Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

09 dezembro 2012

Queria tanto ir-me embora de mim.
Foi esta frase que me ouvi, de lábios selados e olhos fechados, trancada em mim. O único sítio onde não queria estar. O único sítio donde queria fugir. Oiço-me por dentro enquanto adormeço o mundo de ruídos à minha volta, dum mundo que teima em continuar a dar voltas enquanto eu nao saio de mim.
Queria tanto ir-me embora de mim, sem me despedir, sem aviso, sem saudades. Olhar-me e já não me estar, evadir-me por entre duas respirações do mundo onde não me sinto. Saudades fazem correr lágrimas por dentro, escorrem pelas paredes da alma arranhando o caminho pelo caminho. Por fora o mundo dá voltas e sai estrada fora, enquanto as lágrimas não me saem de dentro, mesmo que as sinta como se pode sentir um rio correr até à nascente, mas não se poderá ver nunca. Eu só queria ser mar. Não quero correr para dentro das saudades.
Queria tanto sair de mim. Para não me sentir, para não te sentir.