Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

30 novembro 2012

Carris que vão a todo lado sem comboio.
O comboio parado, sem carris para deslizar até ao fim do mundo.
...e já agora eu também!! 
Que sono é coisa que não falta aqui, e dizem que miminhos fazem bem às constipações, gripes e desconsolos no geral. 
Eu preciso muito... 
Bahhh

...há cabras que não sabem ler!!!!
ehehheh
Bom Dia!!

29 novembro 2012

Aiiiiiiii Jezuzzzz.......
 com esses braços, e ombros, e isso tudo, prontossss, a gente até perdoa o cabelo... 
mal olhamos para ele aliás... 
mas rapaz, mocinho, atentai, tu não és o Sansão, podeis cortar a trunfa que só ficais a ganhar, sim???
(este não tem colarinhos, nem é engravatado, nem tem ar de não sei o quê, espero que agrade mais aos mais exigentes...)
ehehehhehhe

28 novembro 2012



A minha maneira de amar-te é simples:
aperto-te a mim
como se tivesse um pouco de justiça no coração
e ta pudesse dar com o corpo

Quando te revolvo os cabelos
algo de lindo nasce das minhas mãos

E não sei quase mais nada. Aspiro apenas
a estar contigo em paz e a estar em paz
com um dever desconhecido
que às vezes me pesa também no coração

Antonio Gamoneda

[uma das razões que me levam a gostar de algumas redes sociais e muito da internert é poder ler coisas de autores que nunca tinha ouvido falar, e gostar e depois poder ir à procura. é uma das vantagens deste blog, fica registado muito do que eu gosto e não conhecia...como este que acabei de postar]
















OS TEUS OMBROS

Junto ao mar os teus ombros

Brilham mais que o claro olhar.
Onde é lícito e urgente, poisar,
Os lábios, ao de leve, sobre a fina luz.

O mar deve ser, isso mesmo:
Uns longos ombros de mulher
Reflectidos no vidro das aves
Que pousam docemente sobre as águas.


Joaquim Pessoa
...se ao menos eu soubesse como fazer isso, eu fazia...
Já era tempo da tortura mudar de mãos.
Têm a certeza que me querem começar a lembrar do Natal???
A falar do Natal já?
Luzes de Natal espalhadas e árvores de Natal ainda nem chegámos a  Dezembro!!!
A sério??
Têm a certeza???
Grrrrrrrrrr


(...)
por si só, o tempo não é nada.
a idade de nada é nada.
a eternidade não existe.
no entanto, a eternidade existe.

os instantes dos teus olhos parados sobre mim eram eternos.
os instantes do teu sorriso eram eternos.
os instantes do teu corpo de luz eram eternos.

foste eterna até ao fim.

José Luís Peixoto
...porque é que eu não tenho reuniões com espécimes destes???
hummmm??
Onde andam eles?? É que dava logo outra cor ao dia e outro interesse à reunião...
aiiiiiiiiiii... 
...é que sempre aquecia o ambiente que oito graus lá fora é frio p'ra caraças!!!
Bom Dia!!

27 novembro 2012

Boa Noite


Há dias em que só nos achamos ao fim do dia
naquele resto do dia em que restamos nós
E nesse resto de nós encontramo-nos de alma cheia
Plena de nós
De alma cheia do outro
Que não temos, mas que trazemos
Como nosso
Guardado onde os dias não chegam
Onde as noites não bastam
Onde sorri o olhar que não se vê
Mas que sentimos transbordar
Para depois se apagar
a luz ao sorriso,
encolher-se a alma
com frio,
esvaziarmo-nos
no vazio de nós
que encontramos no outro
em que não há sequer restos de nós
para apagar


"-Quantos beijos queres?
 - Todos, eu quero os beijos todos."
(passa para cá, que isto é um assalto à alma desarmada, TODOS!!)
Gosto e preciso de ti,
Mas quero logo explicar, 
Não gosto porque preciso.
Preciso sim, por gostar.

[Mário Lago]

Bom Dia!

26 novembro 2012

...e agora com licença que vou lavar a loiça...
a duas mãos... só!!
ehehehe


Se vens à minha procura,
eu aqui estou. Toma-me, noite,
sem sombra de amargura,
consciente do que dou.

Nimba-te de mim e de luar.
Disperso em ti serei mais teu.
E deixa-me derramado no olhar
de quem já me esqueceu.


Eugénio de Andrade
...tenho a máquina de lavar avariada. 
Soubesse eu da qualidade dos técnicos que mandam a casa, e era capaz de arriscar pedir uma visita ao domicílio, mas com a crise que está devia ficar muito caro sem garantia de sucesso ( nem de que me apareça realmente um técnico que valha a pena...), paciência. 
Lava-se a loiça à moda antiga mesmo.
Bahhhhh
(e tenho lá uma pilha dela para lavar quando chegar a casa. 
A preguiça raptou-me durante o fim de semana...)



“A idade não te protege do amor. Mas o amor, de certa forma, te protege da idade.”

( Jeanne Moreau )


Não sei quantas almas tenho

Não sei quantas almas tenho. 
Cada momento mudei. 
Continuamente me estranho. 

Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.

Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que sogue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo : "Fui eu ?"
Deus sabe, porque o escreveu.

FERNANDO PESSOA


[Este anda a fazer-me muito sentido, não sentia assim desde a altura da adolescência, da primeira paixão que nos desnorteia, que nos questiona, que nos faz baralhar o norte, que nos descobre a cada dia. Cada dia diferente nos faz diferente, e sentimo-nos, sempre e cada vez mais, nós mesmos, ainda que conquistando partes de nós que nos eram até aqui desconhecidas.E são, sempre nós, já erámos e seremos, ainda que amanhã sejamos diferentes. Há que mudar para nos mantermos nós mesmos na essência. São sempre os outros que nos descobrem, que nos obrigam a vermo-nos, que nos mudam, por nos fazerem questionar o que somos, o que temos por dentro, a massa de que somos feitos. "Continuamente me estranho/ Nunca me vi nem me acabei/ De tanto ser, só tenho alma" - é isto. Sou isto.]
[Foto de Inge Morath]
Think outside the box

[principalmente quando não cabes lá dentro...e não devia ser uma questão de tamanho, mas de tamanho do que se quer, do que se sonha. Os sonhos não ocupam lugar nem espaço, cabem em todo lado, menos nos caixotes em que nos ensinaram a viver, pensar e ver a vida, e donde não queremos sair. Dizem que é cómodo, eu não acho, eu ponho a cabeça de fora, mas não sou tão engraçada (nem enfeitada, penso eu!!!)]
Bom Dia!!

25 novembro 2012

Boa Noite
(dormir cedo para ver se amanhã acordo doutra cor...bahhhh)


(...)
Mais do que um sonho: comoção! 
Sinto-me tonto, enternecido, 

quando, de noite, as minhas mãos
são o teu único vestido.

(...)

David Mourão Ferreira

[e tanto frio de sempre andar despida do vestido que trazes nas mãos, tanto...]
[Foto de Joan Murray]

Dizem que a paixão o conheceu

dizem que a paixão o conheceu 
mas hoje vive escondido nuns óculos escuros 
senta-se no estremecer da noite enumera 
o que lhe sobejou do adolescente rosto 
turvo pela ligeira náusea da velhice 

conhece a solidão de quem permanece acordado 
quase sempre estendido ao lado do sono 
pressente o suave esvoaçar da idade 
ergue-se para o espelho 
que lhe devolve um sorriso tamanho do medo 

dizem que vive na transparência do sonho 
à beira-mar envelheceu vagarosamente 
sem que nenhuma ternura nenhuma alegria 
nunhum ofício cantante 
o tenha convencido a permanecer entre os vivos


Al Berto


estou triste e nem sei porquê.
a tristeza entra-me pelos poros por onde deverias entrar tu, o teu cheiro, a tua presença no meu corpo.
não me vejo livre dela e se quisesse saber o porquê não o saberia, mas não quero, basta-me saber que a sinto e que não vai embora quando lhe peço, se pedisse.
Não peço. 
E ponho-me a pensar, agora mesmo, no porquê,
 e percebo que esta tristeza, ainda assim, acabas por ser tu, que na tua ausência, estás presente.
E nem aqui te mando embora.
Deve ser isso.
Boa Noite

24 novembro 2012

O tempo está bom é para isto. 
Ronha, mimo, muitas festinhas com carinho, com ternura... o dolce fare niente...
acompanhado de um bom som de fundo e umas sonecas enroscadas pelo meio.
A vida poderia ser tão boa tão facilmente, mas toda a gente complica tudo.
Eu também... e tenho de descomplicar, é por isso que acho que vou fazer um chá, pegar num livro, enroscar-me na manta e tentar perceber, interiorizar, que sentimos as coisas como as vemos. É tudo uma questão de perspectiva, e a perspectiva da minha janela, mesmo num dia feio, é bonita. Eu gosto. Mais logo sair de casa para ver gente, para sorrir a quem não se conhece, para respirar o ar do mundo e um chocolate quente com que já se anda a sonhar desde que acordámos.
Bom Dia.

22 novembro 2012



(...)
E vem aqui pra cá
Porque eu quero te beijar na sua boca
Que coisa louca
Vem aqui pra cá
Porque eu quero te beijar na sua boca
Ai que boca gostosa
(...)

Acordei com isto na cabeça, ou apareceu-me pouco depois, não sei de onde, não sei porquê. Não percebo. Nem percebo como certas coisas são possíveis, ou compreensíveis. Como é que coisas destas nos dão vontade de partilhar com certas pessoas, ou porquê. Ou donde veio, ou vem, essa vontade, ou se sempre existiu, mesmo que gastemos as nossas energias a contrariá-lo, só porque sim, porque estamos magoados e não queremos por fora, mas por dentro queremos, e de vez em quando traímo-nos e fazemos coisas que não entendemos. É nesse trairmo-nos que às vezes nos conseguimos, afinal, ser mais fieis a nós mesmos, mais próximos da verdade que queremos negar.

Há coisas que nunca entenderei, e não sei quando deixarão de me assaltar os dias para me deixar na penúria do que fica depois de mim depois de ti. Não sei mesmo.

Que coisa louca.

Ahhhhhhh.... Bom dia! (pelo menos que seja para vocês...)

16 novembro 2012

diz que não sabe do medo da morte do amor
diz que tem medo da morte do amor
diz que o amor é morte é medo
diz que a morte é medo é amor
diz que não sabe

Alejandra Pizarnik

[E eu também. Não sei, não sei nada. Só sei que gosto da poesia desta autora que até há pouco tempo me era desconhecida.]

12 novembro 2012


Aprendi cedo a não me render ao choro, mas cedo aprendi que não me rendendo ao choro, sempre me rendi às lágrimas que me sulcam a pele e caem algures no mundo onde não caibo. Cedo aprendi que há uma grande diferença entre chorar e as lágrimas nos caírem sem querermos, sem soluçarmos, sem os ombros balançarem ou a boca expressar o choro que nos sai de dentro, que queremos que saia, que choramos. Que queremos tirar de dentro de nós, que queremos libertar e que nos liberte. Lembro-me da primeira vez que pensei precisamente isto, estava no liceu sentada no parapeito duma janela, à frente tinha uma escada que não dava para lado nenhum, apenas uma pequena sala vazia. Do lado de lá do vidro estava um pátio, vazio também. Não havia gente, não havia ninguém, nunca houve. Eu agarrada aos joelhos, como ainda hoje faço. Lembro-me de nessa altura pensar que era assim, que chorar e render-me às lágrimas que me escapavam não era o mesmo, que o sofrimento pode ser activo ou passivo, reactivo ou só resignado, as lágrimas essas é que são iguais. Suponho. Só que há coisas por que não vale a pena chorar, porque não está nas nossas mãos mudar, então não se chora, mas as lágrimas choram por nós. Foi nessa altura que comecei a escrever, foi nessa altura que achei que o meu mundo, aquele que me amparava quando não havia ninguém, nunca houve, não cabia neste outro mundo em que caí sem me perguntarem se queria. Sempre quis fugir-me, achar casa nesse mundo emprestado que queria meu, mas se o queria, não o queria também. As raízes são de onde se fincam, na terra que lhes calhou, não na que queriam abraçar. Nem sempre será ao sol e abrigada, é onde é, e convém sabermos onde é para não nos perdermos e ficarmos sem chão, sem terra nenhuma onde ficar os pés, os pensamentos e os sentires. Onde sermos nós. Verdadeiramente nós. Acho que por isso nunca consegui sair desse mundo solitário, cheio de conversas que nunca existiram, de pensamentos, de sentires, de sucessivos porquês e repetidas respostas diversas. Nessa minha casa o lema é perceber. Perceber-me nesse mundo que não é meu, perceber esse mundo que não é meu, as pessoas que lá encontro, os factos, as causas as consequências, os porquês. E os porquês do que é meu e da maneira de olhar o que não é. Nessa casa dos porquês onde ainda hoje, e sempre, vagueio, percebi que nem tudo tem porquês, mas tudo tem consequências. Que a causa e a consequência nem sempre comem à mesa da razão. Aprendi que há coisas sem razão, e que a única razão de existirem, é não terem razão nenhuma. E perceber que essa é, às vezes, a melhor razão de todas. E é essa a razão porque volto sempre a esta casa, que é a minha, onde não há ninguém, nunca houve, quando volto está sempre vazia, onde não se chora, mas as lágrimas caem sem me render ao choro. E se um dia a penso não vazia, se um dia a penso como um lar, onde viver sem ser à noite e só, em que se fala a mesma língua, onde as conversas têm resposta, mesmo que não tenham razão ou porquês, e os pés se parecem fincar em terras gémeas, então, então percebo que me esqueço às vezes de que sou ainda aquela miúda sentada no parapeito da janela a olhar para o pátio vazio e para as escadas que dão para uma pequena sala vazia, onde não há ninguém, nem nunca houve. O mundo é lá fora. As lágrimas são cá dentro. A terra é onde é. As raízes são minhas. Não há porquês e esses são os porquês. É assim. Só.
[houve alturas em que te lembravas a meio dos jantares, ou do que fosse, e me mandavas um mail, uma mensagem, uma palavra sem som mas de presença, da minha presença em ti. agora lembro-me disso, em flashes de memória que arranham, e depois visita-me o que me dizias há não tanto tempo assim, que há uma altura certa para tudo, que tudo tem um prazo para acontecer, e eu não sei onde me perdi nesse prazo, nessa validade que não vi passar, nesse prazo que não senti passar-me, que não sinto, não sinto ainda nada errado, fora de prazo válido. deve haver algo de errado em mim, porque já não estou presente em ti na ausência... já não não há gestos, devem ter passado a validade sem eu saber, porque os meus devem ter falta disso, de prazo, continuam como se o tempo não os gastasse, como se o vento não os arrastasse para o passado de nós. para o meu passado de nós, que não passou, que não me passou.]