Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

14 junho 2014

Esticadinha de pijama na varanda. O sol ainda só toca as pontinhas dos dedos dos pés. Está um calor bom, misturado com uma brisa que não abafa. Só a preguiça - tanta - abafa. 
Acabada de pintar as unhas, com os dedos espetados como se isso evitasse algum desastre, tenta-se pensar no resto do dia com cores boas, relembra-se a conversa com primo ao telefone e entendemos que não se pode entender porque gostam de nós, ou porque gostamos de alguém, mas sabemos que relembrá-los, ou algo deles, nos faz o sorriso de dentro espelhar-se num sorriso para fora. Com tudo isto tenta-se afastar os fantasmas a quem queremos virar a cara e meter ordem de despejo da alma. Moram mas não habitam. 
Entretanto penso se pinto os pés também. As unhas, bem entendido, se bem que com o meu jeitinho se calhar é mesmo mais os pés...
...coisa mais boa!!
coisa linda.
Bom Dia.

"Vá dormir muita coisa boa.
Minha."

Vou. Depois de fumar o último cigarro na varanda, de pijama, à procura da lua que não devo ver.
Amanhã é outro dia. Felizmente.
Boa Noite.

“Ele jogava às escondidas no corpo dela, e ela mostrava-se feliz com aquele formigueiro no íntimo resguardo do corpo, que mais parecia um fruto vermelho, possuído. Havia um cheiro a prazer na cama, lençóis sujos da sujidade mais limpa dos corpos, e murmúrios que ficavam exaustos de uma noite para a outra.” 

João Morgado

[um fruto vermelho, uma maçã, uma tentação, a Eva que já não sou.]