Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

10 janeiro 2010

silêncios

No silêncio cabe tanta coisa. Cabe o que calamos e queremos dizer e cabe o que simplesmente não queremos dizer. Cabe tudo o que queríamos ouvir e tantas coisas que ouvimos. Há silêncios cheios de ruídos ensurdecedores e há silêncios puros. Há silêncios constrangedores e há silêncios partilhados sem constrangimentos. No silêncio tudo é verdade, tudo pode ser verdade até a mentira de pensar que no silêncio cabe o que não está lá. Que o silêncio não cala, apenas não há verdadeiramente o que dizer...

Ouvir-te o que quero dizer-te

Se eu pudesse dizer
Não sei que diria
Melhor
Seria ouvir-te
O que quero dizer
Ouvi-lo do teu corpo
Segredado ao meu
Nesse instinto selvagem
Roubado à razão
Que te emudece
E me ensurdece

Cama fria

A cama fria é que eu ressenti, o acordar durante a noite e ter frio, sem qualquer alteração que não o lado da cama vazio...estranho...tudo o resto não me causou estranheza, não me falta, não sinto que me falte (ainda) nada e apetece-me até dizer que agora me sobram coisas...tempo, e não digo que sobre por não saber o que lhe fazer, mas que me sobra para que possa fazer o que quero... Tempo para mim foi o que ganhei, e tranquilidade, muita tranquilidade... para agora me redescobrir e pensar o que fazer da minha vida neste 2010 que agora começa cheio de mudanças e de esperanças e de vontades... Sinto que algo em mim mudou, não sei se para melhor se para pior, mas sinto que algo de muito genuíno nasceu neste processo... a vontade de ser eu, de não me esconder, de querer, de querer viver e arriscar, de me lançar na vida sem medo de me magoar...que me magoem. E não que duvide que me possa, ou vá, magoar, só agora vejo que assumir que não quero ser magoada é assumir que não quero arriscar ser feliz.