Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

06 janeiro 2013

Boa Noite



Escreve-me! Ainda que seja só
Uma palavra, uma palavra apenas,
Suave como o teu nome e casta
Como um perfume casto d’açucenas!
Escreve-me! Há tanto, há tanto tempo
Que te não vejo, amor! Meu coração
Morreu já, e no mundo aos pobres mortos
Ninguém nega uma frase d’oração!
“Amo-te!” Cinco letras pequeninas,
Folhas leves e tenras de boninas,
Um poema d’amor e felicidade!
Não queres mandar-me esta palavra apenas?
Olha, manda então… brandas… serenas…
Cinco pétalas roxas de saudade…
Florbela Espanca

[já não se escreve a ninguém, já ninguém escreve palavras apaixonadas, cartas de amores impossíveis, somente de palavras escritas possíveis, que a vontade tornaria em atitudes mais que possíveis, porque menos, perante tal força de amar, seria impossível. Já não há sequer amores possíveis, por isso as palavras tornaram-se impossíveis. Já ninguém escreve. Já ninguém escreve, especialmente, uma palavra apenas com tudo dentro. Já não há Amor, só amores passíveis de passar passivamente sem escavar a alma à profundidade impossível nas almas sem Amor.]
...assim era  muito mais interessante fazer o almoço...lá isso era...
Bom Dia!!