Eva me chamaste
Fizeste das minhas costas o teu piano
Dos teus desenhos as minhas curvas
Da minha boca a tua maçã
Dos meus olhos o teu mar
Do meu mundo os teus braços
(...)
Fizeste das minhas costas o teu piano
Dos teus desenhos as minhas curvas
Da minha boca a tua maçã
Dos meus olhos o teu mar
Do meu mundo os teus braços
(...)
23 outubro 2014
entre a saliva e os sonhos há sempre
uma ferida de que não conseguimos
regressar
e uma noite a vida
começa a doer muito
e os espelhos donde as almas partiram
agarram-nos pelos ombros e murmuram
como são terríveis os olhos do amor
quando acordam vazios
Alice Vieira
[os meus hoje dormiram até tarde depois de me levantar, mas quando acordaram, acordaram verdes de esperança, de coisas que se querem boas, de vontade de viver, de viver a vida como pode ser vivida, de me dar e de ter quem me acolha.
só me faltam as mãos nos ombros, e a cabeça a inclinar-se para essas mãos, os lábios quentes a beijar essa pele que se torna minha porque a minha deixa de o ser. há sempre uma maneira de regressar duma ferida, é alguém nos curar dela, não nos arrancam a ferida mas arrancam-nos dela. ]
Cãibras que me fumam os músculos
E me prendem as insónias.
Noites que o sossego não conhece.
Larvas que me roem a espinha,
e que me corroem por dentro da pele que não dispo,
que espremo desesperada e me saem pelos poros em desespero.
Que não acabam de nascer,
continuamente.
Mato-as e nascem.
Nascem e mato-as
Comigo
Sonho-as em sonos que não acordam.
Espremo-as, esgoto-as, e não acabam.
Gente que me suga as entranhas como se a alma não me fizesse falta,
Só porque as larvas não têm alma
E não morrem se eu não acordar.
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