Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

13 novembro 2014


(...)
É que enquanto o criminoso tem uma certa tendência natural p´ra ser vitimado
Jeremias nunca encontrou razões p´ra se culpar
(...)
Como um poeta ele desarranja o pesadelo p´ra lá dos limites legais
Foragido por amor ao que é belo e por vocação
(...)
Gosta de tesouros e mapas sobretudo daqueles que o tempo mais mal tratou
Gosta de brincar com o destino e nem o próprio inferno o apavora
Não estando disposto a esperar que a humanidade venha alguma vez a ser melhor

Jeremias escolheu o seu lugar do lado de fora

Jorge Palma

[Ando há dias, muitos dias, a ouvir Jorge Palma. Assento arraiais logo de manhã na poesia deste homem, que gosto, de quem aprecio a loucura meia mágica, e talvez esta noção "do lado de fora" - do inferno que não teme e, por isso, do destino que desafia dia a dia, de peito aberto munido apenas do amor ao que é belo, sem culpas por lhe faltarem ambições. Tem leis próprias e a consciência que o mundo é um mundo para viver do lado de fora, e às vezes - tantas - esse é o lado certo, assumido, sofrido, mas tornado poesia. Sempre o belo: a poesia, a música a magia de certa loucura. A beleza para quem tem coragem de a ver e a perseguir: para quem tem coragem, ou vários copos atestados de litros de ilusão que a noção da realidade já não nos deixa ter... 
...beleza... será a beleza apenas ilusão?, será a ilusão bela?, ou toda a beleza apenas uma ilusão que pode ser até eterna em tanta coisa? e uma ilusão eterna não é uma realidade?... o amor será dessas?... eu e as perguntas... adiante... 
Tenho ouvido este senhor, e gosto deste personagem fora da lei, sorrio com ele quando olho o mundo, sorrio quando os semáforos todos, numa brincadeira de criança me fazem parar e assim dizer-me que não te falto, que não te lembras, que não te estou... e rio-me, rio-me da parvoíce destas perguntas, destes jogos de criança que já não devia ser.  rio-me dos semáforos sempre tão corados para mim, rio-me deles, rio-me de mim, rio-me de ti e rio-me de cada vez mais querer não querer saber. Não querer saber se me queres, se te quero, se há sequer querer aqui. Não querer saber nada. Não querer saber de nada, mas de ainda fazer perguntas parvas a semáforos demasiado corados e tímidos com a vida... ou então é só comigo. ]

Bom Dia