Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

30 novembro 2014

A tentar absorver o sol com a pele. Tentar despir-me o mundo fechando os olhos. Vestir-me de mais um dia que não me assenta. Pinto o céu de azul à volta das nuvens, apago as estrelas e escondo a lua, atrevidamente fora de horas, com o sol.
Aqui sentada numas escadas que não sobem nem descem, que não levam a lado nenhum, o sol parece não saber nada, e o dia mudo. Percebo que a pele não me chega dentro. E que não me chega. Apenas existo, como o dia que não fala e o sol que não passa além da epiderme. É uma forma de respirar, que não sabe inspirar e não sente expirar.

29 novembro 2014


... True.
E hoje é dia para deixar algumas fechadas, 
aproveitar o frio do dia disfarçado de sol da maneira mais quente que se encontrar. 
Dizem que rir faz bem e gente que goste de nós também...
Bom Dia

28 novembro 2014



- Que procuras? – Tudo.
- Que desejas? – Nada.
Viajo sozinha com o meu coração.
Não ando perdida, mas desencontrada.
Levo o meu rumo na minha mão.

Cecília Meireles

[Viajo sozinha. Como sempre. E gosto... às vezes não gosto, mas sei que sozinha é a minha escolha de não estar com quem não me arranca a solidão de dentro. E, sendo assim, prefiro sozinha: já que não arranco a solidão de ninguém que eu queira, e de ninguém que eu queira sou escolha. Sozinha então, que sozinha vai-se bem. E estou a precisar de ir sozinha, de novo, um dia destes qualquer que o mundo me largue e eu possa fugir para longe, para mais um dia de tempestade quem sabe. As tempestades andam atrás de mim, perseguem-me porque não lhes fujo, ainda que cheia de medo, às vezes a vociferar entredentes, não lhes fujo. Também não as procuro, apenas sigo o meu caminho, aquele que eu escolher. E vou. Se alguma tempestade me seguir, ela que me apanhe, não é difícil. 
Não ando perdida, não procuro nada, ainda que deseje o tudo do meu todo (que é tão pouco). Não ando perdida, mas não serei fácil de encontrar, poucos calçam estes caminhos desencontrados de não procurar nada de tudo que mais se deseja. Porque o que mais se deseja não se pode procurar, e nem sequer se sabe que se deseja, surpreende-nos, encontra-nos nos desencontros da vida. Se me encontrarem, apanhar-me é o mais simples, então se for tempestade, é o raio mais certeiro. ]

Bom Dia

27 novembro 2014


"É tão fácil não gostar. Não querer. Não correr. Permanecer naquilo que já conhecemos. Que não nos surpreende. Saber de cor os dias. e ter as noites controladas. Ter o passo seguinte traçado e o caminho meio rabiscado. É tão simples prescindir e não lutar. É tão fácil querer viver no vazio. É simples esquecer sentir. Optar não tentar.
É tão parvo não gostar quando se gosta. É idiota não querer quando se quer. É estúpido não arriscar. É triste o medo ganhar.
É pequenino não querer ser grande."

Rita Leston

[será tudo isso tão simples? não a essas coisas todas? não sei. 
Será tão mau assim preferir o cómodo e não arriscar? não sei. 
...não arriscam a pele, não arriscam perdê-la por deixar de senti-la, ainda que ela continue no seu lugar, intacta; não hipotecam a alma sem saber quando a recuperarão, ainda que a saibam sua. Nunca são verdadeiramente infelizes nessa comodidade acomodada, nem nunca saberão o que é poder perder a felicidade que se tem, que se sente, que nos mostra como a vida pode correr nas veias e o coração saltar obstáculos. Mas também quem é que quer isso? Essa aposta alta de vida? Essa roleta russa contra as probabilidades?...é tão melhor um seguro da vida que não se chega a viver e uns chinelos amarfanhados, de quem anda na guerra, ainda que pouco gastos onde chamam casa, e onde nunca sentimos estar com os dois pés. 
Não sei o que é melhor. Não fiz o seguro, e a minha guerra é procurar os chinelos para os dois pés quando não quero andar descalça.
Talvez um dia. Depois saberei. ]

Aceitar o dia. O que vier.
Atravessar mais ruas do que casas,
mais gente do que ruas. Atravessar
a pele até ao outro lado. Enquanto
faço e desfaço o dia. O teu coração
dorme comigo. Agasalha-me as noites
e as manhãs são frias quando me levanto.
E pergunto sempre onde estás e porque
as ruas deixaram de ser rios. Às vezes
uma gota de água cai ao chão
como se fosse uma lágrima. Às vezes
não há chão que baste para a enxugar.

Rosa Alice Branco
[Aceitar o que vier, e o que não vier também. 
Atravessarmo-nos até ao outro lado de nós, onde já estamos e nos esperamos sem saber o que esperar de nós, mas sabendo que lá chegaremos, que não nos faltaremos no que de nós sempre resta. Que nos chegaremos, que nos bastaremos, e que isso chega para respirarmos dia a dia, o dia que vem e tudo o que vai. Respirar até um dia - e pode ser mesmo só um dia - o dia nos respirar e a vida nos encher os pulmões da alma que sabemos que sente, que foi feita para sentir, e isso nada nos tira, pode adormecer, pode até adoecer, mas o que é verdadeiramente nosso não se perde, nem nos podem roubar. Mesmo que nos roubem o chão que nos enxuga as lágrimas, as lágrimas são nossas, o sorriso que as seca também, como a alma que nos habita e não nos morre. A alma é o que somos, é o nosso último reduto, a nossa essência, o que fica quando tudo o que pode ir vai, quando nada mais nos acresce além de nós. E há dias em que nos basta para aceitar o dia e agasalhar as noites. Sabermos quem somos. Mesmo que nos pareça pouco, nos pareça pequeno, nos pareça frágil. Mesmo que não consigamos ver em nós o que nos vêem. 
Nos dias em que não se acredita, aceitar. O que vier, e o que não vier também.]

Bom Dia

"-Vou guardar as tuas mãos na paixão que tenho por ti,
mas não te posso revelar o meu nome, nem precisas de o saber.
Chama-me o que quiseres, dá-me um nome para que possamos amarmo-nos.
Aquele que tinha perdi-o no caminho até aqui.
Pertencia a outra paixão, e já a esqueci.
Dá-me tu um nome para eu poder ficar contigo..."

Al berto

[dá-me um nome,
um que seja meu,
que sinta meu,
que seja eu,
eu pelos teus olhos
e que seja eu.
Que sejam os meus olhos,
o meu olhar,
a minha pele
e a tua sede de vida.
Chama-me com paixão,
sussurra-me de ternura,
berra o teu grito por mim, por ti.
Agarra-me pelo nome,
chama-me pelas mãos.
Chama-me como me queres.
Chama-me o que quiseres,
mas chama-me tua,
a tua vontade,
o teu desejo,
o teu sonho,
o teu amor.
Chama-me.]

Boa Noite

26 novembro 2014

.. a sério isto hoje está de partir dentes ao murro!!
Por que é que as pessoas são tão medíocres e tão pouco gente?
Por que é que não têm tomates para dizer o que pensam... ahhh espera... já sei, é porque não conhecem essa actividade, quanto mais praticá-la, mas depois seguem a manada... 
a sério, hoje estou capaz de emigrar e ver se encontro gente decente e que fuja da mediocridade como eu hoje fujo desta gente para não ter de decentemente lhes partir os dentinhos todos...
haja pachorra para tanto palerma!!
...E para tanto burrice, hipocrisia e falta de tomates.
Irrrrrraaaa!!


As horas voam quando a languidez não se apressa. 
Os beijos alongam-se onde o amor se demora.

Boa Noite

25 novembro 2014


Só por existir
Só por duvidar
Tenho duas almas em guerra
E sei que nenhuma vai ganhar

Só por ter dois sóis
Só por hesitar
Fiz a cama na encruzilhada
E chamei casa a esse lugar

E anda sempre alguém por lá
Junto à tempestade
Onde os pés não têm chão
E as mãos perdem a razão

Só por inventar
Só por destruir
Tenho as chaves do céu e do inferno
E deixo o tempo decidir

E anda sempre alguém por lá
Junto à tempestade
Onde os pés não têm chão
E as mãos perdem a razão

Só por existir
Só por duvidar
Tenho duas almas em guerra
E sei que nenhuma vai ganhar
Eu sei que nenhuma vai ganhar


[Entrei no carro quase a acabar uma música. Por instinto, para me calar os pensamentos, para me afogar os olhos de claridade, para a poesia me aquecer a alma e fazer nascer o dia em mim, aumentei o volume. Apareceu-me esta música. Esta que não é nada minha a não ser quando atravesso a ponte para a outra margem de mim, onde encontro outros sapatos que tantas vezes calcei para lhes sentir a forma, as partes gastas, onde doía e onde serviam, onde aquecia e onde a água entrava quando chovia, para tentar perceber como às vezes chovia lá dentro quando chovia pouco, e chovia o mesmo quando choviam tempestades. Habituei-me a fazer essa travessia como quem visita outro lado duma casa minha, em que moro sem habitar todas as divisões, portas que abro para ser visita da casa, para perceber o todo, para perceber o nós. Talvez como uma parte de mim  por empréstimo, por afinidade, mas que nunca fui eu, e que nunca foi meu. Lugar que conheço bem, acho que sim, mas que não me habita.
Há uma música para tudo, para cada situação, para cada estado de espírito, para cada falha da alma, e cada fala da alma, e esta faz-me sentido há tanto tempo... alguém fazer a cama na encruzilhada e fazer casa desse lugar, no meio de nada e na encruzilhada de tudo, deixar o tempo decidir que não decide. O tempo nunca decide nada é a sua única decisão, só nós decidimos, algures no tempo, depois dizemos que o tempo decidiu, porque as mãos perderam a razão e o chão perdeu-nos os pés. E almas em guerra não dão paz a ninguém. E esta música não me dá paz, mas não me faz guerra. Entendo-a. Entendo-te. Mas há olhares que me dão paz que não entendo.
(E sim ainda ando a ouvir Jorge Palma. Por enquanto.) ]

Bom Dia


24 novembro 2014

... o acaso e o destino...
Um não se procura o outro nunca se perde...

(e ando com um projecto pensado, que me anda a moer os espaços vazios da consciência, uma coisa inesperada, nunca programada, nunca prometida, talvez fruto do acaso, talvez parte dum destino que não adivinhava. Mas nasceu, de repente a ideia estava acabada sem a notar embrionária, como se já nascesse completa, de corpo inteiro e alma à medida do corpo. Há alturas em que a vida nos larga da mão os sonhos ( será possível largar mão dos sonhos? os sonhos não se agarram e não são para agarrar, são a luz que se persegue, nunca se agarra, é a luz que orienta, que nos ilumina na escuridão dos dias iguais e tão pouco nossos... será que podemos abrir mão deles?) para podermos agarrar de mãos vazias, mas sedentas, projectos de encher as mãos de coisas que se transformam em vida, na nossa vida, em nós. E eu ando a pensar nisso. E talvez agarre com as duas mãos, só tenho medo de perceber que as minhas mãos não chegam para segurar e concretizar tudo o que gostaria. O medo, o medo de nós e do que pensamos não ser capazes é o maior obstáculo que inventamos para nos atrapalhar, para nos protegermos do fracasso. 
Mas medo é sempre medo, só se assusta se o enfrentarmos.)

Bom Dia

21 novembro 2014



"Dias Bons:

o despertador toca, olho para as horas, espreguiço-me e levanto-me. no duche, cantarolo músicas cujas letras desconheço. olho-me ao espelho e “converso-me”: are you talking to me? you are so stupid! e sorrio. qualquer roupa me fica bem e ao pequeno almoço oiço na TV que está trânsito e que o tempo vai piorar e por isso escolho ir de metro e sem guarda-chuva, porque há beleza na chuva e ainda vai dar para ler o jornal durante a viagem.
chego um pouco atrasado ao trabalho e o chefe diz “isto são horas?”, respondo com um sorriso “horas e minutos” e o chefe sorri dizendo entre dentes “que engraçado que ele está.”
ao almoço, a sopa vem fria, peço educadamente “oh Sr. Manel eu sei que lá fora está frio, mas a sopa está de simpatia com o tempo?”, o Sr. Manel oferece-me a sopa no fim. de tarde, um colega de trabalho pede-me “oh pá, preciso que faças este trabalho até às 17h” e eu respondo “não te preocupes, eu dou conta do recado como de costume”.
depois do trabalho vou para o metro e oiço música que me inspira a escrever. Chego a casa e a namorada diz “vamos jantar fora”, ao que respondo no imediato “onde?”. de volta a casa, é a minha vez de levar o cão à rua, voltar à chuva e à inspiração. ligamos a TV e vemos um filme. a meio do filme fazemos amor e dormimos agarrados um ao outro.

Dias Maus:

o despertador toca, apetece-me atira-lo contra a parede. no banho, deixo a água escorrer-me pelo corpo enquanto fico de cabeça baixa a tentar acordar. olho-me ao espelho e não penso, desligo a luz. qualquer roupa me fica mal e de tanto escolher, escolho a pior. ao pequeno almoço oiço na TV que está trânsito e que o tempo vai piorar, penso em voltar para a cama.
chego um pouco atrasado ao trabalho e o chefe diz “isto são horas?”, respondo de forma rabugenta “horas passei eu enfiado no carro a aturar gente maluca. anda tudo a dormir na estrada. vou trabalhar!”
ao almoço, a sopa vem fria, resmungo “oh Sr. Manel o raio da sopa está gelada! espero que o resto da comida não venha assim!“ o Sr. Manel pede desculpa e vai-se embora. de tarde, um colega de trabalho pede-me “oh pá, preciso que faças este trabalho até às 17h” e eu respondo “é sempre a mesma coisa, tudo em cima do joelho, depois queixam-se! não faço milagres, não prometo nada, mas sim, faço isso até às 17h.”
depois do trabalho vou para o carro e oiço na rádio que está trânsito. o tipo do carro da frente demora uns segundos a arrancar do sinal vermelho e eu já estou a apitar. chego a casa e a namorada diz “vamos jantar fora”, ao que respondo no imediato “acabei de chegar! não me apetece sair”. jantamos qualquer coisa aquecida no micro-ondas. ela diz que é a minha vez de levar o cão à rua e eu digo-lhe que estou de pantufas e que não vou para a chuva. ligamos a TV e vemos um filme. a meio do filme adormeço e duas horas depois vou para a cama sozinho. dormimos separados um do outro."

daniel camacho

[...há quanto tempo não tenho um dia, um dia inteiro bom, não um bocado, não um instante, não uma eternidade bem encaixada entre horários, mas um dia, do acordar ao adormecer, que possa dizer que foi um dia bom? 
Penso, e sei que tive dias bons, dias que gostei, que me assentaram bem, ou em que eu consegui assentar bem neles, vesti-os como eles me vestiram, foi uma boa troca, dias de sorrir para dentro, de me fartar do de fora, de me cansar de tudo que não me é, com a plenitude de sentir o que tenho em mim, só do que tenho e é meu. Porque o que é nosso são só coisas que não nos podem tirar, roubar ou pilhar, o que não perdemos. O que podemos perder não é nosso. 
Sim, tive dias assim. Sozinha. Dias em que gostei de estar sozinha, em mim, comigo. Tive alguns dias bons, onde me senti bem, ainda que não plena, não completa; dias em que os dias são bons porque lidamos melhor com a saudade, porque nos esquecemos do desamor, das dúvidas do que nos querem ou até do que temos. Dias em que optamos por querer estar sozinhos porque desistimos de não nos sentirmos sozinhos com alguém ao lado, de estarmos com alguém e isso nos arrancar da solidão e não aumentar apenas o número de presenças (ou ausências assistidas?). Desistimos - naquele dia -, de querer mais do que se tem, desistimos de querer a plenitude e optamos pelo dia bom, quando ele nos deixa e nós o deixamos deixar... Mas os momentos felizes - não os bons, os felizes -, esses foram instantes, janelas de luz paradas no tempo, carimbadas de eternidade, coisas acontecidas no meio de outras, no meio dos dias compridos corridos, nas noites curtas estancadas no tempo de várias horas e tantas conversas. E um dia assim já não me lembro de ter, em que me sinto eu comigo, sem estar sozinha, em que me sinto plena na outra parte de mim que alguém me traz na extensão do que sou mas não tenho (sou mas não tenho - será meu??...) Tenho em ti, tenho-me plena em ti comigo, e às vezes parece-me que sem ti não me tenho senão amputada do que sendo (m)eu, eu não tenho.
E tu? Há quanto tempo não tens um dia bom? Um dia desde que acordas até que adormeces? Quando foi o último dia? E um dia feliz? E um momento pleno? Lembras-te, sabes? Quando foi? Estavas sozinho em numero ou acompanhado de solidão? 
(lembro-me de um dia me responderes a isto sem to ter perguntado; pergunto-me se o que me disseste era verdade, se era mentira, ou se nem tu sabes, e se a tua resposta ainda é a mesma... perguntas, sempre perguntas, é o que é!!)

Bom Dia

20 novembro 2014



Não sei o que faço aqui, é um facto. Não sei. Mas paro aqui e fico-me comigo. Ponho-me a pensar, a remoer vontades e verdades. Penso que a única coisa que não se controla é a vontade. Nem o próprio controla a vontade que sente, sente e pronto; como tudo o que é sentido, realmente sentido, em modo selvagem e sem filtros da razão, que atrapalha atitudes mas não afasta as vontades. Por muito que se julgue que se controla alguma coisa, a vontade de alguém é incontrolavel, é o instinto mais íntimo a dizer, a gritar-nos, o que quer. Mesmo que tentemos não ouvir, mesmo que tentemos assobiar para o lado a cada dia, os dias não parecem levá-la e não conseguem calá-la. E arranja sempre maneira de respirar por nós e calar-nos os assobios.

.... Que tal este milagre? Vê-se bem?
Começar o dia assim, B
Ou acabá-lo?... Ao dia, pahhh tu não acabes o moço que senão é milagre de pouca dura...
(este nosso português só te digo... é preciso ter muito cuidado com ele ahahahah)

Bom Dia
(Está melhor assim? Menina B?, vamos a animar, sim?)
(...)
Brandamente, por vezes, te desvio
de mim, para melhor, depois, sentir
que és bem tu que eu agarro, acaricio,
bem tu que eu pude, em mim, fundir.
(...)

José Régio

[...agarrar como se a vida me escapasse das mãos, tão bem como guardo as palavras que não digo.]

Boa Noite

19 novembro 2014

(da página Poeme-se, aqui)

..." falar contigo é uma tentação demasiado grande."
Há frases que fecham bem o dia.
Ainda há coisas boas como conversar, ouvir coisas destas e sorrir.
Sentirmo-nos bem.
Só porque sim.

Boa Noite 

18 novembro 2014

... e nem sempre é fácil distingui-los, só vos digo.
(mas a frase é unisexo, sejamos justos)

Bom Dia


"... Este vestido é mesmo bom para fazer assim..."

... E tanto que haveria a dizer sobre isto e sobre tanta, tanta coisa...
Mas o silêncio é uma coisa boa.
Não se ouve e nem se vê, mas às vezes apalpa-se.
Calemo-nos então e fechemos os os olhos...

Boa Noite

17 novembro 2014




"Já dizia Clarice: A vida não é de se brincar porque um belo dia se morre. E concordo com o velho Buk, se parássemos para pensar nisso, quem sabe podíamos amenizar um pouco dessa agonia toda? Todo momento de nossaodia é uma escolha, e como disse o Jô Soares em entrevista recente: Escolher é perder sempre. Mas cabe a nós decidirmos o que vale a pena perder, já que não temos todo o tempo do mundo. Que diabos, nem ao menos sabemos quanto tempo nos resta!

Se cada escolha significa uma renúncia, não está em tempo de pensarmos melhor sobre nossas perdas? Em pensar menos no volume, na quantidade, e mais na qualidade daquilo que estamos escolhendo? Vários colegas ou um bom amigo? Várias risadas forçadas em uma festa ou uma noite com risadas sinceras de doer a barriga? Muitas transas vazias ou poucas transas com possibilidades do aconchego do depois? Que tal menos ‘doer’ e mais ‘doar’?

Não estou dizendo que devemos deixar de fazer outras coisas triviais. Não devemos ser sérios sempre, nem filosóficos sempre, nem ser altruísta sempre – mas aprendi que a vida nos da dois caminhos de aprendizagem: o da dor e o do amor. E enquanto eu puder escolher, fico com o segundo, ainda que pareça que ele dói às vezes, o caminho do amor é sempre a melhor opção. E já que não temos escolha sobre a morte, que ao menos a gente possa escolher as possibilidades que deixam a vida mais leve. Daqui a gente não leva muita coisa mesmo."

Apanhado aqui.

[Tema já recorrente aqui no tasco... as escolhas, o cada sim ter o seu não equivalente, o cada não ser um outro sim noutro sentido. No fundo o que diz Jô Soares: "escolher é perder sempre." É isso, para escolher o que queremos ter, o que queremos agarrar e viver, temos de escolher o que perder, a alternativa de que abdicamos. Ver o que mais valorizamos, o que mais nos poderá fazer felizes. Que felicidade escolhemos, afinal. Mas é sempre uma escolha, sempre. Escolham bem. Nunca se sabe quanto tempo temos para corrigir os erros que poderíamos não ter feito. O mundo gira, às vezes até pode girar na nossa mão, ou parecer, mas não volta atrás, nem pára de girar.]

16 novembro 2014


"- Vais deixar de gostar de mim, e não te censuro quando deixares.
-Poderei vir a odiar-te mais, mas nunca te amarei menos"

(... Grande frase. Ouvido num filme.)

"(...)

(Até que passem muitos anos
sairás de dia à rua
em busca de quem esperam que tu sejas –
e acharás que não o achar
é falha tua

E depois passarão anos
até que entendas:

Que te querem para o que não és, pelo que não tens
Que te querem mas não é a ti –
Querem o outro que acham que devias ser

E tu deixaste que te quisessem assim
e tu aceitaste que te quisessem mudado
como se alguém estar com alguém
fosse um favor e não uma oferta

E no que não mudaste,
no que não conseguiste,
ainda sentiste culpa)


Até que passem muitos anos
submetes-te ao teu captor: dás-lhe razão

Até que passem muitos anos
e a alma mude
e o corpo mude

Ou até que acordes um dia
do sono acordado, do rapto do ego,
e compreendas
a independência dos corpos
a independência das almas

E entendas
que a vida é um jardim de inverno
onde poucos te plantam algo
onde outros vêm colher, sem ter plantado,
e afinal ainda se queixam da escassez"
Roubado do Menino 
(a pilhagem continua, e continuará, enquanto escrever assim e a dizer o que também penso e sinto...)
Bom Dia

15 novembro 2014

Há coisas que quanto mais se tenta aprender menos se sabe. 
A espontaneidade, as coisas que se fazem com alma e da alma. Podem ler enciclopédias, citá-las de cor, ir a todas as cidades e melhores museus, nada disso ensina a deixar escapar uma gargalhada de dentro, livre. Ou a roubar um beijo no incerto momento certo nunca esperado, mas que acontece espontaneamente quando temos a alma nos lábios. Quando temos alma. Viva. Espontânea.

O vento corre fora da janela, vai com pressa e alarido. Assusta, assusta-me. Nunca gostei de vento, quando enfurecido leva tudo à frente. Refugio-me no quentinho da cama, faço ronha até não poder mais, até o dia me obrigar a levantar e a acordar. Mas não me apetece. O calor aqui é doce e tranquilo. Só me falta aqui um abraço de quatro braços e pernas e uma só vida. Falta-me. 
Faltas-me. Ainda.

(E acho que agora já são mesmo horas de levantar...)
"Não me dá tesão a espera. não sou dos que acredita que o prazer é tanto maior quanto é mais antecipado. gosto das coisas longas, sim, não sempre lentas, mas longas (excepto aquelas que são momentos roubados no carro, na rua, num elevador ou no escritório de alguém, na casa de banho dos bares – e as outras em que o desejo mútuo é fogo que não admite preliminares). mas alongo-me contigo, não sem ti. não me alongo na espera. tolero-a, como se tolera a vida e os seus factos. mas por minha vontade, estavas aqui e era agora. neste chão."


Do Menino, a falar por mim.

Boa Noite

14 novembro 2014

... Eu sabia que afinal devia haver alguma coisa que eu podia fazer bem na cozinha!!!
Está combinado, parece-me um bom programa para hoje. 
Eu levo o vinho..E até trato da sobremesa, e pode ser na cozinha... Enquanto tentas fazer o jantar...
Eheheheh

Bom dia!!

                                                                [foto de yusuke sakai]

"a sombra das coisas que tu vês sou eu."

Joaquim Manuel Magalhães

[... nunca me viste,
será que agora me vês onde não estou?
nas sombras claras
a que falta o sol para fazer sombra?
nos passos que me roubaste
dum caminho que não sentiste?
nas nuvens espessas que cobrem o sol
mas deixam passar uma luz dorida
e cansada?
será que me vês agora?
onde nunca me sentiste?
e sempre me soubeste?
e agora que não sabes nada,
agora que sabes o que é não saber nada,
sentes? vês?
ainda respiras?
ou só brincas com o ar indeciso?
...entra, sai...
enquanto olhas para as sombras,
onde me vês e eu não estou? ]

Boa Noite

13 novembro 2014


(...)
É que enquanto o criminoso tem uma certa tendência natural p´ra ser vitimado
Jeremias nunca encontrou razões p´ra se culpar
(...)
Como um poeta ele desarranja o pesadelo p´ra lá dos limites legais
Foragido por amor ao que é belo e por vocação
(...)
Gosta de tesouros e mapas sobretudo daqueles que o tempo mais mal tratou
Gosta de brincar com o destino e nem o próprio inferno o apavora
Não estando disposto a esperar que a humanidade venha alguma vez a ser melhor

Jeremias escolheu o seu lugar do lado de fora

Jorge Palma

[Ando há dias, muitos dias, a ouvir Jorge Palma. Assento arraiais logo de manhã na poesia deste homem, que gosto, de quem aprecio a loucura meia mágica, e talvez esta noção "do lado de fora" - do inferno que não teme e, por isso, do destino que desafia dia a dia, de peito aberto munido apenas do amor ao que é belo, sem culpas por lhe faltarem ambições. Tem leis próprias e a consciência que o mundo é um mundo para viver do lado de fora, e às vezes - tantas - esse é o lado certo, assumido, sofrido, mas tornado poesia. Sempre o belo: a poesia, a música a magia de certa loucura. A beleza para quem tem coragem de a ver e a perseguir: para quem tem coragem, ou vários copos atestados de litros de ilusão que a noção da realidade já não nos deixa ter... 
...beleza... será a beleza apenas ilusão?, será a ilusão bela?, ou toda a beleza apenas uma ilusão que pode ser até eterna em tanta coisa? e uma ilusão eterna não é uma realidade?... o amor será dessas?... eu e as perguntas... adiante... 
Tenho ouvido este senhor, e gosto deste personagem fora da lei, sorrio com ele quando olho o mundo, sorrio quando os semáforos todos, numa brincadeira de criança me fazem parar e assim dizer-me que não te falto, que não te lembras, que não te estou... e rio-me, rio-me da parvoíce destas perguntas, destes jogos de criança que já não devia ser.  rio-me dos semáforos sempre tão corados para mim, rio-me deles, rio-me de mim, rio-me de ti e rio-me de cada vez mais querer não querer saber. Não querer saber se me queres, se te quero, se há sequer querer aqui. Não querer saber nada. Não querer saber de nada, mas de ainda fazer perguntas parvas a semáforos demasiado corados e tímidos com a vida... ou então é só comigo. ]

Bom Dia

11 novembro 2014

Beijos que falam
Com palavras que não faltam
No silêncio que se ouve 
Por dentro dum beijo que diz tudo

Boa Noite.

10 novembro 2014


"Não sonhas. Morres um pouco de manhã e ao meio do dia quando o sol mais queima. Tens de continuar. Tens de esquecer. Não aguentas mais. Tens de acabar, matar, recomeçar a viver. Só que ela está presa por dentro e tu agarrado a ela por um nó da garganta e não sabes o que deves deitar fora, arrancar, vomitar para que ela te saia de dentro. Sais à noite com definitivos propósitos de não voltares sozinho. Compões dentro da cabeça uma mulher com um bocadinho disto e um bocadinho daquilo e esperas que bata certo. Levas um bocado do tecido rasgado e queres encontrar o todo. Mas não encontras ninguém. Pior, encontras alguém que te vem provar sem remissão que não a vais poder substituir tão facilmente porque não há mais nada no mundo inteiro depois dela senão um deserto de tempo que se estende à tua frente onde tudo se torna insignificante e pequenino. Começas a beber, a fazeres-te mal, porque estás triste e não acreditas em nada senão na dor."

Pedro Paixão, in Nos teus braços morreríamos

[há dias em que estou assim, não acredito em nada senão na dor, não bebo, ou nesses não bebo especialmente, nem para isso me dá, porque a consciência da dor não me deixa distrair. Agarra-me por todas as consciências que queria caladas e paralisadas, apagadas e inofensivas. Nesses dias fecho-me, calo-me, apago-me. às vezes tento falar sozinha, para dentro, às vezes consigo e escrevo - que é como falo comigo tantas vezes, e tantas vezes me explico a mim mesma, como se eu fosses tu e tu fosses eu, ou fosse tudo a mesma coisa, sei lá, porque às vezes parece que é. Outras não. Mas "explico-me-nos" - e esta palavra faz-me lembrar do nosso dicionário próprio e duma viagem cheia de palavras novas que tenho aqui num rascunho guardado neste blog, e lembro-me de tantas coisas parvas que não me são nada parvas, mas que podem parecer a quem não tem esse dicionário nascido debaixo daquela prega do coração que faz cócegas e nos faz sorrir aqueles sorrisos tontos que ninguém entende, nem eu entendo, nem quero, prefiro sorrir só (mas adiante) - explico, ou tento, em diálogos imaginários e explanações teóricas quase praticamente provadas no imaginário que somos nós, ou nso... porque não somos nada, nem isso, mas prova-se tudo na mesma. Aliás normalmente acabamos a provar-nos, mas é tudo imaginário, ou não, sei lá. Tu sabes?...  e eu que já nem sei o que comecei a querer dizer que já me perdi, os dedos seguem o rumo da cabeça e a cabeça vai para lá duma eternidade que não tem rumo, mas tem sonhos, ou sonho, e a cabeça atrás da alma anda sempre para aquelas bandas, perde-se por lá como se não conhecesse aquele território melhor que as mãos, melhor que as palavras que me saem sem as pensar enquanto aqui estou e olho só as letras e nem penso... pensar o quê? O que há para pensar? Não sei pensar, não nisto, pensei o dia todo, esgotei pensamentos, esgotei-me em pensamentos, agora dou-me em palavras que me saem como quem respira e nem sabe por quê....só sei que saem palavras porque os beijos estão longe e só tenho as palavras à mão, tão vazia das tuas mãos, que não me lembro já o que queria dizer, sei que li este texto e  na última frase lembrei-me de ti, mas para o esquecer quis-me lembrar de mim, porque há dias em que só a dor me encolhe em mim, e fujo de mim e dos dias e de tudo, porque nem as palavras me falam, nem elas me acodem às vezes, e procuro as palavras dos outros para me dizerem o que quero dizer, o que quero dizer-te, e então começam a sair como quem responde a um chamamento que ninguém chama - como quando dizes que me chamas, ou chamavas -, é como apanhar inesperadamente a ponta da linha duma baínha desesperada que não sabíamos ter, começar a puxar e de repente temos um novelo que já não tem ponta, não tem ponta por onde se lhe pegue, como este texto. Que veio daquele ali de cima, porque me lembrou de ti a última frase, porque te vi na última frase, como se viesse com a morada do teu olhar nalgumas noites que te vejo mas mal te olho, mas o resto, o resto do texto, infelizmente, lembra-me só o que sinto na minha dor que se cala quando a quero gritar. Cala-se, mas não morre. a sacana. Mas passo-a para aqui pelo passador das palavras e pesa-me menos. Muito menos.]

Bom Dia
(pois é estranho, mas é assim)
"Porque havia uma data de coisas para as quais eu tinha os olhos fechados. E porque procuramos a porta nas paredes em que sabemos que não há porta, quase nos sentimos culpados de ser felizes, se é que isso existe..."

"Lembro O Diário de Tolstoi, quando ele escreve: lutei para ser melhor que o Shakespeare. E sou e depois? E para ser que o Molière e sou e depois? O que é ganho com isto? O Mozart com cinco anos tocou para a Maria Antonieta e acabou o concerto com toda a gente a aplaudir. Ele correu, sentou-se ao colo dela e disse: âimez-moi."

"A minha memória é terrível. Tenho uma memória péssima, lembro-me de tudo."


António Lobo Antunes, nesta entrevista (leiam, vale a pena)

Gosto tanto deste homem... Alguém que pensa e sente assim toca-me, gosto... Mas ele é tão difícil de ler... À excepção das cartas publicadas, que são lindas de doce ternura, não consegui acabar nenhum livro dele. Ainda, porque não desisti. Gosto do homem, que fazer!

E agora é que é: boa noite.

09 novembro 2014



A minha maneira de amar-te é simples
aperto-te a mim
como se tivesse um pouco de justiça no coração
e ta pudesse dar com o corpo

Quando te revolvo os cabelos
algo de lindo nasce nas minhas mãos

E não sei quase mais nada. Aspiro apenas
a estar contigo em paz e a estar em paz
com um dever desconhecido
que às vezes me pesa também no coração.

Antonio Gamoneda

[...paz. Uma noite de paz. Uns minutos de paz que duram noites inteiras. Noites que duram um vida inteira amputada. Paz. Amar é tão simples, olhamo-nos, colamo-nos, algo lindo nasce e algo nos faz esquecer de morrer.]

Boa Noite

(Ele para mim) - Que mania tem esta gaja de acabar as frases ou de avançar o desfecho das histórias pahhh!!!
(Ela, em defesa dos desfechos em tempo certo) - Olha lá, sabes os preliminares? Também sabes onde a história vai dar, não sabes? Mas não eliminas a fase dos preliminares pois não??
(Eu) -hummm... Tem dias...
Ihihihih
Que lua imensa e brilhante se vê no meio de duas chaminés duma casa que não é minha, mas onde me sinto parte da casa, de chinelos nos pés e conversa na ponta da língua. Podia dizer que tenho a cabeça feita em água, mas não é de água que se trata. Mas de vinho. Vinho comprado à tarde, em compras de supermercado que se partilharam como se partilhou o cigarro a seguir, com a vida toda dentro. 
E há coisas que gosto. Sei disso. Uma delas é fugir para aqui onde não sou da casa mas o coração se sente em casa, a alma sente-se perto, quase tanto como se sente que se podia pegar na lua e pô-la no bolso. Como aquela que vi no meio das chaminés duma casa que não é minha, mas a lua, essa, trouxe-a eu, ou pelo menos parece-me, porque está sempre onde eu estou, de nariz no ar a ver onde anda a brincar e quem anda a iluminar nas noites escuras...

Boa noite.

08 novembro 2014

Gosto do Jeremias. Gosto muito. Alguém conhece o Jeremias? Eu acho que conheço e nunca o vi ou ele a mim... 

...exacto. E há coisas que fazem falta para não se ter frio, claro!! Egeheheh 
Eu por acaso, que agora estou encharcada até aos ossos, dava-me jeito um chapéu de chuva. Mas não uso. Porque se uso só uso uma vez. Fica no primeiro sítio em que o pouse... A cabeça nunca atenta a esses pormenores, mas atenta tanto a outros que molham mais...
E eu até gosto de chuva, não me importo de apanhar chuva desde que, obviamente, não seja um exagero; dilúvios, mesmo em ponto pequeno não gosto. E isto faz-me lembrar uma coisa que li em qualquer lado que nos punha a pensar em tanta coisa que gostamos de dizer que gostamos, mas depois fugimos... Como quem diz gostar da chuva mas não larga o guarda chuva, e só sai de casa a sêco; ou quem diz gostar tanto de sol mas depois escolhe a sombra, em vez de escolher as horas em que se pode estar ao sol à vontade, sem torrar. Ou pessoas que dizem gostar, adorar tanto, outras, mas depois nunca fazem nada para ficar com elas... É tudo estranho. E estranha ando eu, não sei que tenho que parece que não quero saber de nada, só me apetece gente que eu gosto e que sinto que gosta de mim, gente genuína, em quem se pode confiar uma gargalhada que nos explode no momento, ou as lágrimas que nos gastam lentamente mesmo que tantas vezes sêcas. Gente que nos faz sorrir e fazer sentir parte. Gente de coração. Do nosso coração, com morada recíproca. 
Não sei que tenho, mas parece que cresci, que me obriguei a ver-me e ao que me rodeia, as prioridades que se calhar troquei porque a mim sempre me trocaram e nunca fui prioridade...
E aqui a descansar dos metros andados à chuva e a passo mais acelerado, descanso e lembro-me que ontem adormeci com umas três frases na cabeça, já na cama não me apeteceu pegar no telemóvel e escrevê-las, achei-as tão giras que achei que não me iria esquecer e ia conseguir reproduzir o pequeno texto que me deambulou pela cabeça antes de eu a deixar descansar, mas não, hoje não me lembro. Só me lembro da primeira, da que depois desfiou as outras, e era que realmente ninguém morre de amor, amor é a melhor coisa do mundo, como se poderia morrer disso?? O que se morre é de saudades, e de desamor, por sentir essas saudades como algo não partilhado, algo que é tão só nosso como o que se sente por quem sentimos falta, ou como o desamor que nos têm que se tão denso, as vezes chove. E  as vezes mata como molha a chuva molha tolos, sabem?... E hoje dei por mim à querer que um dia também acorde é não me lembre do que pensei nunca ir esquecer, que me queira lembrar e só me lembre da frase principal, a que desfiou as outras... Qualquer que ela seja... A que me desfiou durante tantos anos, que ainda se me desfia, nas mãos que escrevem, nos beijos por dar, nas saudades que não sentem e sinto em dobro, quase em compensação do que não se pode equilibrar...
E eu não sei que tenho, parece que não quero saber de nada, nem sequer de quem me está a ler - que sei que está, e quem está - e não quero saber, há coisas para que cresci, ou parece-me. Sou o que sou, e sabem que mais? E lido bem com isso, e nem tenho de lidar, sou apenas, reflicto-me, penso-me, percebo-me e não me escondo e não (me) engano, sou como sou, e não quero mudar, e quem não lida bem com isso não é problema meu. Hoje pelo menos não é. Estou assim. Hoje é uma espécie de dia "quesafoda", amanhã logo se vê, se amanhã estiver toda fodidinha cá estarei para me aguentar. Que sa foda, agora vou para onde quero e me apetece!! E a chuva sabe-me bem!

Bom dia!

07 novembro 2014



....rrrrrrrrrr....rrrrrrr...
eu cá não rosno, não, mas às vezes apetece-me morder, e às vezes mordo mesmo... 
como tanta coisa que se me apetece fazer, e posso, faço. Simples, assim.
Mas não mordo com raiva e há rosnares que me lembro de adorar. Quentes, de um calor que vinha de dentro, apaixonado, ávido, mas em paz.
 Coisa estranha essa, não?
 Haver avidez, coisa sem calma, mas em paz. 
Como se estivesse certo. Tudo certo. A avidez e a paz de se saber que a falta de calma é natural, normal e quer-se, como tudo que se quer mesmo, quer-se com vontade. Como morder. Como rosnar sem ser ameaça, nem ameaça de vontade, mas vontade que nada ameaça...
vontade de morder com as mãos, com o olhar, com o beijo, com os braços e pernas que se enrolam e confundem sem saber onde uns começam e os outros acabam, 
onde o rosnar já não se distingue do morder.
 E isso não dar paz mas podermos ser em paz.
Como somos, sem ameaças.

[vi esta frase e isto tem tantas interpretações acertadas,eu sei, e em tantas vertentes, desde o amar ao ameaçar de raiva,  mas eu só me lembrei de rosnares bons e de mordiscadelas malandras de brincadeira ou de muita vontade.... a cabeça duma pessoa tem vontade própria e não nos pergunta nada...]

Bom Dia.

06 novembro 2014

esse teu jeito,
que dizes ser sem jeito,
é tão ao meu jeito
que não há jeitos
de haver outro jeito
senão dar um jeito
de nos ajeitarmos
do nosso jeito
aos trejeitos do mundo.

(ao fim duma viagem há semáforos que se ajeitam para escrevermos estas coisas...)

Ora, e bom dia era isto, assim.
Mas pronto... um dia chego lá, entretanto vamos aproveitar o primeiro frio a arrepiar-nos a pele e a gelar-nos o nariz... 
E agora estes dias voltam a ter tempo para as recordações nos chegarem, para as carimbarmos com um sorriso que serve de selo para as remetermos para uma distância que nunca conseguimos criar, mas que queríamos... longe, para mandarmos as recordações para longe, sem remetente, sem devolução, sem futuro.
Entretanto vamos pôr o nariz lá fora, neste cinzento dos dias, de que gosto da melancolia que trazem agarrada, que se respira enquanto os olhos se fecham a sorrir com o calor que se sente por dentro quando estes pensamentos nos fazem cócegas ao dedilhar a alma, e que saem depois, para aqui, com os outros dedos, disparados, e nos fazem assim mais leves...

Bom Dia!


.... Ahhhh a maçã, trincar a maçã...

Boa Noite

04 novembro 2014

... É sempre uma coisa boa para quem puder. Namorar por mensagem pode ser tão bom...
Uma mensagem ao fim do dia, bom ou mau, melhora sempre tudo. É bom quando de repente nos surge a frase certa que sabemos que vai provocar o riso à distância com vontade gargalhada, ou pensar durante o dia a mensagem que se manda ao entardecer para melhorar o dia do outro, para o fazer sentir ao longe o abraço bem perto, ou uma brincadeira meia parva mas que os dois entendem e gostam, que aumenta a fome da presença que não tem distância que faça ausentar. Ainda não sei, não consigo decidir-me e acho que nao preciso nem quero, se é melhor receber ou surpreender o outro, e perceber na resposta que tudo se encaixa, que a cumplicidade está entranhada... o destino da mensagem foi cumprido e o outro está perto. É perto. Mesmo que longe. Mesmo que não esteja.
Não há mensagem certa, há a pessoa certa que sabe à distância fazer nascer um sorriso cheio de ternura, ou uma gargalhada espontânea, ou provocar aquela vontade malandra de não querer esperar para estar perto, agarrar, colar. Pele com pele, sorriso que puxa sorriso, olhar que dá vontade de engolir o outro num beijo. O melhor beijo do mundo.
Isto existe. Tudo isto. Aproveitem. Se puderem.

Boa noite
Ahahahah... Muito boa esta versão nada budista da coisa!!! E é verdade que não prendo, e se estiverem muito entretidos com alguém menos próprio (e claro que quem define isso sou eu, pois claro...) eu também nao me vou lá meter no meio!! Mais me faltava do que ter que lembrar a alguém que eu existo!!! Agora da vontade de correr o engraçadinho à chapada ninguém me livra... E em dando a coisa para a brincadeira é chegar a casa e assentar a "belinha" no cachaço do animal e depois encostar à parede comme il faut... Ou pronto de qualquer maneira mas com vontade que isto de francesices não combina com um bom emparedarento....
Eheheh
(Deu-me para isto, que querem? É para cortar o dia de trabalhos pesados de hoje... É esquecer o resto da vida enquanto se ri!!)

Bom dia

03 novembro 2014

... nunca prendi ninguém, nunca quis prender ninguém. Isto por mais nenhuma razão do que não querer ninguém comigo que não queira realmente estar comigo. Por isso sempre que se quiseram ir embora, eu nada fiz. Ouvi, perguntei o que tinha de perguntar, disse o que queria dizer, vi-o ir-se para as suas obrigações e desculpas várias, e fiquei no meu canto. De todas as vezes. Não prendi, nem fui atrás. Nunca. Por entender que não vale a pena forçar ou insistir, ou se quer ou não se quer - ou se ama, ou não se ama e ponto final (como ele dizia...). Não por achar que é um amor mais puro ou menos, mas por achar que um amor não se pode forçar, que não me serve prender, manipular ou usar de todos os meios para que alguém fique comigo, porque só se fica realmente com alguém quando se quer, quando se gosta, nunca forçando e nunca por obrigação. Mesmo que esteja ao nosso lado, ou quer estar realmente, ou estará longe. Por isso, de todas as vezes que eu estava no meu canto e vieram (de alguma forma) bater-me à porta, eu soube de cada vez que foi por vontade, que foi por querer, que foi por querer estar comigo, por lhe fazer falta. Nunca foi por obrigação de qualquer espécie, ou um qualquer compromisso que alguém assumiu. Nunca foi por eu insistir ou ir atrás, ou vencer alguém pelo cansaço. Não, foi por querer, por vontade, e isso deu-me, e dá-me, a certeza que quando estão comigo e me procuram é porque é a mim que querem, não ao compromisso, não é a obrigação de fazer o que dizem ser certo, não é sequer o que era suposto fazerem, mas sim o que querem fazer. E isto é verdade, e eu sei-o. O que eu também sei, é que não se pode confundir isto com amar, amar é acrescentar a tudo isto o ficar - além do querer ficar, o ficar. O estar, o partilhar o nosso mundo no mundo de todos. Por isso tantas vezes não entendo nada, não sei nada, e estou cansada de tentar, na verdade.
Sempre fui assim, e não quero doutra maneira. Se me mandam embora não precisam insistir a noite toda para os deixar sozinhos, basta dizerem-me uma vez, eu digo o que tenho a dizer e vou. E não vou atrás. Nunca fui. 
Vejo este video e percebo que as razões porque faço o que faço talvez não sejam as budistas (de certeza que não, aliás), mas que o princípio de não prender é o mesmo, é na liberdade que se ama. Nisso eu acredito. Acho que o amor acaba por ser uma espécie de prisão que se escolhe pela ligação que cria, pelo querer sempre ver o outro bem e estar com ele, usufrui-lo, mas é uma prisão que nos liberta, que nos dá aí sim liberdade de sermos quem somos, plenamente. A única verdadeira liberdade. Talvez por saber que alguém nos entende e aceita assim, genuinamente como somos. O que me lembra outra coisa do video: eu não quero que me faça feliz, mas quero que me deixe fazê-lo feliz. Desde que me lembro que é assim. Mas não, não chego ao ponto de conseguir querer, ou desejar, que seja feliz longe de mim, isso não, isso não consigo. Nunca lhe quis, nem quererei, mal, mesmo nos momentos de maior raiva, mas não vou torcer, ou desejar, que seja feliz longe de mim. Longe de mim quero apenas que me seja indiferente. mais nada. Quero que não esteja mal, que não passe mal, mas não sou capaz de desejar a sua felicidade longe de mim, porque há uma coisa em que falho redondamente, ainda me sinto incompleta, ainda sinto que me falto se ele me falta. Ainda que sobreviva na mesma, falta-me vida. Não preciso dele para sobreviver, não sou submissa e nem lhe digo que sem ele não consigo viver, acho isso uma coisa de chantagem de gente pobre e manipulação barata que não me cabe, por muito que se oiçam tantos casos por aí de homens e mulheres a repetir estas coisas à moda dos filmes dramaticos não entendo, eu não sou assim. Não me identifico com essas coisas. Eu não preciso dele, eu sustento-me e respiro um dia a seguir ao outro, não preciso dele para sobreviver, eu quero-o para que a vida faça sentido, o que é tão diferente de precisar.  Precisar é uma utilidade, e a utilidade é subserviente. O amor é autónomo. E menos que isso não me serve.
Não dou para esta coisa budista, está visto!!

Bom Dia.

02 novembro 2014

You should.
With your mouth, arms and soul.
With your everything.
You. Me.

Boa Noite



Maratona de sono... Fim de semana de dormir. Recuperar o sono como se fosse coisa que se recuperasse. 
O dia parece ainda dormir e eu não sei se já acordei.

01 novembro 2014

Os entardeceres voltam a ter cores, ou quase. 
Foi isto que dei por mim a pensar há umas horas atrás na minha varanda, quando o sol tocava os telhados das casas num laranja quente, que se espalhava pelo céu, cor que gosto de trazer para dentro de casa, de a ver projectada nas paredes, aquece-me a alma e a esperança nos dias por vir. E ainda assim sei o frio que aí vem, sinto-o já nos ossos como um relógio que não se atrasa, sei dos entardeceres que quebram gelada a espinha, o céu claro, mas gélido - o azul que é só vazio. Os entardeceres que não chegam a ser fim de dia, fim de nada, dias que não chegam a ver a luz dum dia de vida. Vida que se viva, que se sinta, que nos faça sentir bem o dia, e que faz o azul sorrir num laranja apaixonado, quente, rente ao horizonte que tocamos a brincar com a ponta do dedo. 

... Também me pergunto. 
Todos os dias.
E tu?

Bom dia