Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

26 maio 2013



Algum dia eu haveria de entrar na normalidade dos que te amam. Amo-te. E dói escrevê-lo (que é pior, meu amor, do que dizê-lo). Amo-te absoluta, impossível e fatalmente. E ouço, adolescente, uma música adolescente, para me lembrar de ti, porque lembrar-me de ti é lembrar-me que não consigo esquecer-te. E ouço música porque ouvimos música quando amamos, e tudo, no amor é música, acústica da alma que quer ser devorada, e, neste caso, dor (tão deliciosamente insuportável) de amar sem sequência nem expectativa de contrapartida, amar unicamente o puro objecto que desgraçadamente amamos. Isto é uma carta de amor, e é possivelmente ridícula (prova maior de que é, realmente, uma carta de amor), ou porque perdi o hábito de as escrever, ou porque nunca tive a coragem de as enviar.


(...)

E não, esta carta não pode ter sido escrita por mim. És tu – em mim – que me faz escrever o que eu não escrevo. E isso é – de novo – o melhor de mim.

António Mega Ferreira


[sim, amamos sempre o melhor de nós, e o melhor de nós nunca nos habita, mas sempre num outro que nos traz sem saber, a nossa melhor metade, que amamos porque faz de nós o melhor que podemos ser - felizes. a única coisas que interessa. ]


...tinha coisas para fazer hoje à tarde, depois de espairecer com um café, mas deu-me tal preguiça que estive a ouvir música na varanda enquanto o sol deixou, depois pus-me a ver um filme enquanto lanchava, e finalmente organizei os papeis, mas mais nada... Bahh apetecia-me só preguiçar no sofá enroscadinha no mimo... Porque é que as coisas tão simples são tão difíceis? Não percebo...Tts e não devia, não devia. Que tonta... 
O sol até está bom, a música nos fones também, mas o maldito vento estraga um bocado a coisa. Ponho-me aqui a pensar naquela conversa de ontem; as mulheres são umas parvas sempre a tentar perceber e justificar tudo, a pensar que algum dia vão conseguir perceber a lógica de alguns comportamentos. Os homens agem numa qualquer lógica muito própria, tão própria, que as mulheres não a conseguem perceber, ou sequer chamar-lhe lógica. Aquele meu amigo ontem em dez minutos resumiu toda a minha vida dos últimos anos com uma tal limpeza e clareza que só os homens conseguem; eu calada, não dizia nada e ouvia tudo, não lhe confirmei as suspeitas certíssimas e deixei-o discorrer sobre aquela pessoa. E que não, que não tivesse qualquer espécie de esperança que alguma coisa mudasse, nao tinha porque mudar alguma coisa, está tudo bem. É assim, em dez minutos, limpou-me de todas as pequenas luzes que ainda piscavam remotamente no horizonte. É um amigo doido, mas não é parvo, e é homem percebe a espécie a que não pertenço nem entendo.


...só...
 Parece fácil dito assim...
(e para mim o mais difícil deve ser ter os olhos bem abertos...)
Bom dia
Vamos tomar algo juntos...
um banho, por exemplo...
E depois vamos lavadinhos para a cama...
Tenho de fazer um programa destes...
Boa noite