Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

16 março 2015

(foto @ryanmuirhead)

"Amuralhar o próprio sofrimento 
é arriscar que ele te devore desde o interior.”
Frida Kahlo.

[as muralhas levantam-se para nos proteger. Protegem. Talvez.
Protegem-nos do bem entrar e do mal sair. Também.]

Boa Noite

Falei contigo - falei sozinha não sei se me ouvias. Fiz-te festas, disse-te que não sabia fazer mais nada - que não sabia, nem sei, que mais fazer. Nada está nas minhas mãos, nas minhas mãos só festas com carinho que posso dar, concluo e digo-to: não sei fazer mais nada, penso até que não sirvo para mais nada, nem me querem para mais nada. Sinto-te quente, olho para os números, não sei nada daqueles números, não daqueles. Não sei nada. Dei-te um beijo antes de vir embora. Não sei porquê, não o fiz das outras vezes. Só o percebi quando to dei. Não sei porque o fiz e fiquei a pensar nisso, não to devia ter dado. De repente parece-me uma despedida. Das outras vezes não o fiz. Saí com medo. 
Nada está nas minhas mãos, só as festas que não guardo de quem não quero despedidas. Mas dei-te um beijo, e fiquei a pensar nisso. Com medo.