Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

19 maio 2013

Esperando boleia para um café com historias que se comem à colher, que eu preciso comer, saber que é possível, que existem, sentir-lhes o cheiro e reconhecer o sorriso que fazem nascer. Não quero perceber que reconheço esse sorriso porque já o tive, porque afinal ainda o tenho quando olho para trás. Em muita coisa reconheço essa pitada extraordinária de felicidade fácil, sem espinhas, das coisas simples - do simplesmente estarmos com quem queremos, com quem gostamos - tanto, que é preciso uma lupa e muita vontade para ver o resto do mundo que foge quando pessoas assim se juntam. E o depois, o sobreviver a essa perda, como se faz? Quando o outro é arrancado de nós sem aviso e sem ser a sua vontade, mas a das coisas, da vida, da morte. E como se faz quando a perda é só nossa por opção do outro?
Boa Noite

(...)
Hoje, aqui, já, neste momento,
Ou nunca mais.
A sombra do alento é o desalento
O desejo o limite dos mortais.

Miguel Torga
[nem hoje nem amanhã, nem aqui nem noutro lugar, é sempre o nunca. sempre o desalento do nunca mais. o nunca mais que queres sempre para sempre]