Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

06 dezembro 2014

E de repente o chão falta, os olhos não vêem porque só vêem para a frente e tudo nos foge. O que virá por aí? Que tempestade me espera? Que mais me espera? Quantos mais me fugirão? Como me resto? Em que apoio me posso cair? Que força para ser eu o apoio? Onde está o chão?
Hoje o sol pôs-se às quatro e cinquenta e seis minutos na minha varanda, até lá estava-se bem aqui, de pijama e roupão, meias até ao joelho, uma manta e as mãos frias. A preguiça consegue estas coisas, apanhar o exacto minuto em que sombra se instala onde estamos, em que sol se esconde por trás do horizonte das casas. O exacto instante a partir do qual o frio se instala e a única luz que resta é a que tivermos e nos refugiamos onde encontramos calor.
... Ronha quentinha, que lá fora o sol está frio e aqui o calor aconchega-se a mim. 
Depois de trincar alguma coisa que cale a barriga vou calar a cabeça voltando a fechar os olhos.
(bem sei que a foto não é muito convidativa com o frio que se faz sentir, 
mas há pessoas que nos despem o frio com a roupa, sei disso com a certeza de quem o viveu.
Enquanto não encontro outro desses espécimes ando de meias até as orelhas...
 Mas continuo a gostar das fotos. E de despir o frio com vontade.)

Bom Dia


"A felicidade é uma questão de pontaria."
Mia Couto

Mas se não atirarmos nunca saberemos da nossa pontaria.
A minha é péssima. E péssima comprovada. 
Também é certo que quando (me) atiro é sempre de olhos fechados. 
Exupery não dizia que o essencial é invisível aos olhos? Pois parece que à pontaria também. 
... Ou não. Se calhar o alvo certo ainda não apareceu e a pontaria acertou em errar o alvo.

Boa Noite