Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

06 abril 2015

Dia de loucos depois duma noite em que não se notou ter-se chegado a dormir. O sono não vinha sem eu saber porquê, não tinha mais que me preocupar que nos dias anteriores... mas era um raio duma agitação interior que não me largava o bater do coração, a ansiedade de não sei o quê... estranho e não percebi o porquê... mas nem tudo tem porquê, ou se calhar tem, nós só não o sabemos.
Depois, o dia a atropelar-nos a levar-nos à frente, a fazer-nos a vida e nós a termos de pelo menos tentar acompanhar. No meio do dia conversas salpicadas de frases que depois me ficam na cabeça, umas efectivamente ditas, outras só meias ditas, "a minha pele deve ser alérgica a quem não me conhece a alma, a pele para mim não é fronteira, não é onde começa o corpo e acaba a alma, é onde ela brinca, ri e aproveita no corpo o que alma tem para dar e receber - não é o fim da alma e começo do corpo, é o começo da vida que se vive"... 
E agora o final do dia, o repouso que devia cair nos ombros não se chega a sentir, só o peso, o peso do final do dia. Na pele e na alma. Pode ser que o jantar aligeire com um bom vinho estas duas que não se sabem descoser, saber onde uma começa e acaba a outra. Ainda são o mesmo - eu.


"Eu não sou como muita gente: entusiasmada até à loucura no princípio das afeições e depois, passado um mês, completamente desinteressada delas. Eu sou ao contrário: o tempo passa e a afeição vai crescendo, morrendo apenas quando a ingratidão e a maldade a fizerem morrer."

Florbela Espanca

[bom resumo para o último cigarro da noite. Parece-me que eu sou ao contrário em muita coisa. Não sei se isso é bom, e mesmo não sendo mais fácil assim, há muitas coisas em que não quero mudar.]

Boa noite