Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

17 fevereiro 2015

Pode ser que dê jeito para quem tiver dúvidas... Ou não queira ver, se está, ou não, apaixonado, essa coisa maluca que acontece para nos fazer felizes (ou não, ou não...)

"Saber se está realmente apaixonado não é tarefa fácil. É uma questão que pode influenciar muitas pessoas e relacionamentos, para a qual obter uma resposta é complicado.

Muitos não sabem ‘ler os sinais’ interiores e, para ajudar, a psicóloga e professora universitária Theresa E. DiDonato fez uma lista de mudanças que ocorrem quando se está apaixonado:

1. Está “viciado” nessa pessoa

Nem toda a gente sabe, mas o amor influencia o cérebro. A euforia que as pessoas costumam sentir, no início de uma relação, é visível através do aumento da actividade neurológica em áreas ricas em dopamina e ligadas ao sistema de recompensas. Segundo o estudo de Aron, Fisher, Mashek, Strong, & Brown (2005), outra das áreas que é afectada é o giro cingular, por norma ligada ao pensamento obsessivo.
À medida que o tempo passa e o relacionamento se vai tornando mais sério, pensar no seu parceiro activa os centros de recompensa e áreas cerebrais relativas às ligações, e não tanto ao pensamento obsessivo.

2. Quer muito que os seus amigos e familiares o conheçam

Estudos recentes demonstram que muitas pessoas precisam do apoio/aprovação das pessoas com quem estão. Outras investigações já demonstraram que o círculo social de uma pessoa tem um papel muito importante no sucesso de um relacionamento.
Precisar da opinião ou aprovação dos seus amigos ou familiares não é algo negativo, quer antes dizer que está cada vez mais ligado ao seu companheiro.

3. Fica contente com as vitórias dessa pessoa (mesmo que você tenha falhado)

Segundo o estudo Lockwood & Pinkus (2014), quando se está apaixonado, a ligação amorosa que existe entre os dois faz com que fique feliz com o êxito da pessoa que está ao seu lado, mesmo que você não tenha conseguido alcançar o mesmo grau de sucesso.
O orgulho no seu companheiro ultrapassa sentimentos negativos ou de inferioridade.

4. Sente muito a sua falta quando estão longe um do outro.

As saudades que sente de alguém reflectem o tipo de relação e de dependência que tem relativamente a essa pessoa. Se tem dúvidas se estará efectivamente apaixonado por alguém, questione-se se sente a sua falta quando não estão juntos.
Estudos referem que a intensidade da saudade está directamente relacionada com o grau de compromisso numa dada relação.

5. Mudou desde que conheceu essa pessoa

Muitas vezes quando estamos apaixonados, temos a sensação que mudámos. Isto é, já não somos a mesma pessoa que éramos. Consciente ou inconscientemente, as coisas pelas quais tínhamos interesse, os nossos hábitos, a forma como ocupamos o nosso tempo mudaram desde que essa pessoa entrou na nossa vida."

Apanhado aqui.

(realmente, não há dúvidas, desapaixonada não estou. Ainda. Ao contrário de tanta gente... E realmente olha pode ser que dê jeito para comprovar o que já se sabe. Confere.)

(o artigo original em inglês tem mais uns pozinhos engraçados... Aqui)


(...) Nem sempre me incendeiam o acordar das ervas e a estrela
despenhada de sua órbita viva.
- Porém, tu sempre me incendeias. (...)

Herberto Helder

[acordas-me do mundo, incendeias-me de vida, quando tudo que me habita são cinzas. Agora não acordo do mundo e uma brisa espalha-me pelo ar, desfaço-me a cada respiração. Já não espero acordar, já não espero que me incendeies. E eu sou feita de fogo, ou de memórias dele. Ou de memórias de nós, onde faltas tu.]


Apago as luzes pego num cigarro, o último do dia, espero.
Sento-me à janela donde vem luz e movimento, na varanda está demasiado frio para o cansaço que trago nos ombros, para o frio que tenho dentro. Penso nas pessoas que têm um amor tão grande que não lhes cabe nas mãos, que nem sabem dizê-lo, mas sabem estar sempre que é preciso, sabem apoiar, dar e sofrer quando as horas apertam (porque amar é muito - tanto - feito desse estar, dando; desse cuidar, estando; dizê-lo é fácil - é só preciso pronunciar palavras, juntando letras, sons). Pessoas que são muito doces por dentro e endurecidas por fora. A vida, as desilusões, as dores que cicatrizaram em carapaça impenetrável. Mas que guardam amores ternos, verdadeiros, duma generosidade imensa que escaparia aos olhos mais incautos. E é também nestas alturas que me sinto orgulhosa, e agradecida, e tão aquém de quem me está tão próximo, quem me é. E um peso doloroso de culpa imensa por não conseguir ser assim, por não ter em mim tamanha generosidade, para lhe poder aliviar o peso das obrigações que também são minhas, e de que ele não quer partilhar o peso. Poupa todos menos a ele. Hoje em dia é o único homem que me protege. E tenho orgulho nisso, ainda que nunca lho tenha dito. Mas acho que ele sabe.
Agora vou fechar a tela branca e fumar o último cigarro numa paz cansada, e esperar que amanhã seja um dia melhor, mais calmo, menos dorido, mais normal, menos avassaladoramente assustador. Mas se for, acordaremos amanhã para ele. Seja. Até que deixe de ser.

Boa noite.