas
porque esse breve olhar nos fez imaginar que
só nós é que o fazemos andar.

Nuno Júdice


[estou sem palavras, afogada no mar delas que em turbilhão me arrastam nem sei para onde. há coisas que nunca pensei vir a passar na vida, não sei como lidar com elas. só queria que as palavras todas, fora e dentro de mim, se calassem, me largassem, me deixassem a minha vida comigo. estou cansada, e quanto mais cansada, pior trilho o caminho, pior faço e nem sei o que faço, só que não gosto de não saber o que fazer, ou como fazer. às vezes parece que está tudo feito, e mal feito, e sou eu que faço mal. há coisas que não sei fazer, não sei esconder-me quando devo, nem fingir, mentir, quando devia.]

Boa Noite

28 setembro 2013

...e pronto, vamos lá então!!!
Mais um dia de lóóóócura...

(...)
- Tinhas sido muito mais feliz se tivesses ficado com ela.
-Não, eu estou feliz aqui e agora, assim.

Boa Noite

27 setembro 2013



(...) não despertes o que não podes calar.
José Tolentino de Mendonça

...too late... 
mas é um bom conselho.
Há coisas que depois de acordarem nunca voltam a adormecer em nós da mesma maneira. 
Mudam-nos, ou melhor, apuram-nos: trazem-nos mais à tona de nós, ficamos diferentes porque ficamos mais iguais a nós mesmos. 
Mudam-nos, fazendo-nos regressar a nós - e há regressos de que não se regressa. 
Nada volta ao mesmo. Há algo que não mais conseguimos calar em nós depois desse grito ser rasgado de dentro para fora da pele. 
Há amores que, se despertam, não se calam.
Não acordes o que não podes amar.
...too late...
eu sei....
Boa Noite

"Vejo tudo claro e nitidamente, e o que vejo significa desolação e morte, morte perpétua. Há trinta anos que carrego a Cruz ignominiosa, servindo mas não acreditando, trabalhando mas não recebendo salário, descansando mas não conhecendo a paz. Porque hei-de acreditar que tudo mudará subitamente só por a ter, só por amar e ser amado?
Nada mudará, a não ser eu."
Henry Miller, in Sexus

[e isso muda tudo, tudo o que se vê, se sente e se vive.]

26 setembro 2013

....poisssssss....
é só tangas...

T@nga-me... no meio da rua.
Em qualquer lado.


Falhamos, a cada dia em que não vivemos ao máximo todo o nosso potencial, matamos Shakespeare, Dante, Homero, Cristo que habita em cada um de nós. Cada dia que vivemos em conflito com a mulher que já não amamos, destruímos a nossa capacidade de amar e de ter a mulher que merecemos.


Henry Miller

25 setembro 2013

Boa Noite


"Um homem só encontra a mulher ideal quando olhar no seu rosto e vir um anjo e, 
tendo-a nos braços, tenha as tentações que só os demónios provocam."

(não sei se a frase é do Neruda, ou do Picasso, 
mas, aparentemente, é dum Pablo... e é uma frase dos diabos!!!)

Bom Dia!!

24 setembro 2013

"Claro que não me passava pela cabeça que aquela viria a ser a grande semana da minha vida e duraria sete longos anos. (...) Render-se absoluta e incondicionalmente à mulher amada é quebrar todos os laços menos o mais terrível de todos: o de não a perder."
Henry Miller, in Sexus

[há semanas que duram anos, há fins de tarde que não têm fim, e momentos que uma vida inteira não deve conseguir apagar. Beijos que não se despedem  da boca, abraços que não se desprendem dos corpos, olhares que não deixam de brilhar. Há laços que viram nós, e o único nó que não deslaça, somos nós; é o único que não conseguimos desfazer sem nos deixar desfeitos.]
Disseste-me que ao longo do tempo me amaste já de muitas maneiras, 
e de maneiras diferentes.
Eu acho que não.
Acho que provavelmente amaste pessoas diferentes, de maneiras diferentes, através de mim.
A mim nunca chegaste a amar.
Nem me chegas a ver, sequer.

23 setembro 2013

[foto de David Gordonovitch]

(...) Nos demais - eu sei, qualquer um o sabe - O coração tem domicílio no peito. 
Comigo a anatomia ficou louca. Sou todo coração (...).


Vladimir Vladimirovitch Mayakovsky
...apaixonei-me por este .gif e por isso anda repetentemente reincidente aqui no estaminé.
Infelizmente não foi só pelo .gif.
Boa Noite

21 setembro 2013

... e eu que já era tão desarrumada!!...
agora não sei como me arrumar, onde te arrumar, 
em que fundo de mim te esconderei para que não me desarrumes?
onde será que te arrumo para não me desarrumares?
e eu que gosto tanto - tanto! - da maneira como me desarrumas e me fazes amar a vida,
 que não desconfiava que podia haver: arrumada ou desarrumada.
Gosto do nosso não planeamento, gosto do nosso tocar de improviso, gosto das nossas gargalhadas e brincadeiras, e das conversas sérias, e dos silêncios cheios de mimo, gosto de nós, porque é uma desarrumação tão bem encaixadinha que passaria por arrumada, se ao menos tu deixasses.
Bom Dia!

Boa Noite.
(ou não...)

19 setembro 2013


(...)
Bebi entre os teus flancos a loucura 
de não poder viver longe de ti: 
és a sombra da casa onde nasci, 
és a noite que à noite me procura.
(...)

DAVID MOURÃO-FERREIRA, in MÚSICA DE CAMA


[eu sou o entardecer que desagua sempre nessa noite que foge com o amanhecer.]


Boa Noite

18 setembro 2013

Mensagem:
"Amar não chega quando não se ama o suficiente" Ouvi esta frase agora...lembrei-me de ti. Bom Dia!"

Resposta:
"Bom Dia. Boa frase. Mas não sei se há amar muito ou pouco. Ou se ama, ou não se ama. Quando se ama é sempre suficiente, é auto-suficiente, se não for, não é Amor, pelo menos como o entendo. É gostar um bocadinho."

[amar não se conjuga no pouco ou no muito, amar é amar, não há amor grande e verdadeiro e amor pequeno e falso. Há Amor, ou não há. Só isto. Pelo menos é como o vejo, Amor é o último patamar, é um estado que não tem diminuitivo e o aumentativo é redundante.]
(e resolvi eu brincar com a coisa... o que fui fazer...voltei a ouvir o que não queria...
"Gostosa... Tu... Davas uma excelente performer"
"ok... não perceberam a piada"
"bolas tu deves ser mesmo muito esperta"
...bahhhh... tirem-me deste filme!!!)

Há pessoas que não entendem o que se lhe diz, e esperam que as mesmas falhas não provoquem cada vez respostas mais tortas... não entendo. Será difícil entender que uma mulher não goste de dar ideia de ser "mulher de varão"??... que não ache isso um elogio? Que leve na brincadeira uma ou duas vezes, mas dando a entender que o que está implícito nessa ideia não é confortável, que não é sensual, nem bonito, nem sexy - que é só ordinário? Que quando perguntamos se gostariam que dissessem o mesmo da filha, já respondem que afinal queriam dizer corpo de bailarina?? Que eu é que tenho mau feitio e não sei brincar?? As pessoas têm de respeitar as outras, e as ideias das outras, e de como elas entendem e sentem as coisas, não? 
Não há pachorra, a sério, e depois disto vem todo um chorrilho de semi-insultos para que não tenho grande feitio de ouvir e relevar. Não é de ter mau feitio - que tenho, está bem, mas neste caso não é o problema-, ou de ser adolescente, ou insegura e complexada, amarga, irritante, ou o que me queiram apelidar, é por ter o direito de não gostar de certas reacções, e de não ter idade nem pachorra para me chamarem de imatura porque não gosto, mostro e respondo: e respondo torto, e cada vez mais torto, ao que é reincidente depois de explicado, porque demonstra desprezo pelo que nos chateia e magoa, e a isso não sou tolerante. E depois, depois respondo, argumento: "ahhhh... então sou insegura e complexada, e tu, do alto da tua inteligência, achas que ajudas uma pessoa insegura e complexada tratando-a assim????... é de amigo, sim senhor..." e do outro lado não há argumento na resposta, só mais do mesmo, e eu não estou habituada a discutir sem ideias, só com ofensivas gratuitas e não fundamentadas em nada... e depois a adolescente sou eu, ok!!...Só faltava dizer que, além de andar a descarregar a minha amargura para cima de pessoas que gostam de mim (adoro estas maneiras torpes de gostar das pessoas, mas isso realmente é a única coisa que me calha na vida, as pessoas gostarem de mim das maneiras mais inviesadas e mal tratantes...devo atrair estas coisas), e se preocupam, porque a vida não me corre bem, que ando mal fodid# ou com falta de peso... é que anda-lhe mesmo debaixo da língua, mas ainda não saiu, e é pena, porque acho que ia sair uma resposta de rajada que o calava de vez. A sério, mas eu mereço isto, não há pachorra!!!


Se me esfolassem agora
encontrariam o teu nome
colado num dos meus ossos.

De mim continuariam a nada entender.
Quanto a mim, sei que sou teu.

Manuel Cintra

[num não... até nos que não sei que existem ou sei pronunciar.
cravado é o que me estás, e é por isso que me entendo, mas só eu.]
Boa Noite

16 setembro 2013


Primeiro foram as mãos que me disseram
que ali havia gente de verdade
depois fugi-te pelo corpo acima
medi-te na boca a intensidade 
senti que ali dentro havia um tigre
naquele repouso havia movimento
olhei-te e no sol havia pedras
parámos ambos como se parasse o tempo
parámos ambos como se parasse o tempo

é tão difícil encontrar pessoas assim bonitas
é tão difícil encontrar pessoas assim bonitas

atrevi-me a mergulhar nos teus cabelos
respirando o espanto que me deras
ali havia força havia fogo
havia a memória que aprenderas
senti no corpo todo um arrepio
senti nas veias um fogo esquecido
percebemos num minuto a vida toda
sem nada te dizer ficaste ali comigo
sem nada te dizer ficaste ali comigo

é tão difícil encontrar pessoas assim bonitas
é tão difícil encontrar pessoas assim bonitas

falavas de projectos e futuro
de coisas banais frivolidades
mas quando me sorriste parou tudo
problemas do mundo enormidades
senti que um rio parava e o nevoeiro
vestia nos teus dedos capa e espada
queria tanto que um olhar bastasse
e não fosse no fundo preciso
queria tanto que um olhar bastasse
e não fosse preciso dizer nada

é tão difícil encontrar pessoas assim bonitas
é tão difícil encontrar pessoas assim pessoas

Pedro Barroso


[é tão difícil, é tão difícil mesmo, e é tão fácil perdê-las.
e é por isso. é por isso.
é só por isso.
é por isso tudo que nada.]
Bom Dia!!

15 setembro 2013

...era bom...
Bom Dia!!


O teu rosto dentro das minhas mãos.
Os meus dedos sobre os teus lábios e a ternura,
como o horizonte, debaixo dos meus dedos.
Os meus lábios a aproximarem-se dos teus lábios.


José Luís Peixoto


[era a única coisa de que precisava agora: o teu rosto entre as minhas mãos. 
As  palavras foram-se, ficaste-me tu. 
Ficas-me sempre.]

Boa Noite

14 setembro 2013


...lindo.

(...)
Can our love, can our love
I feel in my heart I can't wait any longer
Can our love, can our love
Can our love, can our love grow any further
(...)
Não conhecia a música deles, fui à procura e gosto, gosto muito.

13 setembro 2013


e tu sussurras:
- não, não afastes a boca da minha orelha.
derrama dentro dela aquilo que não consegues dizer em voz alta.

e eu digo:
- as tuas mãos queimam-me a fala.

tu sorris, dizes:
- vem, sem medo, pela aridez do meu corpo.

no fundo de mim existe um poço onde guardo a tua imagem. é tempo de ta devolver. é tempo de te reconheceres nela.

Al Berto


[é tempo... é tempo de ser tempo.]
Boa Noite

Hummmm... Isto deve ser um sinal...
Se calhar devia mesmo comprar um tapete... 
Eheheh
"(...) E demais a mais a gente vai-se habituando aos objectos e acaba por ter saudades deles quando desaparecem. Teria saudades do marido se ele desaparecesse? Julgou que sim, julgou que não, julgou que sim, cessou de julgar. Em trinta e seis anos o marido não desaparecera nunca e, portanto, seria pouco natural que desaparecesse agora, perto dos setenta. Para mais afigurava-se-lhe que de há semanas para cá ele começara a arrastar um pouco umas das pernas e de perna arrastada ninguém vai muito longe. Para onde iria ele, de resto? Não possuía amigos, não frequentava cafés, não recebiam nem visitavam fosse quem fosse, nunca reparara num soslaio interessado para senhora nenhuma: lia o jornal, olhava a parede e acabou-se. Há quantos lustros não lhe tocava? Ao calcular há quantos lustros não lhe tocava chegou-lhe do andar de cima um
- Acabou-se a conversa
que a sobressaltou o bastante para deixar os cálculos de lado. Há assuntos em que é melhor deixar as questões como estão, e a mulher era uma criatura prudente. Aos sessenta e cinco anos vai-se ganhando bom senso, para quê arranjar maçadas agora? De modo que acabou por ir para a cama também, guiando-se pela claridade dos intervalos dos estores. Ao deitar-se nenhuma tábua estalou, o marido dormia numa respiração lenta, quando se preparava para se voltar para um dos lados percebeu-lhe um murmúrio
- Sissi
e ficou a repetir para dentro
- Sissi, Sissi
por acaso o nome da empregada que vinha uma tarde por semana ajudar nas limpezas, uma criatura baixa e gorda, viúva, com o filho preso por uma questão de drogas ou um problema no género. A criatura baixa e gorda não era de grandes expansões e o marido, estava certa disso, nem atentava nela. Nem atentava nela? Se nem atentava nela porque carga de água o
- Sissi
num soprozinho que classificou de enternecido? Decidiu sacudir-lhe o ombro
- Que história é essa da Sissi?
meditou com mais calma, não se atreveu, porém o facto é que não conseguia livrar-se daquele nome. Foi à cozinha beber água para acalmar os nervos, descalça, sujeitando-se a uma constipação ou uma gripe, o azulejos gelados, ela sensível do nariz, o médico, na última consulta
- Atenção aos pulmões que já não vai para nova
e a hipótese de uma pneumonia aterrou-a. Na bancada estavam algumas facturas por pagar e no meio das facturas uma página solta do bloco onde assentava as coisas a comprar no centro comercial, em que encontrou escrito
- Até para a semana meu ursinho rechonchudo, Sissi
e ficou séculos a reler aquilo, aparvalhada, Meu ursinho rechonchudo, Sissi, meu ursinho rechonchudo, Sissi, até que principiou a sentir-se cansada, estrangulou um bocejo e decidiu voltar para a cama. Ao fim de trinta e seis anos não era fácil substituir o marido mas podia muito bem substituir o tapete da sala. E, com um tapete novo na ideia, adormeceu quase contente."

António Lobo Antunes, crónica da Visão

Daqui.


Sim, para quê mudar o marido, a vida, se se pode mudar o tapete? para quê?
Um tapete compra-se, leva-se para casa, vê-se, e sorri-se porque é novo, porquer é escolhido - a nossa escolha -, até pode ser fofo e podemos deitar-nos nele, enquanto, sei lá, o nosso marido se deita com a Sissi... desde que não seja em cima do tapete novo, ou sendo, não se veja, qual o problema? Ele está a arrastar a perna, e com a perna a vida, e já não vai a lado nenhum... e o tapete novo, esse sim, já cá canta. Durmamos sossegadas...
A miséria da vida medíocre e a compensação burgueso-dramática da realidade mundana e tão supérfula. E como eu não sou deste mundo.

12 setembro 2013



"Comecei a amar-te no dia em que te abandonei. 

Foram as palavras dele quando, dez anos depois, a encontrou por mero acaso no café. Ela sorriu, disse-lhe “olá, amo-te” mas os lábios só disseram “olá, está tudo bem?”. Ficaram horas a conversar, até que ele, nestas coisas era sempre ele a perder a vergonha por mais vergonha que tivesse naquilo que tinha feito (como é que fui deixar-te? como fui tão imbecil ao ponto de não perceber que estava em ti tudo o que queria?), lhe disse com toda a naturalidade do mundo que queria levá-la para a cama. Ela primeiro pensou em esbofeteá-lo e depois amá-lo a tarde toda e a noite toda, de seguida pensou em fugir dali e depois amá-lo a tarde toda e a noite toda, e finalmente resolveu não dizer nada e, lentamente, a esconder as lágrimas por dentro dos olhos, abandonou-o da mesma maneira que ele a abandonara uma década antes. Não era uma vingança nem sequer um castigo – apenas percebeu que estava tão perdida dentro do que sentia que tinha de ir para longe dali para ir para dentro de si. Pensou que provavelmente foi isso o que lhe aconteceu naquele dia longínquo em que a deixara, sozinha e esparramada de dor, no chão, para nunca mais voltar. 

De tudo o que amo és tu o que mais me apaixona. 
Foram as palavras dela, poucos minutos depois, quando ele, teimoso, a seguiu até ao fundo da rua em hora de ponta. Estavam frente a frente, toda a gente a passar sem perceber que ali se decidia o futuro do mundo. Ele disse: “casei-me com outra para te poder amar em paz”. Ela disse: “casei-me com outro para que houvesse um ruído que te calasse em mim”. Na verdade nem um nem outro disseram nada disso porque nem um nem outro eram poetas. Mas o que as palavras de um (“amo-te como um louco”) e as palavras de outro (“amo-te como uma louca”) disseram foi isso mesmo. A rua parou, então, diante do abraço deles. Não há memória de alguém, algum dia, ter considerado que aquele abraço foi um abraço de traição entre duas pessoas casadas. Toda a gente percebeu, logo ali, que a única traição seria não abraçar aquele abraço, por mais que houvesse documentos que comprovassem o contrário. Nunca casaram nem nunca se divorciaram. Não queriam perder tempo com papéis desnecessários. Os únicos papeis que assinaram, todos os dias, foram os dos poemas que, religiosamente, deixavam nos mais recônditos e secretos lugares da casa um para o outro. Não eram grandes obras e terminavam, sem qualquer variação possível, sempre da mesma forma: “amo-te”. Nunca receberam qualquer elogio da crítica literária, o que os deixava particularmente irritados. Souberam, anos mais tarde, que toda a sociedade os havia renegado. Chamavam-lhes, mesmo, os fugitivos. Eles, nesse ponto, concordaram em absoluto. Ambos sabiam que haviam fugido durante dez anos. E tinha sido tempo demasiado. 
Sim, quero.
Foram as palavras dele quando ela, no registo civil como tinha de ser, lhe perguntou se queria nunca casar com ele."

Pedro Chagas Freitas

[Há coisas neste texto que tenho quase por certas irem acontecer num futuro mais curto que a década. 
A primeira frase vai-te estar por dentro da boca ainda antes de dar tempo de apodrecer a despedida que dela sair. Só o fim não será este, porque a poesia da vida não se vive, a mediocridade da vidinha morna se alimenta da cobardia, e porque não, não queres. E porque não quereres te vai matar em mim. 
Perguntaram-me "é falta de coragem ou é falta de amor?", e eu só pensei para mim: há diferença? haverá diferença? 
O contrário do Amor não é o ódio, talvez nem mesmo a indiferença: é o medo. Porque o medo só tem medo do Amor, é o único que o extermina implacavelmente, sem misericórdia ou instinto de sobrevivência. Quando há Amor não há medo que o submerja; quando há medo, o Amor fugiu ou nunca compareceu. É por isso que o mais cobarde dos medrosos é um herói que não percebe, nem quer perceber ou saber, os perigos quando corre por Amor. O morno deixa de o aquecer para o queimar por dentro.
É falta de Amor. 
E essa falta matar-me-á a tua falta. 
E, no entanto, "De tudo o que amo és tu o que mais me apaixona. " .
Depois a minha falta vai nascer em ti.
E tu finalmente vais perceber.]
a falta que me faz dar as mãos e sentir que recebo o coração.
que saudade de um abraço de mãos que me faz aconchegar a alma em paz.
que me apazigua a sede de amor e a fome de vida.
Um toque que dá segurança e vida dentro do peito,
que não me faz pensar quando se vai desfazer o abraço;
que não me deixa pensar nas outras mãos desejadas.
em que só sinto como respiro: sem querer e sem doer.
e parece que se vive disso, ou que se precisa disso para viver.
respirar e sentir.
amar como quem respira.

Bom Dia


11 setembro 2013


Está uma noite boa para aproveitar: quente, estrelada, com as arvores a dançarem, de quando em vez, à música do vento, sob o olhar crescente da lua, que me espreita ao virar da esquina.  Está bom para a varanda, para uma conversa que saiba partilhar o silêncio do luar, e um cigarro. Eu fico-me pelo cigarro e pelo silêncio, sem conversa. A lua não me fala e não me olha.
Abro o livro e a luz. Fecho-me.
eheheheh... 
ele há cada uma!!
dirty, mas não sujas...
mas nada!! nem sujas, nem limpas, nem coisa nenhuma...
bahhhh
Boa Tarde

10 setembro 2013


e afinal é isto e só isto
será? que seja, quero
dias todos assim, assim
boca, assim duas mãos
seguras por beijos e medo
da luz um corpo amanhecido
de muito mudas as palavras
e tão dentro dos teus olhos
vemos tudo o que não era
e somos o que não fomos
porque adormecemos inteiros
por dentro de dentro de nós
ao fundarmos um nosso verbo.

Nuno Camarneiro


.... um nosso verbo. Que seja.
Boa Noite
ahahahahhaha
pois é....
...quem me dera esta moral... mas há gente que a tem, e alguns até têm piada a tê-la... sacanitas!!
Bom Dia!

09 setembro 2013

... corpo de diabinho para pecar à séria, mas este para as meninas... 
...que cá para anjinhos papudos e sonsos não há pachorra... 
e este até vem com o bónus incorporado de série do melhor exfoliante natural de cara e corpo (inteiro de preferência) que eu gosto e recomendo, munido também de faróis no lugar dos olhos de tonalidade verde, que é a cor da esperança dizem... esperança que o mocinho se mantenha assim, ou como o vinho do Porto, melhore ainda mais com o tempo... sim, eu sei que é dificil, mas é daí a esperança....


“O corpo é a recriação perfeita para enganar os preguiçosos. 
É para isso que ele serve. Para forjar existências.
 Há quem passe pelo corpo sem nunca passar pela vida.”



"In Sexus Veritas", de Pedro Chagas Freitas

[há corpos de anjo que são a criação perfeita para o pecado...]


Brandamente, por vezes, te desvio
de mim, para melhor, depois, sentir
que és bem tu que eu agarro, acaricio,
bem tu que eu pude, em mim, fundir.

José Régio


[...uma espécie de tango... que não sei dançar, não sei desviar-te por medo de perder-te, de perder-me de ti. agarro-te sempre que posso sem desvio, mas sempre em desvario.]

08 setembro 2013


[a minha ternura sobre os teus lábios, 
o horizonte mesmo debaixo da ponta dos dedos que te percorrem. 
O teu olhar que me torna surda de razão, 
os teus beijos que me cegam
em sorrisos mudos a gritar para dentro. 
O teu sorriso que me morde de vida,
o teu cheiro que me devassa.
Restam-me os braços para te agarrar e abraçar, 
prender a realidade que não queres ser. 
Que não és.
és só a minha ternura, 
o horizonte da ponta dos meus dedos, 
o meu sorriso, 
a minha loucura e o meu abraço de infinito.
Mais nada.]

Boa Noite

07 setembro 2013

nas tuas mãos começa o precipício.


Luís Miguel Nava
"Não há nada a lamentar sobre a morte, assim como não há nada a lamentar sobre o crescimento de uma flor. O que é terrível não é a morte, mas as vidas que as pessoas levam ou não levam até a sua morte. Não reverenciam suas próprias vidas, mijam em suas vidas. As pessoas as cagam. Idiotas fodidos. Concentram-se demais em foder, cinema, dinheiro, família, foder. Suas mentes estão cheias de algodão. Engolem Deus sem pensar, engolem o país sem pensar. Esquecem logo como pensar, deixam que os outros pensem por elas. Seus cérebros estão entupidos de algodão. São feios, falam feio, caminham feio. Toque para elas a maior música de todos os tempos e elas não conseguem ouvi-la. A maioria das mortes das pessoas é uma empulhação. Não sobra nada para morrer."

Charles Bukowski


...Ámen.

05 setembro 2013



“Tinha um pouco de cerveja na geladeira e ficamos lá sentados, conversando. E só então percebi que estava diante de uma criatura cheia de delicadeza e carinho. Que se traía sem se dar conta. Ao mesmo tempo se encolhia numa mistura de insensatez e incoerência. Uma verdadeira preciosidade. Uma jóia  linda e espiritual. Talvez algum homem, uma coisa qualquer, um dia a destruísse para sempre. Fiquei torcendo para que não fosse eu”


Charles Bukowski, Crônicas de um amor louco

[a consciência dos homens é uma coisa deliciosamente retorcida e inconsciente. não se consegue viver com eles, e ainda assim, não se consegue viver sem eles - alguém disse e eu fixei, não sei quem. ]

03 setembro 2013

Ora este é muito mais o meu género....
Não há mocinhos a dançar um Tango como deve de ser, só Homens!!
Isto sim é uma coisa à séria, que eu ainda hei-de aprender, é menos colado,
 mas eu diria que só faz aumentar a paixão, a sensualidade, da coisa... 
mas pronto, isto sou eu...
que acho que o Tango é das coisas mais fortes, intensas e vibrantes de se ver dançar quando é bem dançado, 
tem todos os ingredientes para ser explosivo: paixão, desejo, sensualidade, muito sal e ciúme à mistura...
Tang@-me...