Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

31 janeiro 2015

(Catherine Deneuve, por Helmut Newton)

Para atrasar a morte vamos abrir a noite
com música de jazz
Percorrê-la depois
num barco de borracha
Celebrar o segredo
Enforcar a memória
Descobrir de repente
uma ilha que nasce dentro do teu vestido
Chamar-lhe Madrugada
Adormecer contigo

David Mourão-Ferreira

[sim, abrir a noite com música, melhor se daquela que se sente e não se ouve; percorrê-la com o ondular meigo, do mar enamorado da lua, nos lábios. Enforcar a memória que embriaga de realidade o que se quer sonhado. Explorar o corpo do meu vestido, território submerso das tuas mãos. Acordar contigo a pele e adormecer nos braços da tua alma.]
Isto sim, é que é programa...
.... Uiiiii preciso disto!! Café e sol...
... A caminho! (espero eu...)

Bom Dia!
... Parece que hoje, ou melhor ontem, foi o dia da saudade. Quem deu um dia à saudade não deve fazer ideia do que é... Quando há saudade, todos os dias são saudade, todo o dia. É uma coisa que se nos pega à pele e se cola ao olhar, que impregna o pensamento e toma conta de nós. É um estado de alma, não um dia de calendário... Quem dera que assim fosse. Um dia por ano sentirmos saudade, e depois da meia noite, qual sapato da cinderela, descalçar-se, perder-se, quebrar-se o encanto... 
Quem dera. Assim seria fácil para quem não quer sentir saudades, lembrar-se de ontem com vontade de hoje.

Boa noite