Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

11 dezembro 2012


Ela diz que é o contrário, 
que ela não pode esquecê-lo, 
que a partir do momento em que não se passa nada entre eles, 
fica a memória infernal daquilo que não acontece.

marguerite duras 


[o inferno do que nunca aconteceu. o inferno do que não teve lugar, nem terá. o que já aconteceu quieto no passado, a nada alterar, a nada alimentar, a nada respirar, senão a memória e a memória que traz do que nunca será. o nunca, o meu inferno pessoal do nunca, porque o nunca é para sempre. para sempre o inferno do que nunca foi. como os "ses", que ficam para sempre porque são filhos do nunca.]


"Separação inexiste, se há força de amor e fé.

Sentir saudades é trazer mais perto ainda,

tudo que a gente pensa perdido.
'Saudadear', dizia ele."

Guimarães Rosa

["saudadear", outra maneira de respirar longe,
 de ter o coração a bater à distância,
e saber que já não é nosso.]